- Porquê, perguntaram-me ontem, mulheres promissoras ou
famosas acabam se auto-destruindo por "amor" de um homem ao longo das
décadas?
- Porque a Igreja e a Religião, mas também a
Mitologia grego ou romana, votaram a mulher ao descrédito…essa é mentalidade
geral da cultura ocidental de origem patriarcal.
Seja Cassandra votada ao descrédito por Apolo na mitologia grega por
o não querer servir, mas à Deusa, tal como Lilith no Velho Testamento, é condenada aos
infernos por não se submeter a Adão…tal como hoje uma mulher que se queira
separar do marido ou divorciar ainda é morta por ele ou sofre violência doméstica…ou
se auto-destrói lentamente…
Mas sim, como é que mulheres
promissores sofrem de morte prematura, aparentemnte livres...ou mulheres famosas são suicidas…?Porque quase todas essas mulheres da ribalta, do teatro, do cinema, da televisão, da literatura e da arte em geral e da política não são mulheres reais…não são Mulheres integradas.
Elas buscam protagonismo, a fama ou o sucesso, mas vivem só
em função do homem e todas elas buscam avidamente o “amor” do outro como uma
fonte de compensação para o seu vazio como mulheres em si. Vivem em função dos estereótipos
e quase exclusivamente para agradar aos homens…Rara é a mulher que encontra em
si mesma o sentido da sua vida e é auto-suficiente… Ela está condicionada
social e psicologicamente para viver esse “amor” padrão…ter de renunciar quase
sempre a si mesma, à sua vontade e à sua verdade…ou por vezes à sua profissão e
poucas ou raras são as mulheres que sequer se apercebem dessa situação como se
fosse natural elas não terem vida própria nem sentido de vida em si e por si,
mas condenadas a viver só em função do marido amante ou filhos! A obedecer a
pais e maridos como há meio século ainda era regra geral e que de algum modo não
deixou de ser assim apesar das aparências nos enganarem…
O problema dessas mulheres, as de ontem como as de hoje, é o de todas as mulheres do Mundo, não só de Portugal, em que TODAS AS MULHERES FORAM FORMATADAS E CONDUZIDAS pela cultura patriarcal na história do príncipe que as desperta com um beijo e depois, a do magnata ou do chefe espiritual ou do marido ou do líder ou patrão ou o que seja essa projecção da mulher no "amor" e no homem salvador...para superar o seu vazio interior - esse esvaziamento de si que sofreu pela educação patrista e paternalista - cuja ideia angular é que só o homem a pode preencher ou um filho na sua barriga...e isso é igual, acontece com todas as mulheres na nossa sociedade, sejam pobres ou ricas famosas ou anónimas…daí a importância e a urgência da mulher ter uma nova consciência de si e da sua totalidade, do seu próprio valor como mulher e não pelo que representa para o homem e a sociedade e fazer a integração das duas mulheres divididas (a santa e a puta) e enfrentar essa parte de si que ela desconhece...ou recalcou e vive fragmentada há séculos.
A História desta história é velha como o mundo e não há nada
de novo...e enquanto a mulher viver em duas metades repartidas para servir o
Homem, seja em que plano da sociedade for, ela está votada não só ao descrédito
como a ser derrubada mal vá além do que
lhe é predestinado! Ela pode estar atrás de um “grande homem”, mas nunca à
frente…a não ser que se ponha à frente de si mesma e deixe de negar a sua
essência de mulher e Mãe, autónoma, fiel a sua linha matricial. A Mulher
Virgem…senhora de si, não por não ter sexualidade, mas por ser apenas autónoma.
Assim, mulheres promissoras ou fantásticas...intelectuais ou
cientistas, jornalistas ou escritoras, todas elas sofrem dessa
cisão...pertencem ao mundo dos homens e são dominadas por eles. Nada de novo...
esse é o machismo/patrismo totalmente inerente ao Sistema e que faz esta
sociedade doente porque anula as suas mulheres sempre e de alguma maneira...
Para mim o drama do mundo é muito e simplesmente devido a
falta de essência feminina na mulher, o Lado Feminino da Humanidade...
Por isso é urgente uma nova mulher nascer para si…Uma mulher
integral que ame sem se trair, que ame sem se vender, que ame sem se negar…que
ame em plena liberdade dando e recebendo em total reciprocidade e respeito como
é suposto serem todas as verdadeiras relações humanas.
rosaleonorpedro
2 comentários:
mesmo quando a mulher não se submete ao homem, sofre sob a sociedade (homens e mulheres).
Fui casada duas vezes e sofro um grande preconceito, tanto das casadas como das solteiras, assim como minha mãe também sofreu antes de mim.
somos odiadas e admiradas ao mesmo tempo por algo que está dentro de todas nós, porém algumas não deixam aflorar.
É verdade... e o pior é mesmo enquanto a mulher se deixa levar, enganada, muitas vezes a achar que age por amor... quando se apercebe que está a ser anulada já é um princípio para despertar... pois não é incomum, apenas num simples exemplo, quando a mulher, num relacionamento, não aceita um ponto dos muitos que o homem quer, ser chamada de egoísta!!!
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