“ A Deusa apaixona-se por si mesma, suscitando a sua própria
emanação, que passa a ter existência própria. O amor do "self" pelo
"self" é a força criativa do universo. O desejo é a energia
primordial esta energia é erótica: a atracção entre o amador e o amado, da
luneta e a estrela, do eléctron pelo próton. O amor é o laço que mantém o mundo
unido.”
Starhwak em A Dança
Cósmica das Feiticeiras
Para as mulheres, a constante busca entre espiritualidade
como caminho, e a busca da sua própria identidade profunda, coloca-se muitas
vezes em oposição ou como alternativa. E não é uma coisa nem outra. Porque
continuamos a confundir o processo dito espiritual como uma finalidade em si,
comum a todos os indivíduos e a não ver este ponto crucial da realidade da
mulher de hoje que é ela estar cindida em duas espécies de mulheres...e que isso gera nas
mulheres todas uma ferida do tamanho do Mundo: Ela é sempre a visada como
culpada de todas as quedas do homem (a causadora da “Queda” original) dentro do
Sistema patriarcal. No entanto, eu diria que a
mulher é a sua vítima preferencial, ao ser afastada da sua natureza e essência
primeira, e por isso ignora-se que o caminho espiritual da mulher possa ser
diferente do caminho do homem, porque - e isto é algo que não se quer ver ou
sequer pensar - parte da sua espiritualidade está ligada à sua Natureza
intrínseca, ontológica, ao sangue e as luas, ao dar à Luz – tudo o que faz essa
diferença e é a sua essência primeira. A Mulher de hoje, não estando ligada à sua fonte
interna como mulher - o que acontece regra geral na nossa sociedade, totalmente
alienada dessas funções primordiais e em que todas as mulheres vivem essa
divisão na sua psique, sendo apenas metade de si e uma espécie de “utensílio”
ao serviço dos homens, sejam maridos e filhos, patrões ou padres - e portanto não unindo essas partes e
não tendo acesso a essa mulher das profundezas -, a mulher estará sempre
sujeita ao fracasso nessa senda do homem e consequentemente o homem também porque assim nem ele tem
acesso à verdadeira mulher, a mulher inicial, ou seja, à sua Anima ou ao seu
verdadeiro feminino que a mulher lhe devia espelhar e não pode. Essa
divisão-cisão na mulher não só a impede a ela de ser uma totalidade em si como
mulher, como impede o próprio homem de chegar a si mesmo pois ele chega à Deusa
e ao seu feminino através da Mulher...Assim eram as iniciações antigas dos
homens nos Templos sagrados ao Amor da Deusa e que eles substituíram por bordéis e lupanares.
A razão de Jung ter qualificado a anima como parte integrante
ou dominante do masculino e o animus parte do feminino, invertendo as
polaridades, associando esse princípio e
a meu ver mal, ao Yin e ao Yang é que embora estes dois aspectos estejam em ambos os seres, e isso é efectivamente uma
verdade, e nem um nem outro, homem ou mulher, estão na plenitude dessa
consciência cósmica universal que é representada no Tao ou vivendo a integração
desses dois lados ou polos do Ser em Um só, e dai a ideia da necessidade de “completude”,
na união do par alquímico quer dentro quer fora de cada ser. Mas parece-me um total absurdo,
embora compreensível na época, designar a anima à partida como parte integrante do masculino e o animus na mulher predominantemente.
O facto é que na época de Jung e Freud etc. se dava como natural essa cisão na mulher e o que ela reflectia dessa cisão e conflito profundo dentro de si, que era apenas considerada uma patologia, neurose ou esquizofrenia, sendo a mulher “naturalmente” por condição...uma histérica ou um mistério, um ser complexo e por vezes até um ser “desnaturado” etc. - ver como tratavam a mediunidade e a sexualidade das mulheres... Na verdade toda essa "patologia" era e é apenas uma consequência da Psique Feminina dividida e essa cisão manifestar-se numa ferida profunda na mulher, sempre em luta consigo mesma, forçada pelas regras de uma sociedade paternalista e pelas leis patriarcais a ser uma (a esposa) ou a “outra” (a mante) pelo facto de terem relegado a uma inferioridade congénita diria, atribuindo-lhe um duplo papel, o de esposa e amante, o de mulher "natural" dedicada ao homens e aos filhos, a santa e a esposa, e a de uma mulher promiscua, malévola, a amante, e isto ao instituir o casamento como via única para a mulher e se esta não fosse casada e portanto pertença do Homem teria assim de se prostituir…separando a função maternal do prazer e o prazer da mulher totalmente abolido no coito marital. Mas esta ideia e preconceito milenar está tão inculcado nas cabeças das pessoas ainda, sobretudo dos homens e tão enraizado na mente colectiva, e nas próprias mulheres passivas e submissas, que nem os homens mais espertos, como os psicanalistas e médicos deram por nada…Claro nem lhes convinha...eles próprios aprisionaram filhas e mulheres...e condenaram amantes...
O facto é que na época de Jung e Freud etc. se dava como natural essa cisão na mulher e o que ela reflectia dessa cisão e conflito profundo dentro de si, que era apenas considerada uma patologia, neurose ou esquizofrenia, sendo a mulher “naturalmente” por condição...uma histérica ou um mistério, um ser complexo e por vezes até um ser “desnaturado” etc. - ver como tratavam a mediunidade e a sexualidade das mulheres... Na verdade toda essa "patologia" era e é apenas uma consequência da Psique Feminina dividida e essa cisão manifestar-se numa ferida profunda na mulher, sempre em luta consigo mesma, forçada pelas regras de uma sociedade paternalista e pelas leis patriarcais a ser uma (a esposa) ou a “outra” (a mante) pelo facto de terem relegado a uma inferioridade congénita diria, atribuindo-lhe um duplo papel, o de esposa e amante, o de mulher "natural" dedicada ao homens e aos filhos, a santa e a esposa, e a de uma mulher promiscua, malévola, a amante, e isto ao instituir o casamento como via única para a mulher e se esta não fosse casada e portanto pertença do Homem teria assim de se prostituir…separando a função maternal do prazer e o prazer da mulher totalmente abolido no coito marital. Mas esta ideia e preconceito milenar está tão inculcado nas cabeças das pessoas ainda, sobretudo dos homens e tão enraizado na mente colectiva, e nas próprias mulheres passivas e submissas, que nem os homens mais espertos, como os psicanalistas e médicos deram por nada…Claro nem lhes convinha...eles próprios aprisionaram filhas e mulheres...e condenaram amantes...
E aqui começa uma nova história…Para isso há que ter em conta o branqueamento
feito à mulher verdadeira, o seu apagamento como ser autónomo e livre, a mulher inteira, assim
como o da Deusa Mãe, ambas banidas da história dos homens e das suas religiões –
que mantêm uma “deusa imaculada” e estéril no altar das suas Igrejas e condenam a mulher real a exploração mais abjecta. Eles
dominam o Planeta há milénio submetendo e explorando metade desta humanidade:
as mulheres e as Mães…
rosaleonorpedro
3 comentários:
Palmas!!!
Texto brilhante !Parabens !
Agenor.
QUERIDA ROSA!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ESTE TEXTO É MAIS UM Q IMPRIMI !!! O HOMEM ESTA SENTINDO AFETO POR SI, MAS SÓ PQ TEM AS MULHERES!!!!! OU SEJA,ELES O SENTEM ATRAVÉS DA MULHER!!!!!!!
ROSA DO CÉU..........
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