A GAIOLA DOURADA E A GAIOLA ABERTA..
QUE MULHER SOMOS NÓS?
De vez em quando eu
acho que devemos clarificar esta ideia tão comum e divulgada nos meios ditos “espirituais”
de sermos seres espirituais apenas, e que ao sê-lo tudo se solve em nada e
vamos para o céu sem mais delongas, meditamos e pronto...
Tudo isso sem ter em conta a nossa realidade terrena enquanto
mulheres, aqui e agora. Isto é, sem considerar que enquanto seres humanos,
metade da humanidade que somos, fomos reduzidas a uma mera função biológica e
sexual ao serviço do Homem, aglutinadas pela própria linguagem que nos remete
sempre para o plano secundário, sem grandes alternativas na vida que não sejam
viver como mãe ou prostituta, digo, uma mulher que hoje em dia pode ser até considerada
livre...mas sozinha e sem qualquer apoio social, que acarreta com todo o peso
da resistência da família patriarcal e machista e os agravos dos conceitos
seculares sociais que sobre ela caiem. Ou a mulher casada com filhos e
sobrecarregada pela profissão e sem nenhum tempo para ela e sem sequer pensar
em SER ela própria em momento algum...em luta apenas pela sobrevivência? O que
é que mudou na vida das mulheres modernas senão o stresse, a cosmética e as
doenças de foro feminino...que até parece ser destino...?
Durante séculos para
fugir a estas duas hipóteses a mulher, uma minoria aliás, pode ir para
conventos...e dedicar-se então ao Senhor, casar com Jesus...fazendo votos de
castidade e pobreza e obediência. Portanto entre vender o corpo e o sexo e a
sua negação ou ser mãe e cuidar do homem exclusivamente que outra hipótese tem
hoje a mulher? Tendo ainda em conta a mulher homossexual, vejamos o que a
mulher enfrenta nesta história? É ela livre de amar outra mulher ou que mulher
ama ela? Está a mulher homossexual fora desta sociedade, tem alternativa ou
busca desesperadamente inserir-se reclamando do Sistema uma inclusão dentro do
modelo patriarcal, sujeitando-se às mesmas normas de ser casada...ou afirmar a
sua sexualidade/diferente? Continuando portanto a viver apenas ao nível do seu
ser sexual/biológico, ter filhos de duas mães...adoptar ou o quê? Em que é que
isso muda os pressupostos e lhe dá uma verdadeira dimensão do seu SER MULHER,
uma integralidade de corpo/alma/espírito (e isto bem para além das confusões de género
e das polaridades e todas as questões filosóficas e da psicanálise que nunca
teve em conta esta cisão da mulher)?
Diríamos que hoje a
mulher é livre e diz-se emancipada, é tratada teoricamente como tal, e que portanto
pode escolher a sua forma de vida, mas é isto verdade ou apenas uma ideia
moderna que branqueia o passado da mulher e camufla a realidade presente e
coloca a mulher apenas no nível mental das ideias livres…em que ela apenas crê
na sua liberdade, como antes acreditava em deus, e depois é explorada psicologicamente
e de todas as maneiras e feitios e sofre em consequência de cancros e de
depressões pela contradição inerente a sua realidade interior em conflito e a luta
talvez inconsciente até entre o que
sente e o que pensa?
- Onde está a Mulher integral, a Mulher autêntica, a Mulher
corpo sexo mente e psique, a Mulher Alma, a mulher em si, completa, a mulher instintiva
e intuitiva, a mulher ctónica e a mulher cósmica? A Mulher Iniciadora, a Mulher
Deusa, a mulher Potência, a Mulher essência? A Mulher Paixão, a Mulher Vulcão,
a Mulher Lilith...a Mulher inteira que não precisa nem de deuses...nem de
homens, nem de mulheres, nem de filhos para SER EM SI.
- Essa sim é Mulher total, a Mulher que sei que É, a Mulher
Deusa dos primórdios e a que voltará em breve vinda do Futuro e a mesma que
iluminou o Passado perfeito...de antes da Queda, eu creio... Sim eu
creio...totalmente nessa MULHER!
E não na ideia “new age”, divulgada e colada a mulher como:
“If we believe, "I'm a spirit, I'm among the spirits, I
am from the Grear Spirit, I have to merge in that Spirit," all problems
shall be solved.” - Yogi Bhajan
Sim, esta é a ideia e o exemplo de ideia que é divulgada por
mulheres terapeutas e espirituais que eu aqui veemente contesto para a
mulher-Mulher, para a mulher que busca encontrar a sua essência mulher e não a
sua essência divina, que eu não nego, como Ser Humano, mas trata-se agora de recuperar
o seu SER mulher em si como divino e não a divindade abstracta, que consiste em
branquear a mulher ctónica e telúrica, através da religião ou do Yoga como fizeram
e fazem ainda alguns mestres. A mulher pode sempre seguir esta via, mas nunca
será A Mulher integral nem a mulher essência...
rlp
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