O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, setembro 18, 2013

EM BUSCA DO SER MULHER

A GAIOLA DOURADA E A GAIOLA ABERTA..
  
QUE MULHER SOMOS NÓS?

De vez em quando eu acho que devemos clarificar esta ideia tão comum e divulgada nos meios ditos “espirituais” de sermos seres espirituais apenas, e que ao sê-lo tudo se solve em nada e vamos para o céu sem mais delongas, meditamos e pronto...

Tudo isso sem ter em conta a nossa realidade terrena enquanto mulheres, aqui e agora. Isto é, sem considerar que enquanto seres humanos, metade da humanidade que somos, fomos reduzidas a uma mera função biológica e sexual ao serviço do Homem, aglutinadas pela própria linguagem que nos remete sempre para o plano secundário, sem grandes alternativas na vida que não sejam viver como mãe ou prostituta, digo, uma mulher que hoje em dia pode ser até considerada livre...mas sozinha e sem qualquer apoio social, que acarreta com todo o peso da resistência da família patriarcal e machista e os agravos dos conceitos seculares sociais que sobre ela caiem. Ou a mulher casada com filhos e sobrecarregada pela profissão e sem nenhum tempo para ela e sem sequer pensar em SER ela própria em momento algum...em luta apenas pela sobrevivência? O que é que mudou na vida das mulheres modernas senão o stresse, a cosmética e as doenças de foro feminino...que até parece ser destino...?

 Durante séculos para fugir a estas duas hipóteses a mulher, uma minoria aliás, pode ir para conventos...e dedicar-se então ao Senhor, casar com Jesus...fazendo votos de castidade e pobreza e obediência. Portanto entre vender o corpo e o sexo e a sua negação ou ser mãe e cuidar do homem exclusivamente que outra hipótese tem hoje a mulher? Tendo ainda em conta a mulher homossexual, vejamos o que a mulher enfrenta nesta história? É ela livre de amar outra mulher ou que mulher ama ela? Está a mulher homossexual fora desta sociedade, tem alternativa ou busca desesperadamente inserir-se reclamando do Sistema uma inclusão dentro do modelo patriarcal, sujeitando-se às mesmas normas de ser casada...ou afirmar a sua sexualidade/diferente? Continuando portanto a viver apenas ao nível do seu ser sexual/biológico, ter filhos de duas mães...adoptar ou o quê? Em que é que isso muda os pressupostos e lhe dá uma verdadeira dimensão do seu SER MULHER, uma integralidade de corpo/alma/espírito  (e isto bem para além das confusões de género e das polaridades e todas as questões filosóficas e da psicanálise que nunca teve em conta esta cisão da mulher)?

 Diríamos que hoje a mulher é livre e diz-se emancipada, é tratada teoricamente como tal, e que portanto pode escolher a sua forma de vida, mas é isto verdade ou apenas uma ideia moderna que branqueia o passado da mulher e camufla a realidade presente e coloca a mulher apenas no nível mental das ideias livres…em que ela apenas crê na sua liberdade, como antes acreditava em deus, e depois é explorada psicologicamente e de todas as maneiras e feitios e sofre em consequência de cancros e de depressões pela contradição inerente a sua realidade interior em conflito e a luta talvez inconsciente até entre  o que sente e o que pensa?

- Onde está a Mulher integral, a Mulher autêntica, a Mulher corpo sexo mente e psique, a Mulher Alma,  a mulher em si, completa, a mulher instintiva e intuitiva, a mulher ctónica e a mulher cósmica? A Mulher Iniciadora, a Mulher Deusa, a mulher Potência, a Mulher essência? A Mulher Paixão, a Mulher Vulcão, a Mulher Lilith...a Mulher inteira que não precisa nem de deuses...nem de homens, nem de mulheres, nem de filhos para SER EM SI.
- Essa sim é Mulher total, a Mulher que sei que É, a Mulher Deusa dos primórdios e a que voltará em breve vinda do Futuro e a mesma que iluminou o Passado perfeito...de antes da Queda, eu creio... Sim eu creio...totalmente nessa MULHER!

E não na ideia “new age”, divulgada e colada a mulher como:

“If we believe, "I'm a spirit, I'm among the spirits, I am from the Grear Spirit, I have to merge in that Spirit," all problems shall be solved.” - Yogi Bhajan

Sim, esta é a ideia e o exemplo de ideia que é divulgada por mulheres terapeutas e espirituais que eu aqui veemente contesto para a mulher-Mulher, para a mulher que busca encontrar a sua essência mulher e não a sua essência divina, que eu não nego, como Ser Humano, mas trata-se agora de recuperar o seu SER mulher em si como divino e não a divindade abstracta, que consiste em branquear a mulher ctónica e telúrica, através da religião ou do Yoga como fizeram e fazem ainda alguns mestres. A mulher pode sempre seguir esta via, mas nunca será A Mulher integral nem a mulher essência...

rlp

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