"No alto do ramo mais alto, uma tão rosa maçã. Mulher.
Esqueceram-na os apanhadores de frutas? Não.
Mãos não tiveram para a colher..."
Safo
*
Esqueceram-na os apanhadores de frutas? Não.
Mãos não tiveram para a colher..."
Safo
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" E eis que o meu mal me domina. Sou ainda a cruel rainha dos medas e dos persas e sou também uma lenta evolução que se lança como ponte levadiça a um futuro cujas névoas leitosas já respiro. Minha aura é de mistério de vida. Eu me ultrapasso abdicando de meu nome, e então sou o mundo. Sigo a voz do mundo com voz única."
(...)
"Estou triste. Um mal estar que vem do êxtase não caber na vida dos dias. Ao êxtase devia seguir o dormir para atenuar a vibração de cristal ecoante. O êxtase tem de ser esquecido.
"Os dias. Fiquei triste por causa desta luz diurna de aço em que vivo. Respiro o odor de aço no mundo dos objectos."
EM ÁGUA VIVA -Clarisse Lispector
*
Há mágoas íntimas que não sabemos distinguir pelo que contêm de subtil e de infiltrado, se são da alma ou do corpo, se são o mal-estar de se estar sentido a futilidade da vida, se são a má disposição que vem de qualquer abismo orgânico - estômago, fígado ou cérebro. Quantas vezes se me tolda a consciência vulgar de mim mesmo, num sedimento turvo de estagnação inquieta! Quantas vezes me dói existir, numa náusea a tal ponto incerta que não sei distinguir se é tédio, se um prenúncio de vómito! Quantas vezes...
FERNANDO PESSOA - O LIVRO DO DESASSOSSEGO
(...)
"Estou triste. Um mal estar que vem do êxtase não caber na vida dos dias. Ao êxtase devia seguir o dormir para atenuar a vibração de cristal ecoante. O êxtase tem de ser esquecido.
"Os dias. Fiquei triste por causa desta luz diurna de aço em que vivo. Respiro o odor de aço no mundo dos objectos."
EM ÁGUA VIVA -Clarisse Lispector
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Há mágoas íntimas que não sabemos distinguir pelo que contêm de subtil e de infiltrado, se são da alma ou do corpo, se são o mal-estar de se estar sentido a futilidade da vida, se são a má disposição que vem de qualquer abismo orgânico - estômago, fígado ou cérebro. Quantas vezes se me tolda a consciência vulgar de mim mesmo, num sedimento turvo de estagnação inquieta! Quantas vezes me dói existir, numa náusea a tal ponto incerta que não sei distinguir se é tédio, se um prenúncio de vómito! Quantas vezes...
FERNANDO PESSOA - O LIVRO DO DESASSOSSEGO
4 comentários:
Tbm eu ando com esse gosto de cabo de guarda-chuva na lingua...
nem saliva do asco...
me sinto as vezes a imbecil plumada presa na gaiola com finos e quase imperceptíveis fios de nylon, de onde comigo brincam aos fantoches, contra a minha vontade, e eu não gosto de perceber isso...
as vezes sinto só o mormaço das tardes atravessando o deserto de um tempo em desalinho...
Nana, Rosa, isto é depressão. Tem remédio mas no meu caso se cronificou... Ainda bem que vocês aproveitaram para exprimir de forma poética e assim, deixar os outros que também sentem ler em palavras o que tem, ajuda-nos a entender. Beijinhos!
Xaxeila
Nesse caso, a minha depressão é do tipo indecisa... vai e volta, pensa, desiste... kkkkkkkkkkkkk...
ou então eu sou bipolar tbm...
ah, masoquista eu não sou!!!
a
mas estou amando a possibilidade de me tornar uma mulher selvagem...
preguiçosa, e selvagem...
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Depressão é natural, não é nenhum mal...é uma fase de desestruturação do ser a vários níveis...é ir ao fundo de si e se não tivermos medo e formos ao fundo com confiança o mesmo que nos empurra para baixo, elev-nos para cima...e assim é a vida enquanto não atingirmos o centro...
um abraço grande para as duas
rleonor
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