A DEUSA ERA BRANCA...
SEM MUSA NÃO HÁ POETAS...
"Através da tradicional veneração da Deusa Branca ela torna-se uma com a mulher real, sua representante humana, sacerdotisa, profetiza ou rainha-mãe. Nenhum poeta que exalte a Musa pode experimentar conscientemente a existência senão na sua experiência da mulher pois temos de considerar que é na mulher que reside a Deusa seja em que grau for.(...)
Um poeta que exalte a musa abandona-se absolutamente ao amor e a mulher que ele ama na vida real é para ele a encarnação da Musa.
(...)Mas o verdadeiro poeta, perpetuamente obsediado pela Musa, faz a distinção entre a Deusa na qual ele reconhece o poder supremo, a glória da sabedoria no amor de uma mulher, e a mulher indivíduo que a Deusa pode tornar seu instrumento por um mês, um ano, sete anos ou mesmo mais. O que é próprio da Deusa fica; e talvez o seu poeta tenha de novo a possibilidade de a reconhecer através da experiência que possa vir a ter de uma outra mulher "
A POESIA E... A MULHER MUSA
"Assim que as formas poéticas começam a ser utilizadas por homossexuais e que o “amor platónico” (o idealismo homossexual) se introduz nos costumes, a deusa vinga-se. Sócrates, se bem nos lembramos, teria banido os poetas da sua lúgubre república. A alternativa consistindo a passar sem o amor da mulher é o ascetismo monástico; os resultados que daí advieram foram mais trágicos do que cómicos. No entanto a mulher não é poeta: ela é a Musa ou nada. Isto não quer dizer que uma mulher deveria abster-se de escrever poemas, e sim apenas que ela deveria escrever como mulher, e não como se fosse um homem.
O poeta era originalmente o Místico ou o Fiel em êxtase da Musa, as mulheres que participavam nos seus rituais eram suas representantes. (...)
É verdade que a mulher, desde há algum tempo, se tornou o chefe virtual da casa em quase todo o Ocidente, ela agarrou os cordões à bolsa e pode aceder a qualquer carreira ou situação que lhe agrade; mas é pouco verosímil que ela venha a repudiar o sistema apesar da ordem patriarcal dominante. Apesar de todas as suas desvantagens, ela tem agora uma maior liberdade de acção que até o homem não conservou para si próprio; ainda que ela se aperceba intuitivamente que o sistema está maduro para uma mudança revolucionária, parece não se preocupar nem ter pressa para a obter. É-lhe mais fácil fazer o jogo do homem ainda mais um tempo até que a situação acabe por se tornar absurda e inconfortável tanto para uns como para outros se poderem entender.”
(...)
in “A DEUSA BRANCA” - (1948) de Robert Graves
SEM MUSA NÃO HÁ POETAS...
"Através da tradicional veneração da Deusa Branca ela torna-se uma com a mulher real, sua representante humana, sacerdotisa, profetiza ou rainha-mãe. Nenhum poeta que exalte a Musa pode experimentar conscientemente a existência senão na sua experiência da mulher pois temos de considerar que é na mulher que reside a Deusa seja em que grau for.(...)
Um poeta que exalte a musa abandona-se absolutamente ao amor e a mulher que ele ama na vida real é para ele a encarnação da Musa.
(...)Mas o verdadeiro poeta, perpetuamente obsediado pela Musa, faz a distinção entre a Deusa na qual ele reconhece o poder supremo, a glória da sabedoria no amor de uma mulher, e a mulher indivíduo que a Deusa pode tornar seu instrumento por um mês, um ano, sete anos ou mesmo mais. O que é próprio da Deusa fica; e talvez o seu poeta tenha de novo a possibilidade de a reconhecer através da experiência que possa vir a ter de uma outra mulher "
A POESIA E... A MULHER MUSA
"Assim que as formas poéticas começam a ser utilizadas por homossexuais e que o “amor platónico” (o idealismo homossexual) se introduz nos costumes, a deusa vinga-se. Sócrates, se bem nos lembramos, teria banido os poetas da sua lúgubre república. A alternativa consistindo a passar sem o amor da mulher é o ascetismo monástico; os resultados que daí advieram foram mais trágicos do que cómicos. No entanto a mulher não é poeta: ela é a Musa ou nada. Isto não quer dizer que uma mulher deveria abster-se de escrever poemas, e sim apenas que ela deveria escrever como mulher, e não como se fosse um homem.
O poeta era originalmente o Místico ou o Fiel em êxtase da Musa, as mulheres que participavam nos seus rituais eram suas representantes. (...)
É verdade que a mulher, desde há algum tempo, se tornou o chefe virtual da casa em quase todo o Ocidente, ela agarrou os cordões à bolsa e pode aceder a qualquer carreira ou situação que lhe agrade; mas é pouco verosímil que ela venha a repudiar o sistema apesar da ordem patriarcal dominante. Apesar de todas as suas desvantagens, ela tem agora uma maior liberdade de acção que até o homem não conservou para si próprio; ainda que ela se aperceba intuitivamente que o sistema está maduro para uma mudança revolucionária, parece não se preocupar nem ter pressa para a obter. É-lhe mais fácil fazer o jogo do homem ainda mais um tempo até que a situação acabe por se tornar absurda e inconfortável tanto para uns como para outros se poderem entender.”
(...)
in “A DEUSA BRANCA” - (1948) de Robert Graves
5 comentários:
Estes dias tinha me sentido mal, mas o tempo mudou com a vinda da lua cheia veio tambem os dias mais frios e chuvosos.O clima tão agradevel me fez sentir jovem e viva e eu sou as duas coisas embora por vezes assim não me sinta.Estava lendo um livro sobre a Deusa e então um ar perfumado veio me da janela e senti a Mãe.
Talvez seja por ai que comecem nossas conexões com a natureza.
Abraços
}:) Que bom! Vc leu Robert Graves! O livro "A Deusa Branca" foi sem duvida um dos melhores livros que eu li sobre a Arte. Pena que meu xará não escreveu um livro entitulado "O Deus Negro". };)
Ainda bem que já se sente melhor e activa...
precisamos de si!
Um abraço
rleonor
Ainda bem que já se sente melhor e activa...
precisamos de si!
Um abraço
rleonor
Beto:
A Deusa Branca é um livro de excepcional grandeza.Nele sabemos que a poesia sem A musa não é poesia coisa nenhuma!
um abraço
rleonor
Enviar um comentário