O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, julho 01, 2013

SOFRIMENTO AUTO IMPOSTO

 
"Em meio a intensas dores e desconforto de uma plástica de abdome para tirar a barriguinha que ficou mal na foto, uma mulher de meia-idade pensa na calça jeans e nos vestidos de malha que conseguirá usar depois de atravessar a via-crucis do pós-cirúrgico e das várias limitações à sua mobilidade nas primeiras semanas. Qual o verdadeiro sentido desse sofrimento auto-imposto?

O amor, o desejo, a ternura e a cumplicidade podem existir entre pessoas com corpos imperfeitos.
Ao contrário do que a mídia apregoa, quanto mais maduros homens emulheres, mais profundas se tornam suas relações, mais independente de estereótipos e mais prazerosas, de um prazer inabalável, se não fosse o bombardeio midiático de que avelhice é uma doença e não uma plenitude.
Para onde nos leva o capital/dinheiro? São inaceitáveis as marcas (e os marcos) do tempo no corpo? É imoral envelhecer?

O pior é que não é só o corpo que o capital/dinheiro destrói. Ele destrói também acapacidade de homens e mulheres de aprofundarem a sua relação com a realidade.

Destruir o corpo real e substituí-lo por um corpo de consumo é também substituir a “realidade real” por uma “realidade de consumo” que tende a destruir a própria espéciehumana (a partir do desequilíbrio climático pelo excesso de consumo).



Rose Marie Muraro, é escritora e editora, Patrona do Feminismo Brasileiro (Lei 11.261): rosemuraro@uol.com.br

2 comentários:

Else disse...

Me chamam de fria e desumana quando olho com naturalidade (não indiferença) doenças, velhice e morte. E tudo isto faz parte de nossa vida a partir do dia que nascemos, não entendo o que há de errado nisto.

rosaleonor disse...

Também a mim, por isso eu entendo-a muito bem... A verdadeira humanidade nada tem a ver com esse tipo de sentimentalismo...trata-se de consciência e respeito por todos os estados naturais como você diz...