O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
quinta-feira, maio 19, 2011
MULHERES, MÃES E FILHAS E IRMÃS...
Às vezes penso nas nossas diferenças como mulheres, nas nossas diferentes idades e fases...nas nossas perspectivas de vida, nas nossas crenças, esperanças e sonhos. Cada uma de nós tão diferente à partida e tão igual no mais íntimo…no anseio de amor e partilha…
Olho a expressão do fundo da alma de cada uma e vejo o seu foco e o seu fogo…
E vejo agora todas as formas de cuidar e curar e querer transformar o mundo, ajudar e dar-se incondicionalmente ou muito intimamente a alguém que ainda se sonha ser a razão da vida…mas não…tenho pena mas não creio já que alguém nos ame ou nos faça sentir mais nós ou melhor na nossa pele…Nós só dependemos de nós para sermos…
A vida ensinou-me isto…não me permitiu a ilusão da fusão a dois…não me deixou cair na tentação de perseguir um amor romântico.
Não foi uma escolha minha mas um destino…e cada um queira ou não, vive o seu destino por mais que julgue que o contrarie. E eu vejo a vida assim…e talvez tenha lutado contra o que parecia irreversível na minha vida, mas das escolhas que fiz acabei sempre por voltar ao caminho que sabia me era destinado: ser uma pessoa só…mas encontrei nas encruzilhadas da minha vida, quando mais precisava, seres espantosos que me salvaram do sofrimento ou da dor ou ainda do que me parecia cruel abandono…e cruzando as almas os nossos caminhos, abraçamo-nos, rimos e choramos, partilhamos momentos inesquecíveis, outros dolorosos e depois, a breve trecho, cada qual seguiu sempre o seu caminho ou encontrou alguém com que sonhava…mas curioso, não era eu nunca quem procuravam…
Assim, passei ou passaram muitos seres, e também belas almas, no meu caminho, mas nunca nenhuma, ninguém… me encontrou a mim…nem eu encontrei a minha alma gémea ou irmã nesta Terra…
Sim, às vezes tenho ainda pena mas agora que estou a envelhecer a olhos vistos… sinto que me livraram de um mito e espero assim poder mergulhar inteiramente nesta realidade que sou para lá de mim, desta mente e deste corpo…mergulhar no infinito e nunca mais ter medo de ser só…
rlp
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6 comentários:
Rosa que texto tão belo, tão triste, tão sereno . diria feliz mas não é a palavra que quero dizer ..
Porque ter medo de estar só se toda a vida se vive só, mesmo com centenas de pessoas à volta . embora por vezes o vazio se preencha ...
Beijo
Maria Ramos
É tudo isso...mas neste mundo em que a separação do ser essencial da sua fonte e origem é uma realidade (ilusão) leva-nos sempre a esta sensação dolorosa de solidaõ...por masi que saibamos eque somos sós e tal como nascemos morremos sós...
Abraço e muito obrgigada por ter comentado.
rl
Texto sensível.
Lembrei-me de si ao postar hoje um texto sobre Safo..aliás coloquei um pequenos texto que me enviou há tempo creio.depois vi a sua mensagem...
Um grande abraço para si, e bem vindo...
rosa leonor
Leonor,
Estive a ler a sua divagação sobre a passagem dos anos, o que nos sucede, os sonhos e desapegos forçados. Essa solidão de estarmos sós. É verdade, em certa medida, mas não se pode estar só quem tem uma visão como a Senhora Leonor (Senhora, porque é uma senhora. Uma Mãe. Uma ROSA vermelha, muitas rosas vermelhas uterianas.) Entristeceu-me que tenha ousado pensar que ninguém a AMOU. Isso parece-me impossível. Foi AMADA, concerteza não conseguiu enxergar. Talvez fosse intensa demais, exigisse algo que não podiam comportar dentro de si. Concerteza que a procuraram por si, como pessoa que é, para que exprimisse o seu potencial. Foi AMADA sim. É AMADA ainda. Talvez quem a AMOU tivesse um destino e por isso partiu, e não foi por abandono e muito menos por outro alguém; talvez apenas por não conseguir espelhar/devolver o que aspirava ou não saber conciliar mundos ou fragmentou-se.
Eu amo muito, e nunca tive talento para o mostrar. Poucas vezes na vida não tive dores no peito. No dia em que, eu, AMAR sem dores no coração, serei livre. Diria que durante estes anos, a vida nunca me ofereceu alguém com quem pudesse serenar o coração. Daí, veja como a solidão pode ser feroz a partir deste ponto de vista, também.
Fico feliz, quando diz que a vida já a libertou do peso de uma imagem física. Espero daqui a muitos anos, poder dizer o mesmo com toda a simplicidade. Nessa altura, você já não estará cá, para poder dizer-lhe.
Gostaria que pensasse que houve quem a AMOU. Amou como pessoa. Talvez pense na Senhora muita vez.
Costumo dizer que a vida por vezes é ingrata. Há destinos muitos difíceis.
« As almas bonitas nunca perdem o brilho, podem é ficar difusas algumas vezes; mas sempre voltam a brilhar quando a desordem passar...»
Um beijo
Minha querida, a sua abordagem ao meu texto sensibilizou-me...e gostaria de lhe responder mais a fundo...assim que puder vou fazê-lo, talcvez ainda hoje. Obrigada pela sua ternura...abraço-a de todo o coração. rosa leonor
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