O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, abril 04, 2012

SERÁ FELICIDADE? OU MERA ILUSÃO




 A Felicidade…?


A palavra felicidade e o seu conceito é uma das palavras conceitos que mais me arrepia nos nossos dias e com a  qual sempre embirrei ou  lidei mal, sempre lhe reagi com estupor…pela forma volúvel e superficial ou mesmo insana como toda a gente a repete e a diz e presumivelmente a persegue…

Como se fosse aquele detergente que lava mais branco ou a pomada que alivia toda a dor, estilo “banha da cobra”, que antigamente vendiam na rua os vendedores ambulantes…só que agora é vendida em pastilhas em todos os ecrans de televisão, revistas e jornais – beba coca-cola e é feliz, compre xanax e é feliz, tome aspirina ou angel qualquer coisa e drma como os anjos, ou  beba sagres e vem de prémio a boneca insuflável dos seus sonhos ou carro e será feliz para sempre…

Felicidade…o que é que as pessoas chamam “felicidade”?

Aqueles estados passageiros e inesperados de contentamento? Aquelas fases surpreendentes de entusiasmo perante algo que queremos e pensamos obter ou em que tudo corre bem ou como projectamos? Aqueles dias super-felizes  que passamos de férias em Palma de Maiorca ou na Turquia e tudo correu muito  às mil maravilhas?…ou quando érams crianças e não pensávamos nos problemas?

O  periodo em que estivemos casados e pensavamos que era a mulher certa (ou o homem)  e durou meia dúzia de anos ou alguns meses? Sim, em que fomos muito felizes e  parecia para sempre como nos filmes? ou então, ironia  quando nos divorciamos?

Chamamos felicidade ao desejo de consumar as nossas paixões, os nossos sonhos e desejos, os mais ridículos e absurdos, até os menos dignos ou os mais escabrosos, ou os desejos mais absurdos de alguém que não nos ama? Viver com ela, curtir com ela, etc. etc.


O que são pessoas felizes?


… Digam-me lá o que é a felicidade para toda a gente que  agora até vem a ONU – essa cambada de cínicos políticos farsantes que pretendem preocupar-se com o mundo – falar do FIB? Da felicidade das pessoas? Da qualidade de vida das pessoas e do planeta… enquanto  põem fluor na água que bebemos para as atrofiar o cérebro? Sei lá…

A felicidade parece-se com aqueles romances ligth que se escreviam aos montes nos anos 90? Quero ser feliz, “Sei lá” como…e farei tudo por isso…que até mato o amnte da minha mulher se for preciso para a ter…

Será que ninguém se apercebe ou vê que “a felicidade” é um mito moderno?

Um mito que nos aliena de uma consciência de SER e buscar o verdadeiro sentido da vida e de uma dimensão mais abramgente do nosso ser total?

A felicidade, dizia-me uma amiga,  é um conceito relativamente novo na Europa…talvez não mais velho do que um século; antes ninguém tinha direito a nada, senão os ricos  a aristrocacia e os reis…

Quem é que falava em felicidade no século dezanove  ou no meio das guerras?

A ideia de felicidade veio com a industrialização com a tecnologia, com a propaganda de um  sonho qualquer de vida fácil e materialista consumista de ter e ter e ter e mais nada…

Ninguém que pense, sim, ninguém que pensa, pode pensar na felicidade assim como toda a gente…e andamos todos a confundir as coisas…pois todos queremos vender o nosso produto, o nosso sonho  e até a new-age…

Realmente eu farto-me de pensar e só vejo a felicidade aliada à grande ignorância do que é um Ser Humano, ao sonho americano de consumo, (já falido),  aos filmes de Hollywood,  á grande máquina de propaganda de alienação das criaturas em todo o planeta para melhor as iludir e as explorar. Como uma nova religião, uma nova promessa de paraíso na terra, mas a prestações pagas ao Banco…ou as férias depois da prisão do trabalho escravo para aliviar as tensões acumuladas… as frustrações de um ano de vazio e sacrifício…para isso servem as agências de turismo…

Digam-me de que felicidade é que falam quando acreditam que querem ser felizes? Nem que seja por um dia…

Mas isso então não é felicidade ou pelo menos isso nada tem a ver com o meu conceito de felicidade…

Felicidade?

