O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 22, 2011

O SILÊNCIO DAS MULHERES


Visceral. Incomoda-me este silêncio. Quanto mais silêncio, mais parece que a idade das trevas desce como um manto sobre as mulheres. Posso parecer/soar a ridícula ao escrever isto, mas porque será que esta mudez não se exprime? Terão as mulheres a vergonha de se expor? Porque não participam? Porque terão de sempre ficarem caladas? Têm medo do ridículo ou têm medo de se denunciar? Rios de escrita sobre tesão e paixão e nada de essência ou condição humana! Será tudo isto tão pesado e ofensivo que há uma tabuleta – não com os dez mandamentos – onde se pode ler: proíbo qualquer pensamento sobre ti mesma, apenas deves fugir para a frente!

Tanta mitologia, tantos manuais de sobrevivência e conquistas, mas nada serve de nada; gera apenas, a focalização num poder medíocre. A selvajaria da vulgaridade é uma ofensa às grandezas do espírito que habita em todos nós. Como podemos – usando expressão da bíblia – ter caído tão baixo na condição de nós mesmas e perpetuar este sofrimento continuo das almas, do corpo?! Vive-se num faz de conta que a morte não nos tocará! Remetemos isso para um lugar em que não possamos sequer permitir o desviar do olhar.

Todos os eruditos e eventuais espiritualistas, na aproximação da morte, se negaram a escrever sobre ela, preferindo poemar sobre regiões que permitem a fuga!! Eles, também, tiveram medo e não o expressaram com clareza. A verdade, é que, eu entendo, mas não consigo me conformar e, ainda que o assunto me pese extremamente!! Só que apesar de ser algo inevitável, há uma negação quase criada para ser natural, de que isso não acontecerá; no entanto é esta negação à morte que faz com que não haja mudança.

Na vida, tudo o que o ser humano precisa, é de mudança. Mudar internamente, numa direcção que liberte dos grilhões que preparamos para nós mesmos e consequentemente para os outros.

Desconfio dos positivistas – na medida em que renegam a sombra, remetendo-as para o fundo do inconsciente, criando naquelas profundezas monstros que nem suspeitam. Alguém os haverá de carregar como bode-expiatório e isso é, se é possível. –

Não somos todas iguais, e este não sermos, faz toda a diferença. Por isso, devia existir muita informação. Não a mesma de sempre e fundada sobre regras deste mundo tão orquestrado por homens, em que as mulheres para merecerem um lugar à mesma luz deles, tenham que se transformar em seres parecidos com ele, distanciando-se de toda a natureza. A globalização não tem trazido boas coisas, basta olharmos à volta. Cada vez mais doenças, água contaminada, alteração do tempo! A própria terra tem um sistema biológico que depende da harmonia para se prolongar em recursos para estes habitantes que somos nós. Quando tudo fica estranho, contaminado, a terra, apenas fica com cólicas e começa a diarreia planetária!

Sempre que uma mulher se perde de si, uma árvore morre, um rio seca…

MARUSKA

1 comentário:

MisS L disse...

Sinto-me inibida para expressar meu verdadeiro Eu. Sou muda. Falo apenas para quem deseja me ouvir, e me calo para todos os demais, não por medo, mas pela falta de respeito e consideração alheia. Pessoas que riem quando você diz que a Terra é viva, e que lhe acham um monstro por não condenar as mulheres que abortam.