"Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite."
Clarice Lispector
Clarice Lispector
2 comentários:
Minha cara matriarca sempre a invocar as mulheres mais sábias...
Abraços e muito amor , abraços muito fortes para você que eu gosto tanto!
Pois, só quem pisa o extremo e não encontra nada a quem tocar, fá-lo para tocar numa outra vida ou vidas (ou seja quem a lê)... e esta mulher, chamada clarice, fá-lo, e fá-lo de uma forma cortante não poupando o lugar das coisas e o ''des-lugar''.
Temos a enorme dificuldade de carregar esse lado emocional!! A sombra é esse emocional devastador; esse emocional tão incompreendido, tão desmantelado como a floresta da Amazónia... ninguém perdoa o derramar intenso de lágrimas...
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