O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 19, 2011

Sem ConSciência de si não há união...

A ENERGIA DE LILITH

AS DUAS MULHERES EM NÓS...

Sem dúvida que a energia de Lilth é destabilizadora ou desencadea emoções fortes e subversivas... A mulher que não estiver minimamente preparada para a olhar nos olhos e sentir a sua falsa segurança interior abalada, e porque Lilith mexe nas entranhas mais profundas da mulher e dos seus medos, é capaz de se sentir muito mal na sua pele e até possuída do "diabo" e a breve trecho vai até associá-la a um demónio e ao vampirismo...
Se Lilith porém se revelar à própria mulher em sonhos ou de forma numinosa, ou de uma forma consciente, na busca de si mesma, é mais fácil integrá-la, mas se ela se manifestar através de outra mulher como uma força alheia a si, e isso pode acontecer nas relações comuns das mulheres de forma inesperada, e se neste caso se manifestar de forma intensa na relação com a "outra" mulher que é ainda a potencial rival ou inimiga, a que lhe espelha-revela esse poder, torna-se a seus olhos efectivamente uma força demoniaca... E então temos duas vítimas...a que espelha e a que se sente espelhada que passa a agredir a primeira...como culpada do mal que se sente, da desordem dos seus sentimentos e emoções profundas que vem a superfície de forma caótica, o que a leva a condenar a outra mulher - como toda a história o indica - a vampira e demónio...Isso ainda acontece no nosso tempo, nos nossos dias, apesar de tantos séculos e numa cultura que se pretende moderna e civilizada. A mulher comum continua a reflectir sobre “a outra” mulher as mais arcaicas impressões de inveja e ciúme, raiva e ódio, quando se sente ameaçada perante aquela que lhe sugere ou espelha o que ela não tem consciencializado, seja a nível da sua sexualidade seja a nível das suas ambições ou do seu ego…

Há realmente duas formas de Lilith se manifestar na sua natureza indómita e selvagem: enquanto mulher mais jovem que a vive e representa pela sua sensualidade e pelo  seu corpo ou pela  sua ousadia e mais ainda  se for  bela, e na mulher mais velha quando esta a encarna depois da  menopausa, como energia  irradiante e só por si demolidora de forças obscuras e neste caso Lilith  pode ao ser evocada,  pode manifestar-se já não através do corpo ou da sexualidade, mas da emoção e do Saber...na Mulher Mais Velha, Aquela que Sabe… (atrevo-me a dizer como eu...e malgré moi)… Quando isso acontece, em ambos os casos, quer na mulher nova quer na mulher velha, estas mulheres Liliths são expostas a esse ódio antigo, registo celular, e vítimas de perseguição (como no caso famoso das “bruxas” condenadas às fogueiras da Inquisição e denunciadas pelas outras mulheres) e hoje a nível social quem sabe mediático causado por todo esse medo arcaico ancestral que divide e separa as mulheres no mundo...

Isso acontece sempre regra geral quando a mulher cuja Lilith está adormecida e Lilith constitui uma boa parte da sua Sombra que não é apenas o seu lado "negativo" e recalcado, mas muito mais do que isso, podendo até sentirem-se atraídas por elas de forma sensual emocional ou sexual, porque é essa   a sua sombra, de forma não consciente claro, que lhe é espelhada  nessa energia, nessa paixão, nesse fogo, sendo a sua própria Lilith que se manifesta  porque também obviamente está dentro delas, mas logo elas recuam e vêm na outra mulher o Mal. Elas têm um medo pavoroso dessa sua parte em si ignorada desde sempre e estão tão tolhidas por ele, que  em vez de vencerem essa barreira da Sombra, da qual Lilith é a guardiã do Umbral, (tratando-se de uma primeira grande etapa a mais difícil do caminho da mulher para si mesma na descoberta do seu verdadeiro ser), e porque  isso implica verem muitas coisas de si negativas, quem sabe memórias ou experiências devastadoras de infância, abusos ou traumas, e como não querem encarar nem voltar a sentir coisas que nunca sentiram (até mesmo a atracção sexual ou emocional pela outra mulher) é então que esse trama antigo proveniente da cisão das mulheres, volta em forma de ódio e se transforma numa perseguição ou como dizia simplesmente numa fuga de si mesma...e num retrocesso na sua evolução.
Para mim, é como que uma prova de fogo na vida da mulher e ...se a mulher não o passar e passar pela outra mulher, aceitando-a ou mesmo amando-a, então temos mais uma inimiga para toda a vida..


