"O Princípio Feminino e o poder da Mulher vem agora para quebrar as cadeias de todas as rotinas e tiranias"
Há sempre uma enorme "décalage" (desfasamento, discrepância...) entre as questões espirituais
em geral e as questões da mulher na ESPIRITUALIDADE...e acertar ou clarificar o
seu papel nela é muito difícil nas diferentes tradições...nomeadamente as
cristã, hebraica e muçulmana, ou seja as religiões de origem judaico ou cristã.
Já todas nos apercebemos que o caminho espiritual que se diz
ser comum a todo o ser humano e dito
normativamente do Homem, não inclui de facto a mulher como um ser individual, nem
na sua nomenclatura, mas sempre e ainda como mãe pura e sacrificada ao filho e ao pai
ou então a pecadora, extraviada; ela é tradicionalmente oculta (e devia tapar o
rosto na igreja cristã)e sem direito ao púlpito ou a oficiar rituais...A ela
ficava e fica ainda entrega a limpeza ou os serviços de caridade...mas o
espantoso hoje é que as mulheres continuam a seguir esses modelos e pautam-se
por eles sem se diferenciarem das suas antepassadas submissas e ignoradas,
pelos homens em geral e pelo clero e quando não (as insubmissas) perseguidas ou dizimadas, ou queimadas nas
fogueiras como na inquisição...Acontece porém que aqui e ali começam já a surgir pequenos focos de insurreição feminina e que nada têm a ver com as antigas manifestações das feministas, nem das Femens ou das Marchas das Vadias - que mais não são do que focos de revolta e ignorância desse feminino sagrado e por isso destroem imagens de nossas senhoras e santas - mas sim de uma nova consciência do feminino sagrado, ancestral e original, o da verdadeira essência do feminino, em que a mulher se apercebe de que afinal ela é um individuo completo antes do mais e como tal não tem que ser aglutinada ao homem, nem depender dele para nada e nem precisa de copiar as suas práticas nem a sua linguagem, porque ela não é "igual" ao homem. Aí há quem defenda - ainda e quase sempre os homens - que a espiritualidade não se refere a sexos e que é igual para todos/as mas isso não é de todo verdade e cada vez mais isso se torna evidente para algumas mulheres...
A MULHER COMO MATRIZ E SUSTENTO
“As mulheres julgam muitas vezes que elas não servem senão
para gerar filhos e que nesses corpos se vêm fixar as almas. Mas não! As
mulheres são desde toda a eternidade a Matrizes e o Sustento de muitas outras
coisas. Elas são antes de tudo o mais, as reveladoras do Conhecimento. O
Princípio Feminino e o poder da Mulher vem agora para quebrar as cadeias de
todas as rotinas e tiranias. Esse poder fala da “curiosidade imaginativa”
sagrada e cria assim um espaço em constante expansão na Consciência da
Humanidade. É aí que se encontra o verdadeiro papel da Matriz. Ela gera e
alimenta “outra coisa” de “doutra
maneira” e é essencial e necessária para a Vida concluir a sua obra.”*
O GRANDE PAPEL A DESEMPENHAR PELA MULHER"É por isso que eu vos digo, é preciso que a mulher veja a Mulher que ELA É em si mesma e que o homem aceite nele próprio o seu lado feminino. O acordar deste mundo exige essa mutação! O Fogo feminino é um fogo da Terra, e reparem, se temos necessidade do Ar que vem do Céu, o inverso não se pode negar. Todos os que sabem ou entendem o que eu digo, veem que o Céu e a Terra se atraem um ao outro, que não existem independentes um do outro. Por isso é preciso que os homens aceitem este ensinamento e que as mulheres não temam mais desvelar a sua função...e só então o mundo entrará em metamorfose”.*
- A mulher já não tem como negar a sua individualidade nem um possível
caminho do qual ela é afinal a iniciada por natureza e também ela a iniciadora
do homem. Esse é um dos factores pouco conhecido e pouco mencionado. A mulher
não aparece nessas vias de culto ou de devoção religiosa senão na sua anulação
(as freiras) ou na negação do seu ser, porque na verdade a mulher não é
iniciável...é preciso negar, rejeitar e apagar a mulher da vista de todos, porque
afinal é ela que detém o poder de Mãe e a associação com a Natureza e assim o
homem nega-lhe um valor e uma natureza porque afinal a mulher é ela a iniciada
por natureza é ela a mãe e é nisso que se baseia o medo e o perigo que ela encarna para o
homem; ela não só o dá a luz como o inicia também ao amor da Deusa que por sua
vez o religa à Terra e ao Céu e foi precisamente essa natureza iniciática da
mulher que lhe foi negada e é
completamente escamoteada nos nossos dias porque essa foi a verdadeira razão
que fez a sua exclusão e o o usurpar do seu papel pelos padres da igreja; assim
sendo eles excluíram a mulher de um papel fundamental como nos processos
iniciáticos da evolução da consciência (hemisfério direito) e a sua ligação com
as forças telúricas e do cosmos. Assim, poucas ou raras tradições incluem de
forma significativa a mulher e o seu poder. A única excepção que conheço é a védica
que em geral e à sua maneira, parte muito da grande importância das deusas ...e
é das cosmogonias que mais respeita a
Deusa na sua função Shakti e Kali...embora a mulher na India sofra dos mesmo ostracismo
e abuso.
Rosa Leonor Pedro
* Omissão involuntária do autor das citações..
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