O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, abril 26, 2010

A MULHER E A MÃE AVILTADAS PELO SISTEMA PATRIARCAL


O QUE ESTE HOMEM REPRESENTA:
A CEGUEIRA COLECTIVA…
-A BÍBLIA CONSENTE E DIFUNDE AINDA NOS SEUS “TEXTOS SAGRADOS” A VIOLÊNCIA E A VIOLAÇÃO DA MULHER E DA CRIANÇA.
Sabemos hoje que muitos textos bíblicos foram proibidos pela Igreja e cortados dos Evangelhos, no que diz respeito a uma maior clareza do seu sentido místico ou esotérico, mas no que concerne à violência, ao abuso e à violação da mulher, como veremos no trecho que se segue abaixo, nada cortaram por acharem admissível e natural que assim fosse e porque até lhes convinha que assim continuasse a ser e disso temos agora do abuso de crianças as provas globais reveladas mundialmente, uma vez que a violação e abuso das mulheres, crianças ou jovens, sempre foi consentido, omitido e considerado natural.

É dentro deste “espírito” e difundida pela “palavra sagrada” que os homens da Igreja mantêm há séculos esta “moral” e se regem ainda consciente ou inconscientemente todos os homens dentro do Sistema religioso e patriarcal. Eles não julgam a violação das mulheres como um mal…nem o abuso das crianças como uma imoralidade…

Eles formam-se na leitura diária de um livro que está repleto de exemplos de violação, abuso e violência sobre os mais fracos, nomeadamente a mulher, em defesa dos seus dogmas e dos seus interesses seculares… Já não se trata apenas do que eles fizeram ao longo dos séculos mas do que está ESCRITO e é considerado sagrado pelos católicos de todo o mundo.


As pessoas ainda hoje lêem a Bíblia e estão tão cegas que não conseguem pensar sobre os factos monstruosos aí narrados. Elas foram e são de tal forma manipuladas e mantidas na ignorância pelo medo do “pecado” – ódio à mulher - e do seu “deus e diabo”, os parceiros desta diabólica descrição, que não conseguem raciocinar nem pensar por si próprios diante de tamanhas aberrações.


Como nos narra Riane Eisler em “O CÁLICE E A ESPADA” vimos como os Sistemas tornam as pessoas incapazes de ler o que efectivamente está escrito…

"Assim, através do processo de replicação de sistemas agora descoberto por cientistas como Vilmos Csanyi, milhões de pessoas ainda hoje se mostram incapazes de perceber o que a literatura sagrada de fato afirma, e como essa literatura funciona de maneira a manter os limites que nos mantêm aprisionados em um sistema dominador. Talvez o exemplo mais notável dessa cegueira induzida pelos sistemas esteja na forma como o texto bíblico se refere à violação.
No Livro dos Juízes, capítulo 19, os sacerdotes que escreveram a Bíblia nos falam de um pai que oferece a sua filha virgem a um grupo de bêbados. Ele tem um convidado em casa, um homem da tribo dos levitas, de alta casta. Um bando de desordeiros da tribo de Benjamin exige que ele saia, aparentemente com a intenção de surrá-lo.
"Olhai", fala o pai para a turba, "eis aqui minha filha, uma donzela, e sua concubina (do hóspede); trago-a agora até vós, e degradai-a, e fazei com ela o que vos parecer adequado, mas a este homem não façais tal vileza."


Isso nos chega de passagem, como questão de pequena importância. Em seguida, com o continuar da história, sabemos como "o homem agarrou na sua concubina e a levou diante deles, e eles a conheceram e violaram-na a noite inteira, até o amanhecer"; a concubina voltou rastejando até a soleira da porta da casa onde o "seu senhor" dormia; este ao acordar foi "abrir a porta da casa, e ia sair para seguir o seu caminho", tropeçou então na mulher e ordenou:
"Levanta-te, sigamos o caminho"; e como por fim, descobriu que ela estava morta, ele carregou seu corpo às costas e foi para casa.
Em momento algum da narrativa dessa história brutal a respeito da traição da confiança de uma filha e uma amante e da violação e assassínio de uma mulher desamparada, percebemos a inexistência de qualquer vestígio de compaixão, e ainda menos de indignação moral ou ultraje. Contudo, ainda mais importante — e intrigante — é que a oferta do pai no sentido de sacrificar o que naquela época constituía o atributo mais valioso da sua própria filha, a sua virgindade, e possivelmente também da sua vida, não violava qualquer lei. Ainda mais intrigante é que as acções que previsivelmente levaram ao estupro, à tortura e ao assassinato, praticados pela turba, de uma mulher essencialmente esposa de um levita tampouco fossem consideradas fora da lei — e este é um livro repleto de prescrições e proscrições aparentemente intermináveis sobre o que é moral e legalmente certo e errado.

