O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
segunda-feira, novembro 21, 2011
AS MULHERES DENTRO DA ESPIRITUALIDADE "NOVA ERA"
Queremos a Mulher, Senhora de si e não Dona de nada…
“Avatares, pregadores, profetas, gurus e budas são todos masculinos”...
(…)
Há quem pense que a "espiritualidade", só por si, pode trazer à mulher a libertação, mas quanto a mim isso não acontecerá se a mulher não se encontrar primeiro a ela mesma, e esse “ela mesma” não se refere ao mesmo propósito do homem quando procura ele também a sua essência, e isso confunde ambos. O que acontece é que a mulher viveu um apagão histórico, cultural e anímico e até físico, enquanto que o homem sempre conviveu naturalmente com o seu potencial embora afastado do seu lado feminino por não ter na mulher o seu espelho-reflexo. Obviamente saiu prejudicado, mas não foi amputado do seu masculino à partida como a mulher o foi do seu feminino.
Muita gente confunde esta questão e pretende partir de um pé de igualdade entre a mulher e homem quando assim não acontece. É como se numa corrida o homem corresse com as suas duas pernas e a mulher só uma…ela nunca ganharia a corrida nem a perna…É assim que eu vejo a mulher dentro da espiritualidade. Amputada da sua verdadeira identidade, a identificar-se com os processos do homem! Sim, porque os processos são diferentes e as funções também. Não se pode inverter os pólos neste caso. A mulher sendo iniciada por natureza, é ela que inicia o homem. Tal como o dá à Luz…duas vezes…o fará assim também no amor a dois. Foi este princípio que o patriarcalismo perverteu há séculos por medo da mulher ctónica. Um velho cisma ainda não resolvido e que só o será se a mulher o encarar como tal e então sim poderá tornar-se senhora de si! Senhora de si e não Dona de nada…
Para quem quer escamotear a questão alegue-se o óbvio: as mulheres foram de tal modo esvaziadas do seu ser profundo e em todos os sentidos durante milénios de história e religião que agora não conseguem olhar para o que foi a sua perda, a perda da sua identidade profunda da sua natureza intrínseca; elas não sabem como olhar para os confins dessa história apagada dos registos, em que deixaram de existir como seres autónomos porque foi também apagada a sua génese, ou simplesmente adulterada a sua missão de iniciadoras do amor; isso aconteceu quando elas deixaram de ser as sacerdotisa e livre e de amantes passaram a ser concubinas escravas ou esposas. O Sistema explora ainda essa condição em que escravizou a mulher ao seu belo prazer e interesses e a mulher real morreu, esqueceu-se de quem era… Mal nasce, a mulher é anulada na sua individualidade como menina para servir o homem e a sociedade…
Os filmes, os vídeos e a televisão, a publicidade em geral encarregaram-se de a continuar a alienar propagando o ódio e a violência contra as mulheres. Não é por acaso que elas são violadas e perseguidas ou afrontadas hoje até nas universidades, como o foram num país tão livre como o Brasil…ou continuam sendo queimadas na Índia e lapidadas no Iraque e no Irão.
Talvez nas últimas décadas essa mentalidade se tenha atenuado, mas o Sistema encontrou logo maneiras de a reprimir e impedir de adquirir uma verdadeira consciência de si mesma. Todos ou quase todos os métodos anticoncepcionais, pílulas, comprimidos anti-depressivos, as pílulas do dia seguinte, a negação da mensturação, as cesarianas e todas as formas de anular a vida instintiva e natural da mulher, servem para a sua anulação como pessoa actuando como uma forma de desgaste e destruição do corpo e da psique da mulher.
Sim, podem dizer-me ser hoje diferente quanto às novas gerações de mulheres, mas a mãe não tem referências dessa essência-mulher para dar à filha e ela amalga-se à cultura do homem e repete todos os erros das mães e é afinal mais uma espécie de "homem" pelos seus valores, mesmos os espirituais de onde ela foi igualmente excluída…
Por tudo isso há cada vez menos mulheres-mulheres, mas mais mulheres em tudo o que é "espiritual!
O DESPRESPEITO DA MULHER COMO SER ESTÁ INCLUSIVO NA LÍNGUA...
Isso acontece portanto na vida normal das sociedades a todos os níveis incluindo ou destacando-se no nível “espiritual” em que a mulher hoje em dia aparece em grande maioria no lugares e espaços de divulgação de alternativas, mas apenas de corpo presente, pois serve ainda e apenas para o homem como na idade média, na alquimia servia de "soror mistica", para o adepto atingir a iluminação, ou nos nossos dias, sem que ela seja verdadeiramente considerada de per se, nem na linguagem sequer, em que o Pai e o Mestre e o masculino é sempre a referência. Raramente a Deusa a Mãe ou a Shakti é referida...embora no Oriente a mulher não seja sexualmente minimizada, como a mulher é no ocidente, é-o socialmente ao contrária da mulher ocidental que socialmente tem algumas vantagens...
Os orientais não têm o sentido de pecado numa perspectiva de sexualidade pecaminosa, embora a mulher possa ser um obstáculo à castidade e à iluminação, nuns casos, porque noutros, o caso do tantrismo, é através da mulher e da deusa que o homem consegue a realização enquanto que no ocidente deu-se pura e simplesmente a total rejeição da mulher pelos místicos, padres e monges cristãos, para por si mesmos e pelo ascetismo atingirem essa libertação do mundo do qual fogem fugindo do pecado-mulher…
A mim contudo o que mais me choca são os espiritualistas “nova era”, a nova vaga, que respeitam muito as suas companheiras e discípulas e algumas mulheres que se destaquem no seu âmbito, no entanto, continuam a ver a mulher vulgar, as outras, como mulheres objecto e a divertir-se imenso com as anedotas sobre mulheres a sua imagem degradada pelos media e pelos homens em geral…Claro...continuam a fazer a separação das duas mulheres...umas são respeitáveis....outras não tanto...
(…)
(excerto de artigo )
ROSALEONORPEDRO
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1 comentário:
de alguma forma a mulher está sempre ligada à espiritualidade é claro! Por isso mesmo somos fortes o suficiente para não deixar que homem algum venha nos desrespeitar. É muito simples, temos nossa vida material mais temos a espiritual, e de alguma forma somos fortes o suficiente para que não sejamos derrubadas pelos homens, principalmente os machões. Somos protegidas por Deus, e merecemos todo respeito.
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