Mulheres que iniciam a senda do feminino sagrado sem enfrentarem essa descida e que não tendo feito nenhum trabalho a nível da sua psique, sem uma consciência psicológica dos seus complexos e traumas, sem um qualquer trabalho interior, quando começam a entrar em contacto com a sua sombra sem nenhuma preparação, acabam por se sentir entrar como que no inferno...e a ver vampiros nas mulheres que lhes espelham o seu próprio poder ou fogo interior, sobretudo  frente a outra mulher que a tenha já integrada...e então ou fazem o movimento de fuga inconsciente ou a perseguição caluniosa e predatória é iniciada porque essas mulheres se sentem acossadas pelos seus fantasmas...mas têm de ter um bode expiatório...e esse é um dos maiores dramas das relações entre mulheres, face à sua necessidade de  evolução!!!


PORQUÊ A VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES
E O ÓDIO DAS MULHERES ÀS OUTRAS MULHERES...

A violência contra a mulher manifesta-se desde que a mulher foi destronada e a Deusa Mãe apagada do mundo, substituída pelo Deus pai... Isso aconteceu de forma progressiva em todo o planeta...com as invasões bárbaras primeiro e depois com o domínio dos homens, a sua religião patriarcal, a sua cultura misógina as suas leis descriminatórias e as suas armas. Dessa maneira a mulher perdeu paulatinamente o seu poder social e consequentemente também pessoal, mas perdeu principalmente não só a sua integridade como ser individual, como a sua profunda identidade e o facto de mesmo com uma suposta igualdade social dos dias de hoje a mulher não ter atingido a sua plenitude interior e poder pessoal foi porque ela não recuperou a sua verdadeira identidade.

E porque a mulher não sabe ainda de si nem do seu poder interior é e foi e continua a ser vitima disso...penso e esse é e foi e será o meu propósito continuar a tentar que a mulher se aperceba dele e tome consciência do seu valor em si e da sua divisão interna, nas duas mulheres que a parte feminina da humanidade se tornou...
Sem consciência dessa sua divisão tanto interna como externa, como sempre digo, essa violência vai continuar porque até é, como todas sabemos, a própria mulher quem a comete sobre si mesma e sobre as outras mulheres...
Eu sei que isto que acabei de dizer pode até ser chocante...mas continuo a afirmar que enquanto a mulher não deixar de ser vítima de si e perseguir como culpadas as outras mulheres ela será sempre perseguida...de uma forma ou outra...pelo predador...

A força da Mulher está na união das mulheres...mas sem essa ConSciência não há união nem empatia...isso já se viu bem no grupo (facebook) Mulheres & Deusas. Não é preciso ir mais longe...
As mulheres em vez de se amarem e aceitarem – o que não acontece sem se exporem a esse processo de consciencialização de si enquanto mulheres-mulheres - continuam a odiarem-se e a agredirem-se umas as outras, mesmo por palavras...e esse é o registo traumático que as mantém separadas e divididas dentro de si mesmas. Elas perdoam todas as ofensas e violências ao predador, mas nunca perdoam a outra mulher. Nem a uma irmã ou a mãe...
Vemos isso num qualquer filme entre irmãs, ou mesmo entre filhas e mães, só porque uma irmã foi ocasionalmente para a cama com o namorado desta... o ódio é infernal e demolidor... (são séries sobre séries, filmes sobre filmes, telenovelas, a explorar esse ódio ancestral da mulher à mulher...por causa do homem e não só...)
rlp

1 comentário:

Vânia disse...

Nao e nada facil encarar essa parte "demoniaca", que nada tem de demoniaco, dentro de nos. Tocar abordar trabalhar esses traumas passados e ate o estar consciente da nossa sexualidade nao e nada facil. Os media sao um "pessimo" exemplo pq atraves de filmes e seriados etc nos assistimos a guerras e disputas entre Mulheres, cujo objectivo do patriarcado e o de alimentar e estimular esse odio entre nos. Eu acho ridiculo e tenho pena das inimizades entre Mulheres. Mas enfim, ha que persistir ... Quando era miuda e me perguntavam o q queria de prendas de aniversario ou natal aos 4 anos de idade eu ja so pedia Paz no mundo. E isso comeca com a uniao amor compaixao entre nos. E Paz q almejo e so quando as Mulheres estiverem conscientes de si, e se "trabalharem" diariamente o mundo muda. Eu creio q ha uma Lilith em cada uma de nos. Umas sentem e sabem geri la, nas que nao a sabem ou nao a sentem pode ser desastroso. Beijinhos.