UM HINO À MULHER...
"A verdadeira mulher, aquela que vem a nós do fundo das eras, a mulher que nos foi dada, pertence inteiramente a um universo estranho ao homem. Ela cintila no outro lado da Criação. Ela conhece os segredos das águas, das pedras, das plant...as e dos animais. Ela fixa o sol e vê claro na noite. Ela possui as chaves da saúde, do descanso, das harmonias da matéria. (…) É ela que semeia o homem: volta a pari-lo, nele reintroduz a infância do mundo. Ela o devolve ao seu trabalho de homem, que é elevar-se o máximo possível acima de si mesmo.
(...)
O problema é que quase não há mais mulheres. Sustento que as mulheres desapareceram, que houve uma catástrofe, que a raça das mulheres foi dispersada e aniquilada sob nossos próprios olhos, que não puderam ver. Senhores, a mulher, a descendente do paleolítico e do neolítico, nossa fêmea e nossa deusa, o ser que eu chamaria de mulher do homem e que já não sabemos como é, foi perseguida, atingida em seu corpo físico e em seu corpo mental, e devolvida ao nada.
As entranhas da Terra estão plenas de florestas tragadas, de restos de espécies animais desaparecidas, de cinzas de raças humanas e sobre-humanas cuja história, se nos fosse revelada, desafiaria a mais louca imaginação. Nossa verdadeira fêmea, ela também, misturou-se ao húmus dos abismos subterrâneos. Por quê? Ah, senhores, reflitam! Foi ela quem arcou com os custos da imensa, da implacável luta contra as religiões primitivas do Ocidente. Essa luta é toda a história do mundo dito civilizado. Os senhores acreditam que nos lugares onde as legiões romanas nunca conseguiram adaptar sua religião — por exemplo, na Gália ou na Grã-Bretanha —, os soldados de Cristo encontraram uma terra inculta e sem deuses? Em inúmeros lugares da velha Europa, nas landes, nas planícies de menires, no fundo do mato e nas margens dos rios onde Pã cantava, sobrevivia a religião nativa oriunda da noite dos tempos, a verdadeira religião do homem ocidental. Senhores, estou certo de que a Europa viveu, durante milênios, de um elevado pensamento místico, ele mesmo oriundo de outras eras, consagrado ao Deus Cornudo e à exaltação do princípio feminino. É evidente que essa espiritualidade original foi afogada com violência, no fogo e no sangue, por uma religião estrangeira, vinda do Oriente: o cristianismo. O Deus Cornudo, protetor da antiga humanidade do oeste, foi chamado de diabo e amaldiçoado.
Os ídolos imemoriais foram derrubados e foi preciso destruir, junto com eles, seu suporte: a mulher-mãe, a mulher-deusa, a mulher-fêmea, a verdadeira mulher."
Louis Pawuels
"A verdadeira mulher, aquela que vem a nós do fundo das eras, a mulher que nos foi dada, pertence inteiramente a um universo estranho ao homem. Ela cintila no outro lado da Criação. Ela conhece os segredos das águas, das pedras, das plant...as e dos animais. Ela fixa o sol e vê claro na noite. Ela possui as chaves da saúde, do descanso, das harmonias da matéria. (…) É ela que semeia o homem: volta a pari-lo, nele reintroduz a infância do mundo. Ela o devolve ao seu trabalho de homem, que é elevar-se o máximo possível acima de si mesmo.
(...)
O problema é que quase não há mais mulheres. Sustento que as mulheres desapareceram, que houve uma catástrofe, que a raça das mulheres foi dispersada e aniquilada sob nossos próprios olhos, que não puderam ver. Senhores, a mulher, a descendente do paleolítico e do neolítico, nossa fêmea e nossa deusa, o ser que eu chamaria de mulher do homem e que já não sabemos como é, foi perseguida, atingida em seu corpo físico e em seu corpo mental, e devolvida ao nada.
As entranhas da Terra estão plenas de florestas tragadas, de restos de espécies animais desaparecidas, de cinzas de raças humanas e sobre-humanas cuja história, se nos fosse revelada, desafiaria a mais louca imaginação. Nossa verdadeira fêmea, ela também, misturou-se ao húmus dos abismos subterrâneos. Por quê? Ah, senhores, reflitam! Foi ela quem arcou com os custos da imensa, da implacável luta contra as religiões primitivas do Ocidente. Essa luta é toda a história do mundo dito civilizado. Os senhores acreditam que nos lugares onde as legiões romanas nunca conseguiram adaptar sua religião — por exemplo, na Gália ou na Grã-Bretanha —, os soldados de Cristo encontraram uma terra inculta e sem deuses? Em inúmeros lugares da velha Europa, nas landes, nas planícies de menires, no fundo do mato e nas margens dos rios onde Pã cantava, sobrevivia a religião nativa oriunda da noite dos tempos, a verdadeira religião do homem ocidental. Senhores, estou certo de que a Europa viveu, durante milênios, de um elevado pensamento místico, ele mesmo oriundo de outras eras, consagrado ao Deus Cornudo e à exaltação do princípio feminino. É evidente que essa espiritualidade original foi afogada com violência, no fogo e no sangue, por uma religião estrangeira, vinda do Oriente: o cristianismo. O Deus Cornudo, protetor da antiga humanidade do oeste, foi chamado de diabo e amaldiçoado.
Os ídolos imemoriais foram derrubados e foi preciso destruir, junto com eles, seu suporte: a mulher-mãe, a mulher-deusa, a mulher-fêmea, a verdadeira mulher."
Louis Pawuels
2 comentários:
Texto lindo ! Mas desolador. Não quero perder a esperança. Quero crer que a recuperação é possível e virá. Agenor
Vamos ter a esperança de que sim...que recuperaremos a nossa verdadeira identidade.
Um abraço
rl
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