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Elas não são "lésbicas", simplesmente são obrigadas a comportar-se e a vestirem-se como homens e aceites como tal e a serem virgens para manter esse estatuto...enfim e para poderem ter uma vida "digna"...o que faz delas..."um homem mais compassivo" no dizer de uma...
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"Os camponeses dessa região viveram por 500 anos sob as normas do Kanum, um código de honra que vigorou até o início do século XX, e que limitava às mulheres os cuidados da casa e dos filhos. Só. Elas eram proibidas de ter uma profissão, trabalhar, dirigir, beber, fumar, não tinham direito a herança e tornavam-se propriedades do marido. Elas não podiam cantar. “Naquela época ser mulher e ser um animal era a mesma coisa”, disse uma virgem juramentadas, Pashe Keqi, numa entrevista ao The New York Times. Ela nascera em 1930.
O Kanum permitia, no entanto, que a mulher se proclamasse homem, passando consequentemente a viver sob as mesmas regras deles. A partir de então podiam podiam trabalhar e tornar-se patriarcas, sendo muitas vezes o único “homem” do clã.
Essa regra do Kanum tem origem nas precárias condições de sobrevivência nas montanhas da Albânia, agravada pelos crimes de vendeta, outra tradição no país, que chegava a dizimar todos os integrantes do sexo masculino numa família. Na ausência de um herdeiro, a mulher mais velha do clã era obrigada a proclamar-se virgem para garantir o sustento e a honra dos familiares. Outras proclamavam-se homem para ter autonomia e evitar o casamento arranjado.
Para isso, elas faziam um juramento público de virgindade e celibato, cortavam os cabelos e adotavam trajes e gestos masculinos para a vida toda. Deixariam a condição de serva se também deixassem a de mulher, se renunciassem ao sexo, à maternidade e à identidade.
É, de um certo modo, um matar a si mesma."
Claudia Belfort"Virgens juramentadas da Albânia"Por Vaas
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Segundo o Kanun, o papel das mulheres era severamente restrito. Elas tomavam conta das crianças e do lar, não tinham liberdade para votar, dirigir, realizar negócios, ganhar dinheiro, beber, fumar, ter uma arma, etc, tudo isto fazia parte do universo masculino. Embora a vida de uma mulher valesse a metade da vida de um homem, a de uma virgem tinha o mesmo valor que a deste último -12 bois. A virgem juramentada foi fruto de uma necessidade social em uma região agrária flagelada pela guerra e pela morte. Caso o patriarca da família morresse sem deixar herdeiros masculinos, as mulheres casadas da família poderiam ver-se sozinhas e sem poder algum. Ao fazer um voto de virgindade, as mulheres podiam assumir o papel masculino como chefes de família, portar armas, ser proprietárias e locomover-se livremente. Elas vestiam-se como homens, adotavam uma postura masculina e passavam a vida na companhia de outros homens.
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"Quando a minha convicção chegou a 100%, tive forças para jamais retroceder". Na Albânia, um país majoritariamente muçulmano, o Kanun é seguido tanto por muçulmanos quanto por cristãos, embora os turcos otomanos e os sucessivos governos tenham tentado limitar a sua influência. Esta prática continua até hoje em pequenas aldeias aninhadas nos Alpes, mas, com a modernização, esta tradição arcaica é, cada vez mais, vista como obsoleta. O fotógrafo Jill Peters divide seu tempo entre Miami e Nova York. Fotos acima de seu projeto "Virgens juramentadas da Albânia" .
http://www.jillpetersphotography.comVia: http://www.featureshoot.com Texto adaptado: http://equattoria.blogspot.com.br/2011/12/virgens-juramentadas-na-albani...
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