(...) O que te estou escrevendo não é para se ler - é para se ser. A trombeta dos anjos-seres ecoa no sem tempo. Nasce no ar a primeira flor. Forma-se o chão que é a terra. O resto é ar e o resto é lento fogo em perpétua mutação. A palavra "perpétua" não existe porque não existe o tempo?
Mas existe o ribombo. E a existência minha começa a existir. Começa então o tempo? Ocorreu-me de repente que não é preciso ter ordem para viver. Não há padrão a seguir e nem há o próprio padrão: nasço. Ainda não estou pronta para falar em "ele" ou "ela". Demonstro "aquilo".
Aquilo é lei universal. Nascimento e morte. Nascimento: Morte. Nascimento e - como uma respiração do mundo. (...)
in Água Viva Clarice Lispector
Mas existe o ribombo. E a existência minha começa a existir. Começa então o tempo? Ocorreu-me de repente que não é preciso ter ordem para viver. Não há padrão a seguir e nem há o próprio padrão: nasço. Ainda não estou pronta para falar em "ele" ou "ela". Demonstro "aquilo".
Aquilo é lei universal. Nascimento e morte. Nascimento: Morte. Nascimento e - como uma respiração do mundo. (...)
in Água Viva Clarice Lispector
Pintura:
GUARDIÃS DO GRAAL de Lena Gal
Sem comentários:
Enviar um comentário