O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, novembro 18, 2010

A INTUIÇÃO SAGRADA


“A INTUIÇÃO SAGRADA,
essa “ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança,” é a Chave da sabedoria inata e de que a mulher é em essência a fiel mediadora - entre o visível e o invisível, o manifesto e o oculto - sendo ela própria o Oráculo. Assim era em Delfos, lugar sagrado, considerado o ônfalo (seio) da Terra, o lugar ou gruta onde a Serpente Piton revelava os SEUS mistérios através das suas Pitonisas. A profecia, é a palavra sagrada que nasce no útero da vida e da Terra, a Voz do Útero na mulher e que lhe dá essa “intuição sagrada”, de que ela foi CRIMINOSAMENTE desapossada pelos sacerdotes guerreiros do deus Apolo…e continuadamente até aos nossos dias pelas pelos padres das religiões patriarcais.

É por essa razão que devemos voltar-nos para a fonte dessa sabedoria, despertar em nós essa Intuição Sagrada e confiar em absoluto nela. A Mulher deve recuperar essa confiança no seu Útero onde reside a sua força e na Terra Mãe e na Deusa E OS SEUS MISTÉRIOS...

…"E são estes mistérios que convem abordar. Com
respeito, com audácia e inocência, tentando recorrer à intuição sagrada, essa
“ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança.”

Porque:
“A Deusa é generosa e regeneradora; ela é bela, com o seu cinto de ouro e de serpentes, estendendo os braços para a vida, pressionando os seus seios com as mãos para os fazer deitar leite como Reia – cujo nome significa “jacto de leite” e que se projecta na Via Láctea.
(…)

De facto a Deusa Terra, a Magna Mater, recusa-se a fazer parte desses “homens castrados” que são suposto serem mulheres. Para Freud, não havia libido feminino correspondente à libido masculina – o que Lacan retomará dizendo que não há felicidade senão no phallus, o que, acrescenta ele, não significa que “o portador do dito seja feliz” (e que, diga-se de passagem, nos faz pensar que com efeito o homem é, muito mais do que a mulher, capaz de viver como que “separado”, clivado entre o seu phallus e o seu ser).
Outros psicanalistas, como Erich From, recusam-se a seguir Freud nesse terreno. Ele crê na igualdade real entre homem e mulher: “A hipótese segundo a qual uma metade da raça humana seria uma versão mutilada da outra metade não é senão um absurdo”; interpretação alias contestada hoje pelos psicanalistas de escolas diversas que consideram a pseudo-misoginia de Freud como um contra-senso fundamental…Se E. From crê nesse “instinto de morte”, é exclusivamente enquanto parte “destrutiva da libido sádica anal” o seu aspecto necrófilo. Ora a Deusa enquanto Deusa da fertilidade não é profundamente necrófila? Não é essa a sua dimensão primeira?
Mas ela é a Mãe e é aí que começa o drama. Ela está dentro deste fervilhamento da vida fundamental cercada pelas tempestades da morte”, como o diz de forma soberba Otto Walter. Mas o homem seria, ele por si só, excluído destas “tempestades da morte”?
(…)
Uma coisa é certa: o culto da Deusa Mãe está centrado nos Mistérios, no ciclo Vida/Morte/Renascimento e que está no coração de todas as interrogações metafísicas desde o começo dos tempos.
E são estes mistérios que convem abordar. Com respeito, com audácia e inocência, tentando recorrer à intuição sagrada, essa “ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança.”
(…)
(excerto traduzido do francês)
In A DEUSA SELVAGEM
Joelle de Gravelaine

4 comentários:

Anónimo disse...

Lembrei-me de duas coisas enquanto lia o texto.
1) Os pleiadianos dizem que o sacerdócio católico é o único emprego onde para ser admitido você tem que ter um pênis, mas depois de admitido é proibido de usá-lo. Achei esta frse hilária para não dizer, triste.
2) Já na faculdade me perguntava se Freud, como homossexual inrustido, não estava trocando a inveja que o homem sente do útero pela inveja das mulheres pelo pênis. Será?
Fiquei com uma dúvida que gostaria de esclarecer, o por que da Deusa ser necrófila.
Não alcancei o significado.
abraços

rosaleonor disse...

Tem razão nas duas observações que faz...
A Deusa Mãe Terra está sempre ligada à vida e à morte. Digamos que a Deusa evoca semrpe as duas faces da existência no Planeta terra...Ela dá a vida mas também a tira, é isso que assusta os homens...Nos tempos mais remotos ela não só estaria ligada aos ritos de fertilidade como aos sacrifícios que poderiam evocar morte ainda que simbólica e não só. Isso fez com que os homens de Deus e do céu e da vida eterna...odiassem a Deusa da destruição. As duas cosias estão sempre ligadas, mas na dualidade bem mal cristão a deusa é considerada necrófila...mas como diz a autora do livro, mesmo sem a Deusa os homens teriam sempre de morrer!

Acho que é isto...
abraço

rosa leonor

Anónimo disse...

Rosa Leonor:
Muito grata pela explicação.
Concordo plenamente.
um abraço

rosaleonor disse...

Um abraço grande e volte sempre...

rleonor