O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, dezembro 07, 2012

A MISOGINIA CRISTÃ É VELHA...

 

A SIMBÓLICA DO GRAAL:

NOTAS E REFLEXÕES por Yvette K.Centeno


(...)No Evangelho, em regra mais citado, de Tomás, surge nova referência, e de maior interesse simbólico no tocante a Maria Madalena no seio dos iniciados:

“ 114. Simão Pedro disse-lhes: "deixemos Maria ir embora, porque as mulheres não são dignas de vida".
Jesus disse: "Eu próprio a conduzirei, de modo a torná-la homem, para que ela também se possa transformar em espírito vivo semelhante ao vosso, homens. Pois cada mulher que se tornar homem entrará no reino dos céus” (p. 138).*

Há aqui uma alusão inequívoca à conjunção dos sexos na sua dimensão de espiritualidade
sublimada. O par de opostos (macho-fêmea, noite-dia, sol-lua, corpo-alma, etc.) que encontramos em todos os mitos de fundação é também aqui referido como causa sine qua non de uma revelação superior que permite o acesso ao Reino dos Céus. 

O mais interessante, neste Apócrifo, é o modo como Madalena, ao contrário do jovem Parsifal, interroga Jesus, pedindo que explique e o tempo que Jesus perde com ela explicando (forma de iniciação).

Sem entrar em pormenores para os quais falta mais documentação histórica fidedigna, ficando apenas pelo que tem de apelativo esta ideia, de uma mulher, discípula dilecta e iniciada, podemos considerar Maria Madalena a figuração do Feminino em Deus, como a Shekina na tradição da Kabala judaica. Assim é fácil aceitar que se identifique esse Feminino à Alma, como se identifica o Masculino ao Espírito incarnado em Jesus. O Vaso do Graal, por esta via, adquire uma carga simbólica ampliada: Madalena é o Vaso, pois só o corpo da mulher é contentor e transmissor de Vida. Neste Eterno Feminino se manifesta o lado emocional da psique, em contraponto ao lado racional, intelectual e Masculino.

A referência ao Feminino, seja Maria Madalena ou seja a Virgem Maria, noutros textos (como ainda Maria Profetiza nos alquimistas do século III) permite, como faz M. L. von Franz, desenhar uma nova estrutura simbólica que, sem excluir a tríade Pai, Filho, Espírito Santo, a amplia para um quarto elemento: Pai, Filho Espírito Santo - Maria ou Vaso do Graal (...)

*NOTA:

- A mulher não tem que se tornar homem para entrar no reino dos céus...obviamente que se trata de uma má tradução do latim ou do hebraico....Metafisicamente ninguém sabe o significado nem o sentido desta frase, a não ser se entendermos a palavra "Homem" como Ente ou SER HUMANO...e embora se possam fazer considerações de ordem alquímica, a realização ou completude do ser - homem ou mulher - passa por uma digamos neutralidade sexual...e como ele próprio (Jesus) terá dito, o seu reino viria "quando dois fossem um e o de dentro igual ao de fora, o de cima igual ao de baixo e o interior igual ao exterior e o macho não fosse mais macho nem a fêmea mais fêmea" -  o que apontará para um estádio superior da Consciência Humana....portanto quando muito teríamos um ser Andrógino no culminar da OBRA Alquímica e não uma mulher/homem nem um homem/fêmea...

RLP

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