O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, setembro 18, 2019

O HOMEM SÓ SE VÊ COMO AUTORIDADE



Marcio Gimenez


UM HOMEM LUCIDO 

"A autoridade é uma instituição masculina. Deus é masculino, o pai é masculino, o chefe é masculino, o patrão, o patriarca, o senhor... todas as formas fundantes, simbólicas e/ou absolutas de autoridade são masculinas.

A instituição do gênero masculino é forjada na autoridade.
Masculino e autoridade são uma mesma coisa. O homem só consegue pensar/existir na autoridade, porque ela é constitutiva do seu sujeito. O homem não existe fora da autoridade. O homem não se entende a si mesmo, enquanto homem, fora da autoridade. Nem a si, nem ao outro, nem ao mundo. O homem não entende nada fora da autoridade, porque ele é a autoridade. E disso se desdobra toda a instituição de hierarquia.

Existe um déficit cognitivo fundamental no homem, pois, que o impede de reconhecer verdadeiramente, sentir como possível, em vivência, qualquer relação que não seja fundada na autoridade e na hierarquia. Não existe homem revolucionário. Vindo de homem, só o que existe é discurso de apropriação de racionalidade alheia - racionalidade que se consegue, com algum esforço honesto de desconstrução, às vezes, apenas ficcionar sobre e se apegar com algum afeto a essa ficção, mas nunca experimentar legitimamente enquanto potência real e transformadora.

Os homens mais burros, mais ignorantes, os mais limitados, aqueles mais centrados em sua macheza, mais apegados ao seu próprio sujeito masculino e a sua lógica androcentrada, são justamente aqueles que não conseguem SEQUER IMAGINAR, ficcionar, uma sociedade livre de autoridade e hierarquia. E, geralmente, são os mesmos que são considerados, em alguma instância, inteligentes, geniais e bem sucedidos na lógica em que existem, se mantem, vivem e da qual se beneficiam."

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