O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, março 15, 2014

A SOLIDARIEDADE DAS MULHERES...fica-se nas fotos...

 
A FALTA DE CUMPLICIDADE
ENTRE AS MULHERES...

 Sim acho este excerto muito importante e postei-o no meu perfil de mulheres & deusas no facebook mas ninguém quase que leu...e isto tem muito a ver com o tema da amizade entre mulheres e a sua falta de cumplicidade afinal nos nossos dias, cuja vivência é baseada quase sempre no foco obsessivo do homem/filho e no medo da sua própria sexualidade diversa, não falocêntrica podendo ser vivida "na intimidade natural entre mulheres, que hoje apenas prevalece em recônditos lugares do mundo"...
O mundo patriarcal não só dividiu as mulheres e as antagonizou entre si  como as espoliou da sua  sensibilidade verdadeira e uma real cumplicidade entre mulheres, assim  como as usa exclusivamente para seu "belo prazer" ou interesse, condenando e culpando qualquer outro tipo de expressão da sua intimidade ou desejo que não seja dele...e da sua posse ou das suas paranoias sexuais, falocráticas.
Não há dúvida que as mulheres tem dificuldade em encarar este facto e que o dão como "normal" nas suas vidas sem se aperceberem que isso representa uma espécie de  violação aos  seus sentires mais profundos, assim como quando infringem a lei deles, e a ordem patriarcal, elas se sentem excluídas e anormais...
Muitas vezes daí as doenças de "foro feminino"...
 
Ora leiamos o que nos diz esta autora:

“No séc. XVII, desencadeou-se, como se sabe, uma campanha de extermínio contra estas mulheres, que passaram à história convertidas em bruxas. A natureza sexual dos jogos e círculos femininos foi também estudada a partir das letras das suas canções que chegaram até nós (1). O hábito quotidiano das mulheres se juntarem “para bailar”, e para se banharem, é ancestral e universal, e dá-nos um vislumbre do espaço coletivo de mulheres impregnado de cumplicidade e baseado na intimidade natural entre mulheres, que hoje apenas prevalece em recônditos lugares do mundo. Em África, existem aldeias onde as mulheres ainda se reúnem à noite para dançar (bailes claramente sexuais, como se pode ver numa reportagem do Sudão (2). A imagem das mulheres do quadro “o Jardim das Hespérides”, de FredericK Leighton (séc. XIX) é outro vestígio dessa relação de cumplicidade e de intimidade entre mulheres.
Os hábitos sexuais das mulheres remetem-nos para a sexualidade não falocêntrica das mulheres; para a diversidade da sexualidade feminina, e a sua continuidade entre cada ciclo, entre uma etapa e outra. Uma sexualidade diversa e que se diversifica ao longo da vida, cujo cultivo e cultura perdemos. (…) Vivemos num ambiente em que o sistema libidinal humano, desenhado filogeneticamente para travar relações humanas, está congelado. Hoje as mães vivem longe das suas filhas e as avós vão de visita a casa d@s net@s; a pessoa de família que nos dá a mão quando adoecemos vive no outro extremo da cidade, e mal conhecemos o vizinho ou a vizinha" (…) - Cacilda Rodrigañez Bustos

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