“Uma margem de ilusão resta sempre para toda a vida em todos nós – e é o que nos permite o poder criativo e tempera os momentos de tristeza. Sem ela seríamos autómatos, robôs, máquinas pensantes, ficaríamos reduzidos a um pensamento operacional. Mas é igualmente necessário que o processo de desilusão nos conduza a uma razoável aceitação da realidade tal como ela é; de contrário, a frustração será sempre excessiva, traumática, patogénica – direi incontrolável e insuportável.
A aceitação da realidade é uma tarefa humana jamais acabada; mas que está na mira do comportamento lógico, adaptado, e do conhecimento científico."
António Coimbra de Matos O desespero Climepsi
Nostálgicos de um mundo sem tensões internas, sem conflitos com o outro, entregamo-nos à ilusão que a realidade, apesar de nos consumir, termina aqui, sem razão para a modificarmos.
Julgamos não saber como enfrentar o real, lidar com o incerto. Mas seria preciso nos entregarmos à desilusão, ao não distorcer os fatos, aceitando-os, e ajustando o conceito que temos de nós, a essa realidade, que a mesma se tornaria suportável, porque transformada para melhor.
Por Cristina Simões - in incalculável imperfeição
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