O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, maio 05, 2012

O CAMINHO DE VOLTA...


A DEUSA BRANCA
*
"A visão da mulher tem um papel importante na Obra de Alquimia.
A mulher que se vê - companheira, amante, ou deusa iniciadora - é a projecção de um oposto a integrar nessa união superior a que se aspira.
É a força transformadora, ela mesma transformada - em mineral, vegetal, animal, ou ainda num dos elementos, ou um astro, ou logo em divindade "
(...).
in A ALQUIMIA DO AMOR
Y.K.Centeno



"Era uma vez uma Virgem ou uma Deusa branca completa em si mesma e absolutamente transparente. Esta deusa vivia em comunhão com o seu habitat interior e exterior, que pode ser visto como a montanha branca. Na base desta montanha existia uma imensa floresta e para além desta, estava o desconhecido. A Deusa continha os códigos de toda a criação, de todas as possibilidades, ela é primordial pois está no início da história.

Há um momento em que a Deusa sente necessidade de se doar, mas não sabe a quê, nem como. A sua primeira reacção é começar aos poucos a descer a montanha até á orla interior da floresta, no entanto, quando tenta atravessá-la não consegue. Ela vai tentando por vários caminhos mas não consegue e nesse momento descobre que na passagem para o exterior existem quatro caminhos que vão dar para além da floresta. Neste momento, interroga-se: “Eu estou aqui nesta montanha e busco a forma através da qual me posso doar?” e uma voz dentro de si responde, “Tens quatro caminhos, tens que te dividir em quatro e no entanto permanecer uma, cada uma das tuas divisões vai percorrer cada um dos caminhos, mas tu mesma agora não os podes atravessar.”

Então esta Deusa branca, Lux Aeterna, concentra-se e divide-se em quatro deusas e cada uma delas começa a entrar na floresta, emanando uma cor: vermelho, verde água, azul água e dourado. No entanto, a Deusa Mãe permanece do lado de dentro dos quatro caminhos e tem a estranha experiência de passagem do Um ao quatro. À medida que as deusas avançam, tornam-se cada vez mais poderosas; cada uma delas vai-se tornando cada vez mais absoluta dentro da sua existência fragmentada. No momento em que cada uma chega à orla da floresta e vê o mundo e pode começar a criar vida.

A primeira deusa que se diferenciou foi a Deusa do Fogo, depois a Deusa do Ar, depois a Deusa da Água e finalmente a Deusa da Terra – todas elas são aspectos da Deusa mãe, que ficou na montanha Branca. Estas deusas são quatro grandes correntes de força que permitem a existência da psique humana e da alma individual. Se não houvesse esta diferenciação da força divina em quatro, não podia haver consciência e existência humana.

Estas deusas começam a criar e a nutrir toda a Criação combinando-se entre si gerando formas e seres. A Deusa dourada, que corresponde ao elemento fogo, é a deusa do entusiasmo, da irredutibilidade da fé, da criatividade, do brilho, da genialidade e do riso cósmico. A Deusa azul, elemento ar, guarda o movimento, as ligações, as articulações, as adaptações e a compreensão. A Deusa da água guarda o desejo, a possibilidade de ligar à Terra, é a força do desejo de vida sem a qual a Terra não se ligava às outras duas nem as outras duas à Terra. A Deusa da Terra é a deusa da forma, da materialização.

Estas quatro deusas depois de se afastarem muito da floresta começam gradualmente a entrar em amnésia, esquecendo-se gradualmente da Deusa branca, a Deusa mãe. À medida que este esquecimento acontece as coisas começam a ficar complicadas e confusas pois começam a conter mais elementais do mundo que vieram nutrir, do que energia Una da origem. Deste processo resulta uma Terra suja, uma água turva, um ar desassossegado, irrequieto e ansioso, e um fogo que já não sabe o que veio nutrir nem porque está a arder. Até que há um momento em que estas deusas sentem que se continuarem esquecidas vão acabar por se destruir a si próprias, perdendo não só a sua Origem como também o motivo e o gozo da Criação. A partir de certa altura, torna-se absolutamente essencial que reencontrem o caminho para a floresta e assim que esse caminho de retorno acontece, surge uma coisa maravilhosa: começam a ficar cada vez mais transparentes, mais puras, mais límpidas.

Ao fazerem o caminho de volta à origem para se alimentarem, para se nutrirem, as suas cores, vermelho, azul, verde e dourado começam gradualmente a ficar translúcidas. Essa transparência, a pureza original, não pertence a nenhum dos quatro elementos, ela é guardada pela quinta-essência, que é também a primeira: o éter primordial. É isto que significa a energia de Virgem, a pureza é aquilo que a quinta-essência dá às quatro sem as destruir nem dissipar, mas misturando-se com elas, tornando-as transparentes – a quinta-essência é o elemento de permeabilidade ao Divino."


Retirado do livro Terra Ultima---André Louro de Almeida

1 comentário:

Ná M. disse...

QUE ENCANTO ESSE TEXTO !!!!!!