“ Ela é feita de ferro!”
(NÃO)
Ela é, simplesmente, “feita
de mulher,” e isso é suficiente.
Solidão…liberdade…o meu
agradável e árduo trabalho como pantomima e bailarina …os meus músculos felizes
e cansados, a nova preocupação (que me liberta da velha preocupação) de ganhar
para pagar a minha própria comida, roupa e renda de casa…tudo isto,
imediatamente, se tornou o meu destino de vida mas eu também adquiri uma
desconfiança selvagem, uma antipatia pelo meio onde eu vivera e sofrera, um
estúpido medo do homem, dos homens, e das mulheres, também…Uma mórbida
necessidade de permanecer ignorante em relação ao que se passa a minha volta, de
ter apenas pessoas muito simples perto de mim, pessoas que, dificilmente,
teriam ideias originais…
E outra peculiaridade tomou
posse de mim muito rapidamente: Eu sinto-me isolada e protegida em relação aos
meus companheiros seres humanos apenas quando estou no palco – a barreira das
luzes da ribalta mantendo-me a são e salvo de todos.”
Colette, em “A Vagabunda”
Sidonie-Gabrielle Claudine, Mademoiselle Colette
(Romancista francesa- 1873 - 1954)
Romancista francesa nascida
no povoado de Saint-Sauveur-en-Puisaye, o maior nome feminino das letras
francesas na primeira metade do século XX. Da infância, guardou sempre uma
memória encantada, influenciada principalmente pela figura da mãe, Adèle-Eugénie-Sidonie,
a quem ela adorava e chamava de Sido. O pai, Jules Colette, um incurável
sonhador, fora capitão dos zuavos e perdera uma perna em batalha. Casou-se
(1893) com o escritor Henry Gauthier-Villars, o Willy, catorze anos mais velho,
e começou a escrever. Seu marido assinou como autor a série Claudine
(1900-1903), uma obra da autora sobre sua infância. Essa sua personagem, foi a
primeira teenager típica do século, a aparecer em literatura. Estas figuras de
adolescentes chocaram as cabeças bem pensantes da época e seus livros eram
guardados à chave, para que as meninas de boas famílias não pudessem ter-lhes
acesso, inclusive colocados no Índex, do Vaticano. Divorciada (1906) tornou-se
atriz do teatro de variedades, experiência que rendeu livros como La Vagabonde
(1910) e L'Envers du music-hall (1913). Durante a primeira guerra mundial,
tornou-se jornalista; depois dedicou-se à literatura. Na década seguinte
tornou-se célebre como escritora, abordando as inquietações da juventude do
pós-guerra, sob o pseudônimo literário de Colette. Foi eleita (1945) para a
Academia Goncourt e recebeu a Legião de Honra, e morreu em Paris. Em sua obra
fala das dores e dos prazeres do amor e são notáveis pela evocação sensorial de
sons, sabores, cheiros, texturas e cores. Foram sucesso livros como Chéri
(1920), Le Blé en herbe (1923), La Maison de Claudine (1922), La Chatte (1933),
Duo (1934), Gigi (1944), L'Étoile Vesper (1947) e Le Fanal bleu (1949). Um das
glórias da França e da Literatura, escreveu livros, aparentemente destinados a
meninas bem comportadas que, afinal, eram tão escandalosos como a vida da
autora. Foi a primeira mulher francesa a ter direito a um funeral de Estado,
apesar de o arcebispo de Paris ter recusado oficiar a cerimônia religiosa, o
que suscitou críticas de católicos devotos como Graham Greene, e até hoje causa
admiração e suscita controvérsias.*
* in Biografias net
2 comentários:
Me identifiquei demais com este texto.
aINDA BEM...
foi como as mulheres começaram a lutar por elas...
abraço
rl
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