O respeito de si mesmo leva por vezes os indivíduos àquilo a que poderíamos chamar “abençoada cólera”, um movimento habitualmente associado ao aspecto sombra na Terra. Muitos de vocês imaginaram que era preciso ser só amor, paz e doçura para continuar numa via espiritual. Fazendo isto, esqueceram que o vosso lado mais colérico, mais afirmativo e o mais incisivo lhes permitiria em primeiro lugar ter amor para convosco mesmos, ou seja, que vocês são o ser mais importantes da vossa vida. Porque se não se respeitarem, não podem verdadeiramente respeitar os outros.
Respeitar-se a si não é uma incitação para impor a sua visão aos outros. É mais um convite para que várias realidades possam coabitar em paralelo, sem renunciar à sua essência e honrando igualmente a dos outros. Eis um equilíbrio muito nobre a onde se chegar.
A “abençoada cólera” é um elemento autorizado na encarnação. Em nome do amor as pessoas aceitam o inaceitável. E progressivamente, as liberdades individuais foram postas de lado em detrimento do equilíbrio da vida. Pouco a pouco os Seres renunciaram ao próprio fundamento da sua vida, segundo a qual cada expressão do Todo é soberano e livre nas suas escolhas. Este conceito foi tão mal amado no Planeta que trouxe a degradação de muitas formas de vida, que perderam a sua dignidade e o seu direito de existir. As formas minerais, vegetais, animais e humanas foram todas afectadas por esta situação.
O fogo é uma energia que traz equilíbrio aos Seres, convidando-os a a respeitar a vida em todas as suas facetas, pouco importando as formas. Se há uma só ordem a honrar na terra, essa é a de respeitar a vida e a liberdade de cada forma de expressão, pouco importa qual.
Por intermédio do vosso fogo interior, podem encontrar e aprender a vossa força e a do vosso poder.”
O COLECTIVO ASTHAR
(canalização no livro Transition – Redefinir a dualidade - Ariane
"A ABENÇOADA RAIVA"
O que eu achei soberbo neste pequeno trecho que vos traduzo é realmente a noção vital de recuperar a nossa “abençoada raiva” ...
E como dizia noutro meu texto acerca da necessidade das mulheres expressarem a sua raiva ou a sua cólera, porque as liberta, achei delicioso quando à noite ao ler este livro encontrei este texto.
É muito importante que se não perca o sentido do nosso poder interior, dessa força, do nosso fogo, da nossa expressão própria que é a da nossa dignidade como mulheres e não só claro, na expressão dos nossos sentimentos e que quando as coisas não correspondem à nossa verdade profunda não as podemos calar. Não é em nome da paz ou do amor ou do respeito do “outro” ou de um suposto caminho (deus ou mestre) que devemos abdicar do que sentimos e do respeito que devemos ter por nós mesmas.
Quando ontem dizia que muitos dos conceitos Nova Era são os mesmos preconceitos religiosos de sempre disfarçados de novos, em que realmente o ser humano se vê obrigado a manter uma atitude passiva e humilde ou não ousa dizer o que pensa e sente, temos que perceber que estamos no caminho errado.
Acho igualmente que muitas das teorias do “ser positivo” e olhar só “o lado bom das coisas” também pode ser uma armadilha a fim de não olharmos o lado que precisamos de facto olhar pela maneira preconceituosa como nos negamos a encarar a nossa sombra e a dos outros. Ora a sombra é indispensável para integrar os aspectos opostos da dualidade. E não é omitindo a sombra e não a querendo ver que saímos da dualidade e entramos no caminho do uno, com fizeram durante séculos os cristãos, sempre em oposição e antagonismo entre o bem e o mal sem nunca discernir que ambas os aspectos estão em cada indivíduo. O que eu acho é que muitas das novas teorias, terapias e canalizações nos incitam a uma aceitação e apatia ou mesmo a uma alienação idêntica à das velhas religiões.
E a prova que tive de que a minha intuição e reservas quanto a tudo isso estava certa foi de facto ter caído sobre estas palavras sábias que nos incitam a, primeiro que tudo, respeitar-nos a nós mesmas antes do que quer que seja pois de outra forma não podemos respeitar nem amar ninguém nem nada.
RLP (republicando)
7 comentários:
Concordo em absoluto. Também me causa desconforto a teoria de "olhar só para o lado bom das coisas". É de facto uma armadilha.
Cristina...
Continuo a seguir as suas considerações com o maior apreço e muias a vezes a divulgá-las (excertos) no facebook...com o seu endereço. Não sei ou presumo que não seja adepta e não o aconselho...mas enfim para divulgação dos meus trabalhos uso-o sem muito parcimónia...o que pode viciar. É bastante mediocre mas dá acesso a pessoas de forma instantânea...
obrigada por ter comentado.
rl
e...muitas vezes...
Olá Rosa Leonor
Na verdade, usando as suas palavras sou adepta que utilizemos “as coisas” que os outros escrevem e nos fazem sentido,- se reparar, são raros os meus post que não têm uma referência a outro autor. Não me parece que seja medíocre – poderia construir o blogue de outro modo – acho até que isso me engrandece a mim, e à divulgação da psicologia.
Agradeço a sua sinceridade
Cristina...espero que não tenha entendido que achei mediocre o seu blog...ou a forma generosa como diz citando outros autores, mas sim referia-me ao facebook como mediocre...é que de repente fiquei sem saber... Será que me expressei mal? Para mim o seu blog é uma excelente referência e a sua prestação impecável à psicologia e sem dúvida prestigiante.
Por favor assim que possível desfaça-me esta dúvida...pois jamais seria tão sincera ao ponto de ser capaz de dizer-lhe se achasse mediocre o seu trabalho - e que na verdade prezo e por isso o sigo...Também não quero cair agora na aparente lisonja, mas tenho sinceramente um grande apreço pela maneira como gere o seu trabalho, a sua sensatez a contrastar com o meu radicalismo.
rl
Olá Rosa Leonor
Ainda bem que esclarecemos o mal -entendido através do meu blog. Se tem apreço pela minha sensatez (contenção, talvez, justificada pelos temas que escolho e pelo modo como entendo o meio onde vivo) – como vê não tem muito de meritório - eu aprecio aquilo a que chama o seu radicalismo.
Fique bem.
Olá Cristina...sim, fiquei francamente aliviada pois sendo como sou radical muitas vezes suscito mal entendidos talvez devido a uma certa impulsividade da linguagem...
Mas não só aprecio o seu blog como preciso da sua contenção para equilibrar este meu radicalismo...assim, verifico com prazer que os extremos se tocam e equilibram.
Obrigada pela sua contenção sábia...
um abraço
rosa leonor
Enviar um comentário