Marcio Gimenez
UM HOMEM LUCIDO
"A autoridade é uma instituição masculina. Deus é masculino, o pai é masculino, o chefe é masculino, o patrão, o patriarca, o senhor... todas as formas fundantes, simbólicas e/ou absolutas de autoridade são masculinas.
A instituição do gênero masculino é forjada na autoridade. Masculino e autoridade são uma mesma coisa. O homem só consegue pensar/existir na autoridade, porque ela é constitutiva do seu sujeito. O homem não existe fora da autoridade. O homem não se entende a si mesmo, enquanto homem, fora da autoridade. Nem a si, nem ao outro, nem ao mundo. O homem não entende nada fora da autoridade, porque ele é a autoridade. E disso se desdobra toda a instituição de hierarquia.
Existe um déficit cognitivo fundamental no homem, pois, que o impede de reconhecer verdadeiramente, sentir como possível, em vivência, qualquer relação que não seja fundada na autoridade e na hierarquia. Não existe homem revolucionário. Vindo de homem, só o que existe é discurso de apropriação de racionalidade alheia - racionalidade que se consegue, com algum esforço honesto de desconstrução, às vezes, apenas ficcionar sobre e se apegar com algum afeto a essa ficção, mas nunca experimentar legitimamente enquanto potência real e transformadora.
Os homens mais burros, mais ignorantes, os mais limitados, aqueles mais centrados em sua macheza, mais apegados ao seu próprio sujeito masculino e a sua lógica androcentrada, são justamente aqueles que não conseguem SEQUER IMAGINAR, ficcionar, uma sociedade livre de autoridade e hierarquia. E, geralmente, são os mesmos que são considerados, em alguma instância, inteligentes, geniais e bem sucedidos na lógica em que existem, se mantem, vivem e da qual se beneficiam."
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