"Em meio a intensas dores e desconforto de uma plástica de abdome para tirar a barriguinha que ficou mal na foto, uma mulher de meia-idade pensa na calça jeans e nos vestidos de malha que conseguirá usar depois de atravessar a via-crucis do pós-cirúrgico e das várias limitações à sua mobilidade nas primeiras semanas. Qual o verdadeiro sentido desse sofrimento auto-imposto?
O amor, o desejo, a ternura e a cumplicidade podem existir entre pessoas com corpos imperfeitos.
Ao contrário do que a mídia apregoa, quanto mais maduros homens emulheres, mais profundas se tornam suas relações, mais independente de estereótipos e mais prazerosas, de um prazer inabalável, se não fosse o bombardeio midiático de que avelhice é uma doença e não uma plenitude.
Para onde nos leva o capital/dinheiro? São inaceitáveis as marcas (e os marcos) do tempo no corpo? É imoral envelhecer?
O pior é que não é só o corpo que o capital/dinheiro destrói. Ele destrói também acapacidade de homens e mulheres de aprofundarem a sua relação com a realidade.
Destruir o corpo real e substituí-lo por um corpo de consumo é também substituir a “realidade real” por uma “realidade de consumo” que tende a destruir a própria espéciehumana (a partir do desequilíbrio climático pelo excesso de consumo).
Rose Marie Muraro, é escritora e editora, Patrona do Feminismo Brasileiro (Lei 11.261): rosemuraro@uol.com.br
2 comentários:
Me chamam de fria e desumana quando olho com naturalidade (não indiferença) doenças, velhice e morte. E tudo isto faz parte de nossa vida a partir do dia que nascemos, não entendo o que há de errado nisto.
Também a mim, por isso eu entendo-a muito bem... A verdadeira humanidade nada tem a ver com esse tipo de sentimentalismo...trata-se de consciência e respeito por todos os estados naturais como você diz...
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