O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, abril 11, 2022

Barrigas de aluguer: um negócio que tem de acabar

 


Esperemos que na reconstrução difícil e na reconfiguração que obrigatoriamente toda a Europa vai ter de fazer, consigamos acabar também com este negócio que, afinal, não é mais do que um retrocesso civilizacional.


BARRIGAS DE ALUGUER MADE IN UCRANEA

Assim como as deve alertar a notícia da barriga de aluguer ucraniana que chegou a Portugal por intervenção do casal que contratou os seus serviços, para dar à luz no Hospital de S. João — apenas um dos casos que levou a criar uma suposta adenda extraordinária às regras de registo civil, num complicado imbróglio de legalidade duvidosa. Embora os casos particulares nos toquem sempre, e perante os factos consumados o importante é dar-lhes solução, não nos podemos esquecer que a lei portuguesa considera crime que alguém pague/receba por “emprestar” o seu útero, ou que de forma mais directa ou sub-reptícia um bebé seja transaccionado por dinheiro.
E é de dinheiro que falamos. Em 2020, uma reportagem da TVI referia que a contratação deste serviço valia pelo menos 40 mil euros, dos quais 350 euros/mês eram entregues à “barriga receptáculo”, com um prémio de 13.550 euros depois do parto, 15 mil euros no caso de gémeos. E embora as próprias mulheres entrevistadas referissem que o faziam de livre vontade, ninguém lembrava o telespectador de que, na altura, o salário mínimo na Ucrânia era de 112 euros, tornando incrivelmente aliciante esta nova categoria profissional. Com mais um detalhe arrepiante, Ana: a partir dos sete meses de gestação estas portadoras passavam a modo de “prisão domiciliária” num apartamento da agência, de forma a garantir que o “produto” estaria nas melhores condições no acto da entrega.

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