O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, julho 08, 2011

MORTE DA MUSA E DA POESIA NUMA VOZ INFAME

A ESCRITA COMO FORMA DE ALIENAR A MULHER E A  MANTER PRISIONEIRA NUM QUADRO DE RELAÇÕES DESTRUTIVAS E ABUSIVAS.


O NOVO escritor das mulheres…?

Só mulheres infantilizadas, alienadas, sem identidade, por isso promíscuas, sem centro, nem conhecimento de si mesmas, deixam-se seduzir por um travesti das palavras.

Um escritor que escreve para as mulheres e as transforma a todas em pegas e rameiras…reduzindo-as ao coito histérico de maneira quase épica, como se fosse esse o apogeu de toda a mulher, prisioneiras de sempre das suas pulsões sexuais.

Não é a criação de uma personagem demonizada, num determinado contexto, não, mas todos os textos do autor revelam o mesmo sentido de tornar a mulher sem “amor-próprio”, sem vontade própria…reduzida a um sexo alarvado…


E diz…entre outras tantas e incomensuráveis alarvidades, isto:

 “Sê uma rameira, uma prostituta, uma vadia, uma meretriz. Sê fácil para quem amas. Perdoa quem amas. Dá uma trancada no orgulho e dá uma trancada – ou várias – em quem amas. Não evites viver. Não evites, também, sofrer e fazer sofrer de novo, magoar e ser magoada de novo, chorar e ser chorada de novo. Não evites arriscar, não evites temer estar a ir longe demais. Não evites: não te evites. Porque é viver, e mais nada, que é inevitável.”*

 E ainda:

"Sê e diz e faz o que queres ser e dizer e fazer. Se te apetece abrir os braços a quem te magoou: abre; se te apetece abrir as pernas a quem te fez sofrer: abre; se te apetece enfiar a língua na boca de quem devias odiar: enfia. Despreza as desprezíveis leis do amor-próprio. O amor-próprio é uma treta. Só te amas se te sentires bem contigo. E só te sentes bem contigo se estiveres bem com tudo aquilo que és. E se amas quem amas só te sentes bem com tudo aquilo que és se te sentires bem com aquilo que amas. E quando se ama quase tudo (ou tudo) aquilo que és é aquilo que amas."*  


* De Pedro Chagas Freitas



Este texto demonstra:  “Uma falta de maturidade psicológica  extraordinária. Uma mulher que é mal tratada por um homem e que não consegue resistir ao impulso destrutivo de se abandonar de novo a alguém que a desrespeita, não se ama a si mesma. De facto, o sentimento de culpa, de desprezo por si mesma e enorme e vive como que 'armazenado' no seu corpo, algo que lhe corrói o espírito e o corpo.

 O que ele chama 'aquilo que és' e o impulso de auto-destruição do amor doentio que muitas mulheres sentem em relações destrutivas com homens, mas esse impulso nao é ' aquilo que és' mas a sombra não assumida e ignorada que deve ser reconhecida e integrada no todo. Obviamente, esse reconhecimento libertaria a mulher da sua dependência doentia do amor tóxico e levaria a um aumento da sua auto-estima. Este texto não fala do amor profundo e do abandono profundo de dois adultos que se respeitam e se amam mas sim do amor tóxico e doentio e esse tipo de amor aqui exaltado, mantém a mulher em relações abusivas."

 Sophia Duke



Aqui está um texto que se pretende libertador e que não passa de um amontoado de frustrações e de pulsões mal integradas. Representa tudo o que detesto, na dita "libertação sexual" à maneira das séries americanas “sex in the city” e outras. Gostaria de antemão frisar que não sou moralista em matéria de sexo e que cada um vive o sexo que quiser, desde que seja praticado em consciência e respeitando os parceiros.

Mas aqui, a meu ver, não se trata disso; Aqui não se trata sequer de desejo sexual, mas sim de pulsão. Na pulsão o outro é negado, não existe o ser nem o corpo, nem o desejo, nem o olhar. A pulsão é a antítese do amor consciente. Este é um texto perigoso, não só para a mulher mas para todos os adolescentes que o possam ler. Há nele uma palavra de ordem que é; vivam as vossas pulsões! E depois? Depois assistimos à violência nas escolas, depois assistimos a violações colectivas de miúdas, para só citar esses exemplos.

