Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas
E entre os seios me apertes sem receio
(...)
José Régio
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O amor ofereceu-me o teu rosto absoluto...
FERNANDO PINTO DO AMARAL
(n. 1960)
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O amor ofereceu-me o teu rosto absoluto...
Esta noite morri muitas vezes, à espera de um sonho que viesse de repente e às escuras dançasse com a minha alma enquanto fosses tu a conduzir o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo, toda a espiral das horas que se erguessem no poço dos sentidos.
Quem és tu, promessa imaginária que me ensina a decifrar as intenções do vento, a música da chuva nas janelas sob o frio de Fevereiro? O amor ofereceu-me o teu rosto absoluto, projectou os teus olhos no meu céu e segreda-me agora uma palavra: o teu nome - essa última fala da última estrela quase a morrer pouco a pouco embebida no meu próprio sangue e o meu sangue à procura do teu coração.
(n. 1960)
1 comentário:
os poetas sempre souberam trovar bem. alguns poetas, porque muitos desses, é apenas uma fumaça na cortina. eles amam o ideal, se fecham nele e nem uma janela deixam aberta para a possibilidade de amar um amor imperfeito, e que não tem meses, estações.
por isso os sonhos são feitos de algodões para esses poetas idealistas.
às vezes desconfio, eu sempre desconfio (é um estigma que não consigo libertar-me) que os homens não sabem amar. eles apenas imitam um amor. as mulheres, elas apenas fogem de encontrar um amor que não dependa de nada. talvez elas não saibam como ir para dentro, sem ir para fora. habituadas a procurar o amor por fora, nos olhos do outro...
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