"Quando perdemos contato com a psique instintiva, vivemos num estado de destruição parcial, e as imagens e poderes que são naturais à mulher não têm condições de pleno desenvolvimento. Quando são cortados os vínculos de uma mulher com sua fonte de origem, ela fica esterilizada, e seus instintos e ciclos naturais são perdidos, em virtude de uma subordinação à cultura, ao intelecto ou ao ego — dela própria ou de outros. A Mulher Selvagem é a saúde para todas as mulheres. Sem ela, a psicologia feminina não faz sentido. Essa mulher não-domesticada é o protótipo de mulher... não importa a cultura, a época, a política, ela é sempre a mesma. Seus ciclos mudam, suas representações simbólicas mudam, mas na sua essência ela não muda. Ela é o que é; e é um ser inteiro." *
NãoSouEuéaOutra in Crónica de um Sonho Iminente
...durante muito tempo, e acho que, desde sempre nunca me interessei por este animal. nada me dizia. estive em contacto com eles na infância, era normal vê-los no cima de uma das minhas colinas. lembro-me dos seus olhos como duas lanternas. não havia problemas com eles, desde que não os assustássemos. eles vinham e partiam.
sempre li coisas, por aí, sobre a devoção ao lobo. continuei a ignorar e não dar importância. nunca me interessou ver vídeos ou documentários.
in NãoSouEuéaOutra
MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS
« Vieste ter comigo, vindo do nada. Nunca te tinha
encontrado na vida frente a frente no caminho, entre limiares, fronteiras,
mundos. Beijaste-me a face de repente num salto, com toda a ferocidade do
Universo e, disse-te para não me devorares. Olhei-te intensamente e nossos
olhos ficaram fixos um no outro. Pedi-te tanto. Tanto. Tanto que não
devorasses. Tinhas a tua boca toda abocanhada em mim, tudo em ti era feroz. No
meio de todo o assombro do terror, tu, Lobo, poupas-me, no mais profundo dos
meus silêncios, com o meu coração a gritar por compaixão!. Retiras o teu
focinho e fechas a boca. Deixas meu rosto inteiro. Olhas-me com uma calma,
perante o meu assombro de estar inteira. Fiquei ali, perguntando a mim mesma,
porque me poupaste??
Ficamos sentados a conversar.
Numa linguagem qualquer esquisita. De repente meus olhos transmutam-se. Mais
tarde, dei-me conta que estava à tua procura, mesmo sabendo de toda a tua
natureza selvagem... »NãoSouEuéaOutra in Crónica de um Sonho Iminente
...durante muito tempo, e acho que, desde sempre nunca me interessei por este animal. nada me dizia. estive em contacto com eles na infância, era normal vê-los no cima de uma das minhas colinas. lembro-me dos seus olhos como duas lanternas. não havia problemas com eles, desde que não os assustássemos. eles vinham e partiam.
sempre li coisas, por aí, sobre a devoção ao lobo. continuei a ignorar e não dar importância. nunca me interessou ver vídeos ou documentários.
certo é que há tempos
dei de caras com um... e a coisa mudou de figura.
"Chamo-a de Mulher Selvagem porque essas exalas
palavras, mulher e selvagem, criam llamar o tocar a Ia puerta, a batida dos
contos de fadas à porta da psique profunda da mulher. Llamar o tocar a Ia
puerta significa literalmente tocar o instrumento do nome para abrir uma porta.
Significa usar palavras para obter a abertura de uma passagem. Não importa a
cultura pela qual a mulher seja influenciada, ela compreende as palavras mulher
e selvagem intuitivamente. Quando as mulheres ouvem essas palavras, uma lembrança
muito antiga é accionada, voltando a ter vida. Trata-se da lembrança do nosso
parentesco absoluto, inegável e irrevogável com o feminino selvagem, um
relacionamento que pode ter se tornado espectral pela negligência, que pode ter
sido soterrado pelo excesso de domesticação, proscrito pela cultura que nos
cerca ou simplesmente não ser mais compreendido. Podemos ter-nos esquecido do
seu nome, podemos não atender quando ela chama o nosso; mas na nossa medula nós
a conhecemos e sentimos sua falta. Sabemos que ela nos pertence; bem como nós a
ela. Foi dentro desse relacionamento essencial, fundamental e básico que
nascemos e na nossa essência é dele que derivamos. O arquétipo da Mulher
Selvagem envolve o ser alfa matrilinear. Há ocasiões em que vivenciamos sua
presença, mesmo que transitoriamente, e ficamos loucas de vontade de continuar.
Para algumas mulheres, essa revitalizante “prova da natureza” ocorre durante a
gravidez, durante a amamentação..." *
** clariça pinkola estees
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