O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, outubro 16, 2014

PALAVRAS DE UM PADRE...



A MALDIÇÃO DE NASCER MULHER


Nascer mulher é maldição. O poder, macho, odeia as mulheres. Não suporta a sua fecunda fragilidade. A sua indescritível beleza. O seu arrebatador fascínio. A sua imensa capacidade de resistir, nas condições-limite. E a prova é que os assassinatos de mulheres, casadas ou não, prosseguem, hoje aí, a um ritmo devastador. Coisa banal, simples fait-divers. As mulheres são o útero da vida. Mas o poder, nos três poderes, odeia a vida. Odeia os afectos. O...deia a fecundidade. É assassino. Antípoda das mulheres. Os primeiros nove meses de todos os seres humanos são vividos no útero das mulheres. O facto, só por si, deveria despertar em nós e fazer de nós emoção, ternura, comoção, encantamento, afectos mil. Desperta e desencadeia sobretudo ódios, ciúmes, cobiça, posse, assassínio. São as mulheres, o útero da vida. Nada do que é humano acontece sem elas. O facto é mais do que elementar. Não são precisos doutoramentos para vermos que é assim. Só que o poder não consegue ver, nem o elementar. É cego e bruto. Nega sistematicamente a realidade. Poder e mulheres são duas realidades incompatíveis. Tal como Deus e Dinheiro. E quem diz Deus, diz Feminino, a fonte da vida em relação de afectos. Não diz Dinheiro. Não diz poder. No princípio, é o Feminino. Mas as tecnologias, vazias de fecundidade, estão aí apostadas em dispensar o útero das mulheres. O ódio do poder contra elas vai a tais extremos. Prefere os robots aos seres humanos. E, enquanto não chega lá, faz tudo para esterilizar as mulheres. Convertê-las em poder, de sua natureza, estéril. Só produz espinhos e abrolhos. Como quem diz, refinados instrumentos de tortura, cruzes, guilhotinas, fogueiras, inquisiões, excomunhões, guerras, bombardeiros, bombas nucleares. O terceiro milénio é feminino, ou não será. Uma epopeia hoje quase impossível, depois de milénios e milénios com o poder ao leme do mundo. Com destaque para as chamadas religiões do Livro, o judaísmo, o cristianismo, o islamismo, que vêem no poder, Deus, e nas mulheres, concubinas, prostitutas, de usar e deitar fora. As três são hoje o pecado e o crime organizados do mundo. Esta é, pois, a hora é das mulheres. Do Feminino!

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