Anda no ar uma enorme irresponsabilidade dos adultos, de nós, ao proferirmos frases do género “sê quem és”, não te preocupes com os outros...Se é verdade que estes conceitos são libertadores para uma grande maioria de adultos nevróticos, também é verdade que podem ser verdadeiras fábricas de jovens egóticos e à deriva. Parece-me ser o caso deste aqui.

 Ana Vieira


O mais grave é que ele mistura a alma e o amor e o coração com  merda, ao mesmo tempo que fala de pureza e da grandeza de ser fodida, contra as convenções...faz uma mixórdia incrível com as palavras e os conceitos...desestrutura tudo, mas sempre à custa da mulher e em nome da criatividade onde toda a ética da linguagem e todo o sentido do profundo e do belo se perde...é como uma criança amorosa mas ordinária que diz tudo pela boca fora de forma vertiginosa e envolve a mulher de todas as maneiras...Um menino lindo a sorrir e a amar muito...na merda… mas com grande coração...etc. Ele faz com a linguagem o que geralmente os "homens" homossexuais fazem (e para isso  têm que “descer” à condição de "mulheres"), imitar as prostitutas...e engatar nas ruas e serem fodidos como pegas, pensam eles de que...este fá-lo na  escrita,  misturando nesta linguagem desenfreada O AMOR...e diz “ama-te a ti como tu és”...uma grande puta...é isso que ele diz ás mulheres diz como é que é suposto amar...  

 “Ama-me como se me fodesses e fode-me como se me  amasses”…

 Este é o novo evangelho do Chagas…O criativo por excelência…e ensina a escrever…

Todo este incrível enrolar das palavras e das mulheres...e fixando-se obsessivamente na puta, no sexo e na cama...faz-me crer que nele existe, sem dúvida, uma sombra de mulher - ele mesmo – e tal como os travestis...só que sendo intelectual e não diria muito "inteligente" mas esperto, prefere as palavras às vestes das mulheres, mas condena todas a rameiras e putas...é esse o padrão que ele tem de mulher...um menino da mamã que foi as putas forçado pelo pai?

E não podíamos nós também especular...acerca dos homens...como ele faz?


Ps. Peço desculpa de usar esta linguagem ordinária a ilustrar o tal escritor…


Eu posso ter a alma de um cavaleiro sonhador da Dama e da Rainha, da Mulher divina e da Deusa (que incluía a mulher sensual e livre e amante), posso querer elevar a mulher aos píncaros da Lua e torná-la uma fada, uma feiticeira, uma sacerdotisa…mas esse garoto tem uma pega na cabeça...ou algures e escuda-se dela...escreve para ela/ele...E tal como há os travestis que adoram vestir-se de putas e andar pelas ruas…  há os que se trasvestiam com a escrita...e transformam as mulheres todas nas rameiras que eles sonhariam ser...o pior é que as pobres adolescentes vão atrás deles e transformam-se nisso mesmo...(caso de uma garota de 16 anos fascinada com a frase: "ama-se como se me fodesses e fode-me como se me amasses" e como isto é literatura de lixo e já que andamos todos no LIXO...é o Lixo que triunfa.


Rosa Leonor Pedro

1 comentário:

Liana hc disse...

Pois é, conheço mulheres que se deixaram levar por essa suposta liberdade quando mais novas e hoje nenhuma está satisfeita com o rumo que sua vida amorosa tomou. Acho que existem mulheres, principalmente as jovens, que se deixam seduzir por este tipo de homem por causa da educação repressora que impera, e rivaliza com seus desejos mais internos de liberdade, aliada às mensagens confusas que se recebe (somos santas, somos putas, somos nada) num ambiente hipersexualizado. Quando vêem uma chance de mandar tudo 'pro inferno' e liberar toda essa energia doentia que se formou, acho que é como um alívio. Já que não instrumentalizamos mulheres para lidarem com tanto assédio e deturpação de sua moral feminina particular (seja ela qual for, para cada uma de nós) muitas tombam. O peso é grande demais para ombros que se enxergam frágeis. Não é difícil entender o apelo.
Homens assim tem um campo vasto de atuação enquanto houverem mulheres confusas e sobrecarregadas. Lembro de ter sido sondada e ter achado toda aquela conversa estranha a minha pessoa. Pagamos um preço muito alto por nos recusarmos a fazer esse papel, só que um preço maior ainda por fazê-lo.