Em suma, é tão estreita a moralidade desse texto sagrado que apresenta de forma ostensiva a lei divina, que nele vemos que metade da humanidade podia ser entregue legalmente pelos próprios pais e maridos para ser violada, torturada ou morta, sem qualquer temor à punição — ou mesmo desaprovação moral.
Ainda mais brutal é a mensagem de uma história até hoje lida regularmente como parábola moral em congregações e classes de catecismo em todo o mundo ocidental: a famosa história de Lot, que, sozinho, foi poupado por Deus quando as cidades pecadoras e imorais de Sodoma e Gomorra foram destruídas. Aqui, mais uma vez segundo o Génese 19:8, com a mesma insensibilidade prosaica, no que aparentemente era costume ser difundido e socialmente aceite, Lot oferece as duas filhas virgens (provavelmente ainda crianças, pois naquela época as meninas casavam muito cedo) a uma turba que ameaçava dois convidados masculinos na casa. Mais uma vez, não há quaisquer traços de violação à lei ou qualquer expressão de indignação justiceira diante de tratamento tão anormal dispensado pelo pai às suas próprias filhas.
Muito ao contrário, como os dois hóspedes de Lot eram anjos enviados por Deus, enquanto o Senhor "fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo" por suas "perversões", Lot foi recompensado pelas suas... Só ele e a família foram poupados.

Segundo a perspectiva da teoria de transformação cultural, o que podemos depreender desses exemplos de moralidade bíblica e do sistema que buscava manter? Fica aqui muito claro que a moralidade que impõe a escravidão sexual feminina era imposta pelos homens de forma a satisfazer as exigências económicas de um sistema rigidamente masculino em que a propriedade era transmitida de pai para filho e os benefícios do trabalho de mulheres e crianças destinavam-se ao homem. Ela era também imposta a fim de satisfazer à exigência política e ideológica de que as realidades sociais da antiga ordem na qual as mulheres eram sexual, económica e politicamente livres, e na qual a Deusa era a deidade suprema, fossem inteiramente anuladas. Pois só através de tal anulação poderia ser mantida uma estrutura de poder baseada em rígidas categorias. Segundo vimos, não foi coincidência, em todo o mundo antigo, a imposição do domínio masculino como parte da mudança de uma forma de organização pacífica e igualitária da sociedade humana para uma ordem hierárquica e violenta governada por homens gananciosos e brutais. Tampouco é coincidência, considerando-se de uma perspectiva sistémica, as mulheres serem excluídas, no Antigo Testamento, de seus antigos papéis de sacerdotisas, a fim de que as leis religiosas que passaram a governar a sociedade fossem elaboradas unicamente pêlos homens. Não há coincidência tampouco nas árvores da sabedoria e da vida, outrora associadas ao culto da Deusa, serem apresentadas aqui como propriedade privada de uma deidade masculina suprema — simbolizando e legitimando o poder absoluto de vida e morte, das castas masculinas dominantes sobre a sociedade, bem como de todos os homens sobre as mulheres.”*

*
IN O CÁLICE E A ESPADA - Riane Eisler

3 comentários:

Nana Odara disse...

Tenho receio de abrir a minha boca e ser apedrejada até a morte...
Será q "eu" só existo virtualmente?
Beijos Bruxinha lindaaaaaaaa

rosaleonor disse...

qUE O MEDO não seja o factor dominante, para não nos deixarmos vencer pelos parasitas que nos consomem.Mas há que ter lucidez e ser atento e provocar a besta que anda a solta. Olhe bem à volta e veja antes de falar...ou fala para quem sabe que a escuta. Aí pode ser mais perigoso? Não sei. A Besta anda por todo op lado e a única coisa que a alimenta mesmo é o medo, por isso eu não tenho medo de morrer...isto é tudo uma ilusão...e a verdadeira vida é eterna.
abraço e desejo-lhe coragem e...sensatez também...não vale a pena ir meter-se na boca do lobo...

tudo de bom para si!!!
escreva sempre!

rleonor

rosaleonor disse...

...e NÂO provocar queria eu dizer!!!

rssssrsss...que erro!
rleonor