A DEUSA BRANCA
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"A visão da mulher tem um papel importante na Obra de Alquimia.
A mulher que se vê - companheira, amante, ou deusa iniciadora - é a projecção de um oposto a integrar nessa união superior a que se aspira.
É a força transformadora, ela mesma transformada - em mineral, vegetal, animal, ou ainda num dos elementos, ou um astro, ou logo em divindade "
"A visão da mulher tem um papel importante na Obra de Alquimia.
A mulher que se vê - companheira, amante, ou deusa iniciadora - é a projecção de um oposto a integrar nessa união superior a que se aspira.
É a força transformadora, ela mesma transformada - em mineral, vegetal, animal, ou ainda num dos elementos, ou um astro, ou logo em divindade "
(...).
in A ALQUIMIA DO AMOR Y.K.Centeno
Há um
momento em que a Deusa sente necessidade de se doar, mas não sabe a quê, nem
como. A sua primeira reacção é começar aos poucos a descer a montanha até á
orla interior da floresta, no entanto, quando tenta atravessá-la não consegue.
Ela vai tentando por vários caminhos mas não consegue e nesse momento descobre
que na passagem para o exterior existem quatro caminhos que vão dar para além
da floresta. Neste momento, interroga-se: “Eu estou aqui nesta montanha e busco
a forma através da qual me posso doar?” e uma voz dentro de si responde, “Tens
quatro caminhos, tens que te dividir em quatro e no entanto permanecer uma,
cada uma das tuas divisões vai percorrer cada um dos caminhos, mas tu mesma agora
não os podes atravessar.”
Então
esta Deusa branca, Lux Aeterna, concentra-se e divide-se em quatro deusas e
cada uma delas começa a entrar na floresta, emanando uma cor: vermelho, verde
água, azul água e dourado. No entanto, a Deusa Mãe permanece do lado de dentro
dos quatro caminhos e tem a estranha experiência de passagem do Um ao quatro. À
medida que as deusas avançam, tornam-se cada vez mais poderosas; cada uma delas
vai-se tornando cada vez mais absoluta dentro da sua existência fragmentada. No
momento em que cada uma chega à orla da floresta e vê o mundo e pode começar a
criar vida.
A
primeira deusa que se diferenciou foi a Deusa do Fogo, depois a Deusa do Ar,
depois a Deusa da Água e finalmente a Deusa da Terra – todas elas são aspectos
da Deusa mãe, que ficou na montanha Branca. Estas deusas são quatro grandes
correntes de força que permitem a existência da psique humana e da alma
individual. Se não houvesse esta diferenciação da força divina em quatro, não
podia haver consciência e existência humana.
Estas deusas começam a criar e a nutrir toda a
Criação combinando-se entre si gerando formas e seres. A Deusa dourada, que
corresponde ao elemento fogo, é a deusa do entusiasmo, da irredutibilidade da
fé, da criatividade, do brilho, da genialidade e do riso cósmico. A Deusa azul,
elemento ar, guarda o movimento, as ligações, as articulações, as adaptações e
a compreensão. A Deusa da água guarda o desejo, a possibilidade de ligar à
Terra, é a força do desejo de vida sem a qual a Terra não se ligava às outras
duas nem as outras duas à Terra. A Deusa da Terra é a deusa da forma, da materialização.
Estas quatro deusas depois de se afastarem
muito da floresta começam gradualmente a entrar em amnésia, esquecendo-se
gradualmente da Deusa branca, a Deusa mãe. À medida que este esquecimento
acontece as coisas começam a ficar complicadas e confusas pois começam a conter
mais elementais do mundo que vieram nutrir, do que energia Una da origem. Deste
processo resulta uma Terra suja, uma água turva, um ar desassossegado, irrequieto
e ansioso, e um fogo que já não sabe o que veio nutrir nem porque está a arder.
Até que há um momento em que estas deusas sentem que se continuarem esquecidas
vão acabar por se destruir a si próprias, perdendo não só a sua Origem como
também o motivo e o gozo da Criação. A partir de certa altura, torna-se absolutamente
essencial que reencontrem o caminho para a floresta e assim que esse caminho de
retorno acontece, surge uma coisa maravilhosa: começam a ficar cada vez mais
transparentes, mais puras, mais límpidas.
Ao fazerem o caminho de volta à origem para se
alimentarem, para se nutrirem, as suas cores, vermelho, azul, verde e dourado
começam gradualmente a ficar translúcidas. Essa transparência, a pureza
original, não pertence a nenhum dos quatro elementos, ela é guardada pela
quinta-essência, que é também a primeira: o éter primordial. É isto que
significa a energia de Virgem, a pureza é aquilo que a quinta-essência dá às
quatro sem as destruir nem dissipar, mas misturando-se com elas, tornando-as
transparentes – a quinta-essência é o elemento de permeabilidade ao Divino."
1 comentário:
QUE ENCANTO ESSE TEXTO !!!!!!
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