Como se fosse aquele detergente que lava mais branco ou a pomada que
alivia toda a dor, estilo “banha da cobra”, que antigamente vendiam na rua os
vendedores ambulantes…só que agora é vendida em pastilhas em todos os ecrans de
televisão, revistas e jornais – beba coca-cola e é feliz, compre xanax e é
feliz, tome aspirina ou angel qualquer coisa e drma como os anjos, ou beba sagres e vem de prémio a boneca insuflável
dos seus sonhos ou carro e será feliz para sempre…
Felicidade…o que é que as pessoas chamam “felicidade”?
Aqueles estados passageiros e inesperados de contentamento? Aquelas fases
surpreendentes de entusiasmo perante algo que queremos e pensamos obter ou em
que tudo corre bem ou como projectamos? Aqueles dias super-felizes que passamos de férias em Palma de Maiorca ou
na Turquia e tudo correu muito às mil
maravilhas?…ou quando érams crianças e não pensávamos nos problemas?
O periodo em que estivemos casados
e pensavamos que era a mulher certa (ou o homem) e durou meia dúzia de anos ou alguns meses? Sim,
em que fomos muito felizes e parecia
para sempre como nos filmes? ou então, ironia quando nos divorciamos?
Chamamos felicidade ao desejo de consumar as nossas paixões, os nossos
sonhos e desejos, os mais ridículos e absurdos, até os menos dignos ou os mais
escabrosos, ou os desejos mais absurdos de alguém que não nos ama? Viver com
ela, curtir com ela, etc. etc.
A felicidade parece-se com aqueles romances ligth que se escreviam aos
montes nos anos 90? Quero ser feliz, “Sei lá” como…e farei tudo por isso…que até
mato o amnte da minha mulher se for preciso para a ter…
Será que ninguém se apercebe ou vê que “a felicidade” é um mito moderno?
Um mito que nos aliena de uma consciência de SER e buscar o verdadeiro
sentido da vida e de uma dimensão mais abramgente do nosso ser total?
A felicidade, dizia-me uma amiga, é um conceito relativamente novo na Europa…talvez
não mais velho do que um século; antes ninguém tinha direito a nada, senão os
ricos a aristrocacia e os reis…
Quem é que falava em felicidade no século dezanove ou no meio das guerras?
A ideia de felicidade veio com a industrialização com a tecnologia, com a
propaganda de um sonho qualquer de vida fácil
e materialista consumista de ter e ter e ter e mais nada…
Ninguém que pense, sim, ninguém que pensa, pode pensar na felicidade
assim como toda a gente…e andamos todos a confundir as coisas…pois todos
queremos vender o nosso produto, o nosso sonho e até a new-age…
Realmente eu farto-me de pensar e só vejo a felicidade aliada à grande
ignorância do que é um Ser Humano, ao sonho americano de consumo, (já falido), aos filmes de Hollywood, á grande máquina de propaganda de alienação
das criaturas em todo o planeta para melhor as iludir e as explorar. Como uma
nova religião, uma nova promessa de paraíso na terra, mas a prestações pagas ao
Banco…ou as férias depois da prisão do trabalho escravo para aliviar as tensões
acumuladas… as frustrações de um ano de vazio e sacrifício…para isso servem as
agências de turismo…
Digam-me de que felicidade é que falam quando acreditam que querem ser
felizes? Nem que seja por um dia…
Mas isso então não é felicidade ou pelo menos isso nada tem a ver com o
meu conceito de felicidade…
Felicidade?
Sim, o que é isso…Ó meu Deus!!! Será porque me formei e agora sou
engenheiro (no desemprego) ou médica e deputada? Será eu estar muito contente
porque me saiu o euromilhões ou comprei um carro novo uma casa de 5 assoalhadas
ou um palácio na Lapa? Não é isso que
nos vendem os Bancos ou venderam e que agora nos tiram as casas por não
pagarmos as prestações a juros?
Que felicidade é esta que os idealistas e os utópicos e os mais bem
intencionaos apregoam?
Diz-te lá tu de que felicidades falas quando falas em “ser feliz”…
Sim, diz-me… o que é que de efectivo e de durável e estável a garante
neste mundo?
A isso QUE BUSCAM vamos chamar-lhe outra coisa qualquer…
Eu pessoalmente diria como algures dizia F. Pessoa…”só me é permitido
ser feliz, sendo infeliz”…porque afinal EU sou consciente de mim e da realidade
que me cerca e já não compro os sonhos que me vendem…a minha “felicidade” só
pode depender de mim…e do meu coração e é para aí que eu vou…
Este texto pode parecer ter pouco a ver a ver com Mulheres & Deusas…mas
não…são as mulheres na verdade quem mais perseguem esse mito e graças a ele mais alienadas
estão de si mesmas… e é às mulheres a quem este Mito mais aprisiona aos estereótipos
que a publicidade de que ela é alvo, como a moda
e a estética, a cosmética etc. lhes vendem…
4 comentários:
Verdade, sim!
A felicidade verdadeira não é a felicidade rotulada pelos outros.
As pessoas inventaram até padrões para a felicidade.
Diria que a felicidade seria o contentamento, o sentimento de plenitude (pleno, inteiro), é Deus dentro de nós! Nada pode vir de fora, nada!
SEgurança? Que besteira! Isto não existe com algo fora de nós! Segure em algo e apegue-se (apego)
como você conceituaria a raiva? não a raiva contra o sistema machista, não a raiva 'justa' por assim dizer, de quando sofremos ou de quando a vida sofre uma injustiça, vendo vida como um conceito amplo. falo da raiva louca, aquela que nos pega quando alguém diz algo ofensivo, quando uma criança responde malcriada, quando alguém discorda da gente? você acredita que essa raiva que nos envenena é o que?
e sim, eu entendo bem essa postagem... felicidade no padrão atual é marido, casa, filhos, dinheiro, é se convencer de que é feliz. é uma felicidade externa, não interna... não é a felicidade de se conhecer, a felicidade de sofrer, a felicidade de ser dono de si mesmo, a felicidade de ser inteiro e entender que isso é muito melhor que ser 'padrão'. não sei expressar, mas sei que conheço isso... felicidade não é só feita de sorrisos.
Arielle eu entendo a raiva com expressão muito saudável e natural na mulher que tem consciência de tudo o que sofre e como é usada a todos os níveis pelos midia epelo consumismo da sua imagem e ainda sem dúvida ou principalemnte do sitema injusto em todos os aspectos da nossa humanidade.
A raiva pois é legitima...e hoje um dia que eu não sei porque a sinto exponencialemnte...
um grande abraço
falarei do assunto...
obrigada por ter comentado!
rl
Else...verdade...é isso que diz...mas a confusão das pessoas sobretudo da mulher em geral é enorme...ela persegue a felicidade adiando a sua própria vida...
abraço
rosa leonor
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