O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, fevereiro 23, 2010

ONDE OS FIÉIS DE AMOR?


PORTUGAL
"Queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma!"*
*Mário Cesariny

“NO Caminho da Serpente,
Fernando Pessoa disse que ela liga os contrários verdadeiros (os pólos opostos e complementares) porque, ao passo que os caminhos do mundo são, ou da direita, ou da esquerda, ou do meio, ela segue um caminho que passa por todos e não nenhum. Ela é, acrescentou num apontamento nebuloso, na ordem direita Portugal. "(...)

"Portugal é um país marcado por um destino fulgurante, embora muitas vezes infeliz, um país encoberto pela incompreensão ou pelo estrangeiramento dos seus próprios filhos infiéis, o que foi notado por pensadores de outras nacionalidades, um país onde se situa no entanto um dos grandes pilares ou fundamentos da civilização humana. Esta verdade do Portugal profundo e encoberto não é porém acessível a todos, porque a Terra e o espírito da terra são patentes na visão de curto alcance, nas ambições limitadas e na constituição cultural e psico-sociológica que dominam as nossas classes políticas e “intelectuais” de hoje.

É no entanto do conhecimento e da compreensão ou da desocultação da sua realidade recôndita e recalcada, para além das visões sociológicas superficiais, que depende o seu futuro, o futuro de todos nós, não um futuro qualquer, em mediocridade complexa e imitativa, mas um futuro de renovada grandeza humana para a nossa pátria prometida."
(...)
ANTÓNIO QUADROS

***


“SOU, CADA DIA, UM HOMEM MELHOR E MAIS PURO PORQUE SIRVO A DAMA MAIS NOBRE DO MUNDO E ADORO-A, DIGO-VO-LO EM VOZ BEM ALTA”

CANÇÃO DO SEC. XII do poeta Arnaut Daniel

*

Digo, com a maior lástima que hoje e infelizmente já não há Poetas de inspiração divina, nem Cavaleiros, de onde deriva a palavra "cavalheiros", nem tão pouco FIÉIS DO AMOR, ou homens simples dignos dessa herança...


"O AMOR" PASSA-SE NA NOSSA SOCIEDADE "CIVILIZADA" À SUPERFÍCIE DO SER, DE FORMA ESTÉRIL E MUITAS VEZES ABJECTA, INSTRUMENTALIZADO O CORPO DA MULHER SEM QUALQUER PROFUNDIDADE NEM DIMENSÃO DO SAGRADA.


O "homem moderno" procura um corpo vazio e moldável ao seu desejo breve e desprovido de alma. As mulheres modernas deixam-se instrumentalizar e respondem aos estereótipos criados pelo cinema americano. Os seus heróis são muito provável ou secretamente os cow-boys "Do Segredo de Brokeback Mountain", ou "O Sexo na Cidade"!


NADA QUE SE COMPARE AO DESEJO METAFÍSICO DA MULHER DIVINA, QUE O HOMEM SEMPRE INVEJOU…


“Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.

(...)

O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu, descobrir o famoso véu de Ísis.”*


*Jean Markale

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