Sim, o que é isso…Ó meu Deus!!! Será porque me formei e agora sou engenheiro (no desemprego) ou médica e deputada? Será eu estar muito contente porque me saiu o euromilhões ou comprei um carro novo uma casa de 5 assoalhadas ou  um palácio na Lapa? Não é isso que nos vendem os Bancos ou venderam e que agora nos tiram as casas por não pagarmos as prestações a juros?

Que felicidade é esta que os idealistas e os utópicos e os mais bem intencionaos apregoam?

Diz-te lá tu de que felicidades falas quando falas em “ser feliz”…

Sim, diz-me… o que é que de efectivo e de durável e estável a garante neste mundo?


PENSA BEM, SIM PENSA BEM PORQUE NADA, ABSOLUTAMENTE NADA NESTE MUNDO A GARANTE.

 Então chamem-lhe tudo o que quiserem, alegria-contentamento-satisfação- preenchimento-goso-prazer, etc.  mas não felicidade…porque felicidade para mim seria algo permanente, estável, duradoiro, sereno…que me apaziguaria completamente e redimensionaria a minha humanidade instável em algo de efectivo e permanente…sim, para mim “FELICIDADE” só pode ser Paz permanente,  AMOR  permanente…Consciência do meu SER em plenitude…e eu e tu urgentemente temos de discernir o que é permanente e estável, do instável, do mutável, do passageiro. Não, a FELICIDADE NUNCA PODERIA SER INSTÁVEL…mas algo de permanete e integrado dentro de nós mesmos e que não dependesse de nada exterior nem do outro/a, nem de nada…isso é para mim OUTRA felicidade…Agora não me falem mais DESSA felicidade…

A isso QUE BUSCAM vamos chamar-lhe outra coisa qualquer…

Eu pessoalmente diria como algures dizia F. Pessoa…”só me é permitido ser feliz, sendo infeliz”…porque afinal EU sou consciente de mim e da realidade que me cerca e já não compro os sonhos que me vendem…a minha “felicidade” só pode depender de mim…e do meu coração e é para aí que eu vou…

 Rosa leonor pedro
**

ADENDA

Este texto pode parecer ter pouco a ver a ver com Mulheres & Deusas…mas não…são as mulheres na verdade quem mais perseguem esse mito e graças a ele mais alienadas estão de si mesmas… e é às mulheres a quem este Mito mais aprisiona aos estereótipos que a publicidade de que ela é alvo, como  a  moda e a estética, a cosmética  etc. lhes vendem…

4 comentários:

Anónimo disse...

Verdade, sim!
A felicidade verdadeira não é a felicidade rotulada pelos outros.
As pessoas inventaram até padrões para a felicidade.
Diria que a felicidade seria o contentamento, o sentimento de plenitude (pleno, inteiro), é Deus dentro de nós! Nada pode vir de fora, nada!
SEgurança? Que besteira! Isto não existe com algo fora de nós! Segure em algo e apegue-se (apego)

Arielle disse...

como você conceituaria a raiva? não a raiva contra o sistema machista, não a raiva 'justa' por assim dizer, de quando sofremos ou de quando a vida sofre uma injustiça, vendo vida como um conceito amplo. falo da raiva louca, aquela que nos pega quando alguém diz algo ofensivo, quando uma criança responde malcriada, quando alguém discorda da gente? você acredita que essa raiva que nos envenena é o que?

e sim, eu entendo bem essa postagem... felicidade no padrão atual é marido, casa, filhos, dinheiro, é se convencer de que é feliz. é uma felicidade externa, não interna... não é a felicidade de se conhecer, a felicidade de sofrer, a felicidade de ser dono de si mesmo, a felicidade de ser inteiro e entender que isso é muito melhor que ser 'padrão'. não sei expressar, mas sei que conheço isso... felicidade não é só feita de sorrisos.

rosaleonor disse...

Arielle eu entendo a raiva com expressão muito saudável e natural na mulher que tem consciência de tudo o que sofre e como é usada a todos os níveis pelos midia epelo consumismo da sua imagem e ainda sem dúvida ou principalemnte do sitema injusto em todos os aspectos da nossa humanidade.
A raiva pois é legitima...e hoje um dia que eu não sei porque a sinto exponencialemnte...
um grande abraço

falarei do assunto...
obrigada por ter comentado!

rl

rosaleonor disse...

Else...verdade...é isso que diz...mas a confusão das pessoas sobretudo da mulher em geral é enorme...ela persegue a felicidade adiando a sua própria vida...
abraço

rosa leonor