O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, fevereiro 02, 2010

O AMOR DAS MULHERES, MÃES E IRMÃS…

 

"É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo." (Natália Correia)
*
NÃO, NÃO VAMOS VOLTAR AO MODELO MATRIFOCAL…


Vamos só lembrar que sem o amor da mãe e da filha, de maneira a que as mulheres se amem em vez de competirem entre si pelo pai e pelo filho, não há união das mulheres possível. Sem que esse trabalho seja feito a nível individual e dentro de cada mulher não há Ciclos sagrados, nem cultos, nem terapias ou ritos e menos ainda boas vontades que cheguem para lá chegarmos.
Foco este aspecto porque sei que na minha vida sem o amor da mulher dentro de mim eu nunca teria tido a experiência da Deusa. Quando digo “amor da mulher” não falo obviamente de sexualidade, falo do Amor em si, do respeito pela outra mulher, do afecto, da admiração, da cumplicidade, do elo amoroso vindo do coração e mesmo que passe pelo corpo isso é irrelevante, porque o Amor é muito mais do que qualquer prazer ou paixão e não é circunscrito, nem limitado pelos conceitos da sociedade patrista que fez da mulher um objecto de prazer ao serviço exclusivo do homem sem que o seu prazer contasse para nada. Foi assim durante séculos de educação cristã…

A Deusa, manifestação numinosa da força criadora, eu não a teria experimentado se o fogo do amor da Mãe e da Mulher não me tivesse inspirado. Ele veio de dentro para fora e não de fora para dentro. É uma revelação não uma mentalização. Ele acontece quando se une as duas mulheres em nós, quando já não há fragmentação entre os aspectos Eva e Lilith, ou da virgem e da pecadora, quando as duas mulheres em nós se unem ou se casam, nesse matrimónio secreto, o verdadeiro matrimónio (o outro que as mulheres sonham é o património)… só essa mulher coesa, unificada, inteira e absoluta poderá iniciar o homem ao verdadeiro amor…
De resto, acho este seu ponto de vista muito interessante, muito lúcido e urgente, mas como digo, Se…a Mulher não se encontrar a ela mesma dentro de si, não vai haver essa sociedade porque os erros se repetem caindo no extremo oposto. E aí teríamos a tal sociedade matrifocal baseado no poder temporal da mulher e não no seu verdadeiro poder e força do Feminino Sagrado que é interior!

TODA A MUNDANÇA ACONTECE DE DENTRO PARA FORA E NUNCA DE FORA PARA DENTRO! Porque as teorias e os ideais nunca singram se a Consciência do Ser Humano não mudar e neste caso é essencialmente a Mulher que tem de mudar porque é ela que educa o homem…

E como tão bem diz(ia) Natália Correia:

“ACHO que não vale a pena a mulher libertar-se para imitar os padrões patristas que nos têm regido até hoje. Ou valerá a pena, no aspecto da realização pessoal, mas não é isso que vem modificar o mundo, que vem dar um novo rumo às sociedades, que vem revitalizar a vida.


A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impor ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.

É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.
É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem.”

NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983
(excerto de entrevista concedida a Antónia de Sousa)

2 comentários:

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Só queria salientar tambem , que o modelo matrifocal, ou mesmo matriarcal e matrilinear tem uma estrutura de poder muito diferente da estrutura de dominação -poder sobre- patriarcal.Nestas sociedades homens e mulheres participavam dos ritos a Grande Mãe e mesmo os homens se tornavam reis sendo instruidos pelas sacerdotisas sobre o governo...A estrutura matriarcal ou matrilinear é um poder distinto do patriarcado, é um poder com, um poder para, um poder de realização.
E mesmo no periodo matriarcal os homens já tinham consciencia da sua participação na concepção. Eles apenas amavam a mulher e a Deusa porque havia justiça e integridade e os recursos e riquezas eram usados em prol da comunidade e mesmo na arte não hvia nomes dos artitas,denotando uma forte falta de egoismo.

Não vamos voltar a uma instuição matriarcal, claro e tão pouco poderemos continuar com o atual patriarcado, que tem sido o mal de toda a nossa sociedade.

Como disse Riane em seu livro ( O Cálice e a Espada) precisamos mudar a direção da nossa perpectiva atual de dominação para uma de parceria.
Por isso ela propos o termo gilania como sendo mais adequado sendo que "gino" e mulher e "an" e homem e o "l" os une e os ata como eram nas sociedades antigas.Devemos sempre descartar a visão de dominação quando falamos em matriarcado porque não a nenhum indicio da existencia de que mulheres dominavam os homens.Nem tampouco os homens dominavam as mulheres, havia igualdade e a mulher era muito amada e louvada apenas isso. E tambem havia o sagrado masculino que se unia ao sagrado feminino.Nos tempos da deusa seres humanos eram todos filhos da Grande ãe e não eram separados em generos como hoje.

Portanto uma sociedade de gilanica é o que realmente precisamos, mas primeiro a mulher deverá unir se por dentro (as partes cingidas pelo patriarcadpo: sexualidade e espiritualidade) e reconquistar o carinho e admiração e a união feminina.Os homens tambem farão esse processo mas as mulhere, portandora da Voz da Deusa, é quem deve inicia lo.

Nana Odara disse...

Eu adoro esse texto de Natália... pq ele resume de forma tão simples tudo isso... MATRISMO... quero ver se ainda descubro mais coisas dela antes de me mudar...

e Gaia, concordo com vc...

mas é apenas a etimologia da palavra q incomoda os puristas, ja q as palavras patriarcado e matriarcado significariam o mesmo modelo de dominação, um pelos homens e o outro pelas mulheres...

mas como yo no soy pura nem purista, compreendo q a verdade dos fatos é q importa, e nas sociedades chefiadas por mulheres, com essa consciência da mulher sagrada e sem amor romântico e principe encantado, não havia dominação... a propria biblia reconhece isso qdo se refere ao jardim do Eden... kkkkkkkkkkk...

aliás, nem tarda muito... falta mesmo consciência às mulheres... pq poder elas ja vão tendo... 53% das familias brasileiras são monoparentais e chefiadas por mulheres... isso é só um exemplo de como as mulheres estão assumindo o comando nas micro-celulas... afinal, a revolução vem das bases né...

temos de matar o principe e mostrar o sapo, acordar a cinderela adormecida e nos livrar desse encosto do amor romantico... esse é o principal motivo da cegueira feminina em relação ao seu proprio poder e principalmente à sua responsabilidade na mudança do modelo social, para o matrismo de q fala Natalia Correia...