O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, agosto 14, 2012

DE QUE É FEITA UMA MULHER?


“ Ela é feita de ferro!”

(NÃO)

Ela é, simplesmente, “feita de mulher,” e isso é suficiente.

Solidão…liberdade…o meu agradável e árduo trabalho como pantomima e bailarina …os meus músculos felizes e cansados, a nova preocupação (que me liberta da velha preocupação) de ganhar para pagar a minha própria comida, roupa e renda de casa…tudo isto, imediatamente, se tornou o meu destino de vida mas eu também adquiri uma desconfiança selvagem, uma antipatia pelo meio onde eu vivera e sofrera, um estúpido medo do homem, dos homens, e das mulheres, também…Uma mórbida necessidade de permanecer ignorante em relação ao que se passa a minha volta, de ter apenas pessoas muito simples perto de mim, pessoas que, dificilmente, teriam ideias originais…

E outra peculiaridade tomou posse de mim muito rapidamente: Eu sinto-me isolada e protegida em relação aos meus companheiros seres humanos apenas quando estou no palco – a barreira das luzes da ribalta mantendo-me a são e salvo de todos.”


Colette, em “A Vagabunda”



Sidonie-Gabrielle Claudine, Mademoiselle Colette

(Romancista francesa- 1873 - 1954)


Romancista francesa nascida no povoado de Saint-Sauveur-en-Puisaye, o maior nome feminino das letras francesas na primeira metade do século XX. Da infância, guardou sempre uma memória encantada, influenciada principalmente pela figura da mãe, Adèle-Eugénie-Sidonie, a quem ela adorava e chamava de Sido. O pai, Jules Colette, um incurável sonhador, fora capitão dos zuavos e perdera uma perna em batalha. Casou-se (1893) com o escritor Henry Gauthier-Villars, o Willy, catorze anos mais velho, e começou a escrever. Seu marido assinou como autor a série Claudine (1900-1903), uma obra da autora sobre sua infância. Essa sua personagem, foi a primeira teenager típica do século, a aparecer em literatura. Estas figuras de adolescentes chocaram as cabeças bem pensantes da época e seus livros eram guardados à chave, para que as meninas de boas famílias não pudessem ter-lhes acesso, inclusive colocados no Índex, do Vaticano. Divorciada (1906) tornou-se atriz do teatro de variedades, experiência que rendeu livros como La Vagabonde (1910) e L'Envers du music-hall (1913). Durante a primeira guerra mundial, tornou-se jornalista; depois dedicou-se à literatura. Na década seguinte tornou-se célebre como escritora, abordando as inquietações da juventude do pós-guerra, sob o pseudônimo literário de Colette. Foi eleita (1945) para a Academia Goncourt e recebeu a Legião de Honra, e morreu em Paris. Em sua obra fala das dores e dos prazeres do amor e são notáveis pela evocação sensorial de sons, sabores, cheiros, texturas e cores. Foram sucesso livros como Chéri (1920), Le Blé en herbe (1923), La Maison de Claudine (1922), La Chatte (1933), Duo (1934), Gigi (1944), L'Étoile Vesper (1947) e Le Fanal bleu (1949). Um das glórias da França e da Literatura, escreveu livros, aparentemente destinados a meninas bem comportadas que, afinal, eram tão escandalosos como a vida da autora. Foi a primeira mulher francesa a ter direito a um funeral de Estado, apesar de o arcebispo de Paris ter recusado oficiar a cerimônia religiosa, o que suscitou críticas de católicos devotos como Graham Greene, e até hoje causa admiração e suscita controvérsias.*

* in Biografias net

2 comentários:

Anónimo disse...

Me identifiquei demais com este texto.

rosaleonor disse...

aINDA BEM...

foi como as mulheres começaram a lutar por elas...

abraço

rl