O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, maio 30, 2011

MULHERES. APENAS MULHERES.

"Como transformar a nós mesmas e ao mundo"


“Campos mórficos e arquétipos funcionam como se tivessem uma preexistência invisível fora do tempo e do espaço, tornam-se imediatamente acessíveis quando nos alinhamos à sua forma e então se expressam em nossos pensamentos, sentimentos, sonhos e acções.”*



“ Para um Círculo de mulheres ser seguro ele precisa ser um útero para novas possibilidades, onde a mulher e o seu sonho possam ser sustentados enquando ainda estão com contornos pouco nítidos e ainda no escuro."

Por vezes penso cá para mim que é quase impossível para nós, as poucas mulheres que vislumbramos o que seja a plenitude do Caminho da Deusa,  de FORMA EFECTIVAMENTE REAL, integrada, respirada e sentida, vivida nos nossos poros e pele, no nosso sangue, no nosso coração secreto, no nosso corpo cálice, atingir uma expressão verdadeira, autêntica, visceral e magnética,  a fim de que sua manifestação seja em nós A iniciação e descoberta e revelação para o mundo e não  irmos apenas  atrás de meros rituais, por mais aliciantes que sejam, são ainda imitações do passado do qual nada sabemos ao certo, para que enfim seja real na nossa vida diária essa  consciência do Feminino Sagrado na Terra. Teoricamente até podemos todas saber muito acerca de deusas e dos seus mistérios, mas de nada serve se não tivermos integrada Lilith, a nosa Sombra,  a mulher outra que nos foi roubada pela cultura patriarcal, há séculos...
Vendo no dia a dia como são raras as mulheres que conheço, que sejam realmente capazes dessa ousadia, capazes desse querer, capazes de serem o que sentem e deixarem de ser controladas pelos ideiais de outra coisa qualquer, do céu e não da terra, de ser esposa e mãe ideal ou mulher de sucesso, artista ou mesmo terapeuta, presas a maridos, amantes, filhos  e lideres, poucas são de facto as mulheres que se apercebem dessa dimensão em si próprias e dedicam o seu ser e a sua energia à sua própria causa, a causa do seu ser interior, ao encontro com a sua Lilith e o seu resgate, em apostar 100 por cento em ser mulher inteira, mantendo-se antes tudo e lamentavelmente "fieis" e servas dos seus companheiros que as mantêm cativas dos seus interesses também.
Nada tenho contra o companheirismo se ele existir em plenitude e reciprocidade, mas duvido que assim seja...poucas ou raras mulheres seriam capazes de trocar o abraço de um amante pelo da deusa....ou de uma irmã...disso tenho provas...haja um amante e nenhuma mulher avança...fiel a Lilith que em nada se submeteu e partiu contra deus e os homens, votada ao descrédito...
Não digo que essa seja a finalidade de toda a mulher, mas neste momento seria preciso que muitas mulheres tivessem essa coragem de ousar e serem MULHERES. APENAS MULHERES.  
Destaco  aqui por vezes mulheres grandes, mulheres que se empenham nas causas da humanidade, mulheres que são exemplos de feitos, escritoras fantásticas, mulheres de grande espírito de abnegação e voluntariado, faço-o como exemplos de vontade e como coisa quase rara mas, mais raras ainda são as mulheres que se afirmaram por procurarem se consciencializarem de si mesmas,  coerentemente, sem ser por acréscimo ou distracção, e se empenham na sua causa, de corpo e alma e isso não depende da fama ou do dinheiro que se tem, mas sim da vontade própria, no empenhamento do seu SER total e não como a grande maioria que continua fiel às normas sociais e presas às leis da sociedade patriarcal, aceitando a sua fragmentação…a sua divisão interior, psicológica e sexual,  em boas e más, em feias e belas…em pobres e ricas, gorda s e magras…e só lutam dentro desse contexto, lutando contra a maré que as engole e avassala, que as anula e destrui..

"Quando a psique de uma mulher está gerando uma ideia do que poderá ser feito ou o que poderá realizar-se, ser ridicularizada aborta o que poderia emergir; a indiferença a mata de inacção.
Um círculo seguro sustenta, em confiança, o sonho daquilo que ela poderá vir a ser e alimenta a possibilidade."

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Às vezes quase que desanimo por completo, perco a esperança nesta luta, nesta vontade que me anima de partilhar o que realmente podia ser um mundo em que a mulheres fossem conscientes do seu potencial e da seu poder interno! (se as mulheres se unissem de coração e sem hesitação, o mundo mudaria num instante estou certa...)
Eu sei e pela minha própria experiência em vários encontros no Feminino que embora não sendo ainda nada conclusivo, e sejam meritórios todos esses esforços, não posso deixar de constatar quão poucas são as mulheres que  vivenciam as suas experiências de forma integrada e consciente, e como são ainda  incapazes de vencer os obstáculos para aparecer ou formar um grupo e se darem de corpo e alma…ou simplesmente dar a sua presença! Fazem-no, como costumo dizer, sempre que o empenho é no corpo de sedução ou na sexualidade, quando de algum modo podem lucrar para seduzir o macho...ou recuperar a sua imagem de consumo mecantil. 
 Dizem-me muitas vezes que sou extrema, mas é a minha Lilth que vos fala e de nada adianta contemporizar neste caso, pelo menos no meu caso, ela não me permite tal. No entanto, eu também sei, que entre as poucas mulheres que se mantêm fiéis pela sua presença e empenho onde quer que estejam a experiência da Deusa foi e é  inequívoca…mas neste momento já  esperava um maior avanço confesso. Vejo interesses pessoais acima de tudo, vejo procura de lucro pessoal, de desconfiança nas outras e falta de entrega verdadeira...vejo a teoria e a brincadeira, o jogo de interesses e o tráfico de influências ainda, vejo a superficialidade e a falta de seriedade...vejo tudo e bem sei que é chato a Idade de Hecate...

- Penso que era tão simples se houvesse vontade....e se em vez de 5 ou 6 ou dez mulheres dispersas por aí e cada uma por seu lado mesmo que cheias de boa vontade, formássemos um grupo ou vários grupos de mulheres que se unissem e trabalhassem nesse sentido mas com total empenho, como sugerem os Círculos das Mulheres de Shinoda Bolen em o MILIONÉSIMO CÍRCULO, tudo podia acontecer muito mais depressa desde que cada uma de nós dedicasse tudo de si a si mesma…de alma e coração!

"Estar num círculo é uma experiência de aprendizagem e crescimento que incorpora a sabedoria e a experiência, o compromisso e a coragem de cada mulher que o compõe. (...)
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Porque este si mesma, apesar de nos dizerem que é egoista e imoral, significa dádiva e empenhamento e não fechamento egoísta e vazio, em causas perdidas de vaidade e sucesso pessoal.
Bem sei que eu nada posso fazer mas para mim é irreversível o Caminho da Deusa, porque esse caminho sou EU própria.
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"A versão atual deste movimento pode se autodenominar grupo de discussão, ou pode ser um círculo de oração ou de meditação, um grupo de estudo, de apoio ou pode, ainda, ser um grupo com um projeto ou uma causa. Qualquer que seja o nome, qualquer que seja a agenda, se for um círculo com um centro, os seus membros são testemunhas, modelos, e possuem conexões de alma entre si. Eles tornam-se agentes de manifestações de apoio psicológico e espiritual não palpáveis, tornando-se fiadores de uma realidade e de uma possibilidade. Grupos de apoio mútuo e aprendizado. Agentes de mudança.”*

*in o MILIONÉSIMO CÍRCULO – de Shinoda Bolen

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