SENTIMENTALIDADE...
E SENTIMENTOS...
Ora acontece e convém esclarecer que um grupo é ou deve ser uma dinâmica de trabalho focado em nós mesmas para uma tomada de consciência, de partilha de problemas comuns, é certo, mas relacionados com a vontade de sairmos dos nossos impasses e dramas e não para entreter ou afagar as nossas mágoas e muitas vezes de quem não quer fazer nada consigo e prefere chorar sobre o leite derramado, ou então manter tudo como está e andar em círculos a volta dos seus sentimentos de perda, de raiva, de ódio, de competição, de injustiça, de culpa ou de acusação…
- A sentimentalidade, digamos, é o excesso de sentimentos negativos, quase sempre,
e um pouco inúteis porque quase sempre ligados à falta de auto-estima, à
susceptibilidade extrema e ao melindre pessoal, e que fazem das nossas vidas um
inferno...nem sempre é fácil porém distinguir
essa sentimentalidade dos sentimentos verdadeiros, mas também não é só uma
questão de semântica.
Existe
uma diferença abissal entre os sentimentos banais, as dores pessoais, e com
isto não digo que não sejam reais, - mas que nós mulheres gostamos muito de
explorar e viver muitas vezes à conta deles - e os sentimentos profundos, o
SENTIR que nos faz ir mais fundo e nos dá consciência e servem de alavanca para
sairmos deles e ir para lá dessas especulações ou exploração das emoções primárias,
das dores passadas...
Também
achamos e não é o mais comum pensar assim, que todo o sofrimento é muito
válido, mas não é bem assim. Há um sofrimento que nos torna dignas… e há um
sofrimento indigno…
É
verdade que nem sempre se pode distinguir em nós o sofrimento especulativo que
nos mantêm cativas da dor (vivido na identificação com a eterna vítima ou como o
predador, do lado de quem tem de castigar o culpado da nossa dor, ou como
salvador/as de alguém que coitadinha sofre muito) e a não ser que se faça todo
um trabalho de consciência connosco primeiro, um trabalho de foro psicológico para começar, vamos passar a vida a
queixarmo-nos dos nossos males sem mudar nada em nós nem nos outros. Pensamos
que ajudamos e não ajudamos nada.
Há muita gente a confundir pena, bondade e
caridade, com amor. Ou que temos de ser sempre compassivas, boazinhas e aceitar
tudo umas das outras etc. etc. Mas não. Eu sofro, pessoalmente e pelo
sofrimento que vejo no mundo e por isso respeito o sofrimento em particular das outras
mulheres, e até homens, mas não sou conivente com esse falso amorzinho e “curas
em milagres” nem vou misturar ou meter tudo nesse saco que são as
"alternativas" new age, que apregoam o amor incondicional, por sinal
bastante bem caro…
Na
verdade não tenho SACO!
Eu sei que às
vezes eu pareço fria demais e firo as (susceptibilidades) sensibilidades...eu
sei isso. Mas cada vez mais - sim, à medida que envelheço - sinto que não há
tempo a perder com a sentimentalidade...Nós mulheres gostamos muito do
sentimentalismo como gostamos do romantismo etc. Gostamos de fazer de vítimas…
ou heroínas ou salvadoras; ou queremos muitas vezes, quase sempre, chamar a
atenção para nós: sou bonita ou feia, inteligente ou carente, mas sobretudo a tónica
é: “vê o que eu sofro ou sofri”... E é aí que eu entro muitas vezes a matar e
sei que dói...ou arde, mas o que arde cura. É, dizem-me, tratamento de choque,
e eu digo que é puro exorcismo...mas eu não vou dizer que sou isto ou aquilo ou
que sou Bruxa. Acontece...acontece quando eu menos espero...
Por
favor isso não é NADA pessoal...mas é preciso acordar...de qualquer coisa que
nos amarra nessa sentimentalidade...nesse romantismo serôdio e nos impede de
uma liberdade verdadeira de SER…
3 comentários:
Leonor eu detesto frescura ... costumo ser muito dura comigo e às vezes com quem está ao meu redor, mas a verdade é que não consigo verbalizar o que realmente sinto, acabo me enrolando nas palavras e não fica explícito o meu sentimento ... muitas vezes tento escrever na tentativa de exorcizar de vez esse sentimento que às vezes me paralisa, mas também nem sempre funciona ...
Um abraço
Não é fácil não...mas havemos de lá chegar...se continuarmos a ser sinceras connosco as pessoas aacabam por nos entender...
abraço
rleonor
Isto não tem nada com frieza, pois somos capazes de sentir ternura, porém viver na ilusão é muito mais triste.
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