O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 24, 2014

ROSAS NEGRAS...



UMA REFLEXÃO...
(NO FEMININO)

"A sombra se esconde na vergonha, nos becos escuros, nas passagens secretas e nos sótãos fantasmagóricos de sua consciência. Ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo." - Debbie Ford, "O Efeito Sombra".


Estava a pensar aqui há umas horas atrás e andei a ruminar sobre isso toda a manhã...o porquê de nos custar tanto admitir que estamos mal quando estamos mal...e só querer expressarmo-nos quando estamos bem e dentro do "politicamente correcto" - que é o que pensamos que seja coerente e de acordo com o nosso estatuto ou com as nossas crenças...temos medo de dar "parte fraca"? Ou temos medo de falhar os nossos ideais? Ver tudo caído por terra?
Seja o que for...faz parte de todos os caminhos, escolhas e decisões da nossa vida, falhar e fraquejar...tanto como triunfar ou ter sucesso. A vida é feita de altos e baixos...nenhum caminho é verdadeiro se isso não acontecer...e na minha experiência de vida vi bem como os estados de depressão ou de desânimo de outras pessoas nos podem por vezes ajudar mais do que um contínuo positivismo e alto astral...forjado por ideias e mentalizações. 

Aquilo que mais me exaspera é uma pessoa dizer que está mal e vem logo alguém com receitas e conselhos e terapias...sem deixar que se aprofunde nada nem que se chegue a sentir a causa do que nos deprime...Quando a depressão é sempre um sinal, tal como a doença...de que algo se está a passar que não vemos...como a dor de cabeça avisa-nos que algo está mal no nosso corpo...e não é para tomar comprimidos... nem aspirinas que destroem o fígado...
Uma coisa é num determinado momento confessarmos que estamos mal, que não sentimos nada, que estamos deprimidas, outra coisa é estarmos sistematicamente mal connosco e com o mundo.
Não. Não é tudo sempre positivo e maravilhoso...há momentos de desânimo sim e de desastre iminente...em que podemos destruir tudo ou de fazer um recuo definitivo...Porque há cansaço e vontade de desistir tantas vezes, seja o que for que estamos a fazer ou a construir...e se não enfrentarmos esses momentos sem medo e fugirmos deles impedimo-nos de sair mais fortalecidas de cada vez que isso acontece e um dia acabarmos por desistir mesmo...
Quem não conhece o fracasso e o desânimo? Quem?
É por isso que nunca simpatizei com os movimentos do positivismo cor-de-rosa "new age" e as suas fórmulas...Mas i
sto também não é uma defesa da negatividade sistemática de mulheres que vivem no lado negro da vida, na sua mente e só vêm  as coisas nessa perspectiva e através de uma mente masculina, racionais e destrutivas...há sem dúvida muitas mulheres violentas e frustradas que não conseguem sentir o coração...e que se agarram a sua miséria e depreciam tudo.

Mas não! Nós não temos que estar sempre bem....há momentos da vida em que temos de ir ao fundo do nosso abismo, seja ele qual for...e nos momentos certos devemos enfrentar a nossa sombra ou nosso lado negativo, a nossa fúria e a nossa raiva que se manifesta em nós...e só assim nos podemos libertar e não engolir mais estes sapos "alternativos" tanto como os bons conselhos do pensamento positivo...
Digo-vos, foi das vezes em que desci mais fundo aos meus abismos e medos...ao maior vazio que o Salto se deu e o tocar no fundo bem fundo...me trouxe de novo à Terra e ao Céu...à esperança e ao entusiasmo...porque é entre dores e prazeres, entre alegrias e tristezas, mas também entre dúvidas medos e fobias que muitas vezes se consolida a nossa Fé em nós mesmas e num caminho, o caminho de dentro...

rosaleonorpedro

2 comentários:

Ná M. disse...

Lindo, Rosa!
Obrigada
Ana

Unknown disse...

Seu texto me fez lembrar desta imagem:

http://tafeio.net/wp-content/uploads/2012/06/altosebaixo.jpg

Até mais,
Kris