O BEIJO ESTANCADO NO AR
"O quanto de maravilhoso elas me ensinaram na relação Natureza-Terra-Humanidade! Estávamos ali naquele santuário guaratibano, em mar aberto, uma verdadeira biodiversidade. O ar puro, o cheiro do peixe assado, do camarão, dos frutos do mar, um ar quase sagrado. Era um feriado de sol fresco, tão fresco que o vento batia à minha pele e eu sentia a leveza do ser e o prazer de estar ali, próximo ao balneário. Ao lado só via as copas das árvores, à frente a ...estrada que conduzia ao desconhecido; ao lado, o manguezal ainda intacto cheinho de caranguejinhos caminhando; acima, o sol paradisíaco e um céu azul formoso anunciando um “mistério”. Aquele dia tinha um ar de algo a ser desvelado, ou algo a ser anunciado.
Comemos, bebemos, rimos das histórias contadas ao fulgor do êxtase de cada um. Ríamos como crianças, sem nenhuma responsabilidade. Mas algo havia no ar. O prenúncio do futuro. O prenúncio dos sentidos. Algo inquietante fora da normalidade de meus dias tão meditativos, tão atropelados pelo volume de trabalho, rotinas e responsabilidades. É ridículo relembrar insucessos do passado e é promissor fortalecer o sagrado “Eu” que habita em nós, na sutileza da existência. É ridículo quando se tem o sol pela frente, sofrer a dor do coração. Mas somos humanos. A ascensão à perfeição ainda não aconteceu, portanto lágrimas são permitidas. E como dói o coração! "
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Eliane Potiguara
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Eliane Potiguara
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