O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 29, 2014

AS MULHERES...

 
 
Críticos e criticas

 
"Depois da palavra feminista ter ficado associada a imagens de mulheres a queimarem sutiãs ou a quererem ser homens e depois desta palavra se ter tornado quase como um insulto, é natural que poucas vozes se atrevam a denunciar os desequilíbrios que ainda subsistem na nossa sociedade em relação ao género; não vá, quem abra a boca a esse respeito, ser imediatamente remetida para o caldeirão daquelas que estão mal com a sua feminilidade e que invejam o pénis… Ora, assim como os homens não gostam de ser chamados de afeminados, as mulheres também temem que as descrevam de masculinas e assim, muito convenientemente e através do medo da rejeição, se demoveu o feminino dos “queixumes” e “azedumes” inconvenientes.

 
Uma vez li num artigo de um jornalista português que “os homens tinham colonizado as mulheres”. Não encontrei até hoje uma frase que tão bem resumisse o passado histórico dos dois géneros. Só que ao contrário do que aconteceu com as várias nações, a “descolonização” das mulheres ainda só foi feita em alguns países e mesmo assim, parcialmente. Se não vejamos: aqui em plena civilização ocidental, ainda restam vários vestígios do tempo em que uma metade da população se achava com direitos superiores aos da outra metade, esses vestígios povoam as mais diversas esferas da nossa vida sem que pensemos muito nisso. A cozinha e a costura por exemplo sempre foram actividades ligadas às mulheres, porém os mais famosos cozinheiros e costureiros de hoje, são do sexo masculino. O mesmo não acontece quando as mulheres “invadem” o território dos homens, elas são normalmente recebidas com desconfiança, têm que provar que praticamente têm “testículos” para serem respeitadas e mesmo assim estarão sempre na mira quanto a algum deslize.

Assim os vestígios da “colonização” estão lá e para além das áreas mais óbvias como as do poder político, religioso ou financeiro, há ainda outras áreas, aquelas que passam desapercebidas aos olhares menos atentos mas que não deixam de contribuir para “o mundo, segundo a visão masculina”. Uma dessas áreas menores, é a dos críticos de cinema, quando pego num jornal para saber a opinião sobre um filme qualquer, lá estão os 3, 4 ou 5 críticos prontos a oferecer os seus préstimos, porem, nunca por lá vi, nenhuma Maria ou Madalena.

 Enfim a linguagem também não ajuda e tal como a palavra Homem engloba o mulherio todo mas a palavra Mulher não engloba ninguém com testosterona, também a palavra crítico é capaz de lá ter dentro alguma mulher ou outra… O que é certo é que as mulheres vêem filmes feitos (na sua grande generalidade) por homens, criticados por homens e ás vezes onde só entram homens, como nos mais variados filmes bélicos. E nós lá andamos “felizes e contentes” porque afinal de contas, o que é que isso interessa? Até há mulheres com uma cabeça de homem e vice-versa. Não sei se sou só eu, mas que há diferenças entre estar no mundo como homem ou como mulher, há e seria bom conhecermos o ponto de vista da outra metade da população ou não?

 Haveria muito mais a falar sobre o assunto mas para acabar, deixo um desafio ao jornalista Miguel Sousa Tavares, que num dia de especial inspiração, defendia que deveria haver cotas para as entradas nas universidades, para que estas não fossem dominadas pelas mulheres. Já agora, para sermos justos, gostaria que ele se lembrasse também das cotas para críticos da 7ª arte, realizadores de cinema e porque não, para o desporto mais aclamado, o futebol."

Maria Ana krupenski, Janeiro de 2014

1 comentário:

Vânia disse...

Colonização é a palavra que muito bem descreve que até na culinária e na moda e etc. que eles nos invadiram.