O ETERNO FEMININO OU A ANULAÇÃO DA MULHER REAL
(Susana Sidhe Aguilar, Ancient Roots of Goddess Culture)
Referência ao conceito de Eterno Feminino introduzido por Goethe:
“Empurra para o alto poetas e filósofos, ideal de pureza contemplativa, de mulher passiva e vazia de poder, compêndio de nobre feminilidade e canonização do “anjo do lar”, dedicada integralmente a ser a intercessora do homem entre ele e o seu bem-estar, encarnada numa santa ou numa obra de arte, condenada à abnegação, carente de história ou morta em vida. e como se não bastasse, enfrentando eternamente a dicotomia anjo ou monstro, pomba ou serpente, Branca de Neve ou madrasta, em definitivo, “a principal criatura gerada pelo homem, “a mulher criada por, a partir de e para o homem, as filhas dos cérebros, costelas e engenhos masculinos*.”
A divisão secular da mulher na imagem de Maria, a Virgem Mãe que representa a casta esposa e a Maria Madalena, como a amante e pecadora, são os dois modelos iniciais que o cristianismo pregou, separando assim a natureza instintiva e sexual da mulher da sua função maternal. Foi deste modo que o patriarcado criou uma cisão na mulher, criando essa divisão dentro de cada mulher: para atingir esses fins, e colocar a mulher ao serviço da espécie, apresentou de um lado a mulher pecaminosa como se ela fosse apenas um objecto de prazer, enquanto que do outro, elogiava a santa e casta esposa. É assim que encontramos as duas mulheres opostas cada uma de um lado da vida, sempre ao serviço do homem, uma como reprodutora a outra como mero objecto do prazer aleatório. Temos assim duas espécies de mulheres na nossa sociedade: uma como sendo a puta no bordel ou na rua de um lado e do outro, em casa, a esposa santificada, a mulher frigida e sem desejo, fiel ao senhor e dono.
A polarização extrema destas duas mulheres na psique de cada mulher gerou ao longo dos séculos uma fragmentação do seu ser Mulher como individuo e tornou a mulher comum que vive essa dicotomia permanente dentro de si a vítima dos maiores distúrbios, quer a nível psíquico, quer a nível físico e fisiológico... foi essa mulher descompensada e histérica que os psicanalistas viram e tentaram tratar no início do séculos XX. A grande maioria dessas mulheres foram internadas e cosniderads loucas...
Mas mais grave ainda é a forma como nos nossos dias essa divisão da mulher atingiu proporções de calamidade social e humana ao vermos como hoje ainda a mulher é prostituída, continuadamente explorada e violentada pelos homens em geral como mero objecto sexual, violada ou abusada e explorada por Mafias que fazem tráfico de meninas e mulheres em todo o mundo.
Mas mais grave ainda é a forma como nos nossos dias essa divisão da mulher atingiu proporções de calamidade social e humana ao vermos como hoje ainda a mulher é prostituída, continuadamente explorada e violentada pelos homens em geral como mero objecto sexual, violada ou abusada e explorada por Mafias que fazem tráfico de meninas e mulheres em todo o mundo.
A mulher viveu assim seculos dentro dessa dicotomia e foi sempre julgada de acordo com a sua "escolha" de vida ou circunstâncias. Sempre privada da sua liberdade individual, como ente, ou julgada como prostituta caso não casasse ou não obedecesse portanto a um marido ou ao pai. Toda a violência doméstica, abusos e violações e o feminicídio são provenientes desta linha de pensamento judaico-cristão que impera no mundo católico e patriarcal e em que a mulher é ainda tida como pertença do homem e lhe deve obediência, caso contrário é excluída e condenada a ser "a puta"...
ALGUMA COISA MUDOU DESDE ENTÃO?
Nas ultimas décadas e através dos Movimentos feministas as mulheres modernas tentaram mudar o rumo dos acontecimentos e alterar assim o panorama das suas vidas para poderem ter alguma liberdade, apelaram a direitos e igualdades, porém, nunca se preocuparam com "a mais velha profissão do mundo" como se isso não fosse parte de si, aceitando tacitamente essa divisão do seu Ser Mulher como uma coisa inevitável e eis que nos nossos dias AGORA, depois de tantas supostas conquistas e liberdades...toda essa realidade cai em cima delas.... afinal a emancipação da mulher não só foi uma batalha perdida como arrisca a perder tudo do pouco que se consolidou nestas décadas...Podemos constatar isso na forma como as mulheres estão a ser de novo perseguidas e caluniadas, julgadas como adulteras por tribunais e juízes fundamentalistas... assediadas no trabalho e na rua, abusadas e violadas por migrantes nos países de acolhimento, em risco de vida permanente nas grandes cidades e a terem de voltar a vestirem-se moderadamente ou mesmo a usar Burkas, quem sabe, daqui a uns dez anos...
Hoje não há só essas Máfias organizadas, que as exploram mesmo na nossa cara, mas o toda a industria do cinema, agora denunciados os tubarões da cena que abusavam e assediavam ou violavam usando o seu poder as atrizes assim com actores assediavam jovens etc. como também vemos a ”arte” e a própria publicidade que usam a imagem da mulher de forma abusiva e degradante e ninguém faz nada...
rosa leonor pedro
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