O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, setembro 08, 2013

AS DEUSAS SUPRIMIDAS

 
 
O QUE AS RELIGIÕES PATRIARCAIS CHAMAM DE "ABOMINAÇÕES"....A DEUSA E A MULHER...
 
DE ONDE NASCE A VISÃO ESQUIZOIDE DA PSICANÁLISE COM FREUD À CABEÇA?
 

Segundo Freud parece que os HOMENS BUSCAM E GIRAM A VOLTA de Deus e a  mulher GIRA À VOLTA DO HOMEM?
Aqui está resposta..
 
- A MULHER HISTÉRICA É A MULHER ANULADA PELOS PATRIARCAS: ELES QUISERAM INVERTER A HISTÓRIA e alterar as forças da Natureza concebendo eles próprios a mulher tal como Adão fez sair de si Eva (rejeitado por Lilith) tal como Zeus que ...engoliu a Deusa e fez nascer a filha Atena da sua perna ou cabeça...esta é a essência do patriarcalismo e da sua história invertida e da qual parte a psicanálise...
A ANULAÇÃO DA MULHER como SER individual que sem homem ou filho, não é nem vale nada ...reduzida a um zero...ou a demónios...

 
 
"Deuses/as suprimidos/as se transformam em demônios e, freqüentemente, são com esses demônios que logo defrontamos quando nos voltamos para nosso interior. Além disso, o poder que foi especialmente suprimido na principal arremetida de nossa tradição é aquele que na maior parte do mundo está representado na imagem da grande Deusa. Ela é chamada na Bíblia (II Reis, 23:13) de "a abominação". Mas as próprias... imagens dessa mesma Bíblia provêm de um contexto mitológico mais antigo no qual a Deusa era suprema. As imagens dela e das divindades da natureza, suas filhas, foram objeto de apropriação e transformadas de modo a se harmonizarem com uma tradição estrita e implacavelmente patriarcal, de orientação masculina, da qual todos os símbolos, conseqüentemente, foram colocados às avessas. Quem, por exemplo, deseja o amplexo de Abraão? Quem já ouviu falar de um homem dar nascimento a uma mulher, como Adão a Eva? Há em todo este símbolo a produção e o arquitetar falacioso de uma campanha deliberada de sedução, transferindo a mente e o coração do feminino para o masculino, isto é, das leis da natureza para as leis e interesses de uma tribo local. Além disso, como já sugeri, é certamente desconcertante a psique ter que reagir a imagens que expressam uma coisa para o coração e são apresentadas à mente programadas num outro significado oposto. Este paradoxo produz uma espécie de situação esquizóide e, sem dúvida, uma das principais razões para a prosperidade da psicanálise atualmente é essa confusão e esse curto-circuito das imagens simbólicas com as quais os sistemas conscientes e inconscientes de nossas mentes tiveram de ficar em contato.
Um infortúnio extra para a saúde de nossa civilização pode ser visto no próprio Dr. Freud, que foi seriamente infectado tanto quanto a Bíblia por aquilo que agora é chamado de chauvinismo masculino. O movimento feminista pode exercer uma importante influência neste caso, estendendo-se, inclusive, ao campo da simbologia religiosa. Entrementes, no rebanho cristão, foi decerto um grande triunfo para Maria o fato de a despeito da resistência da comunidade protestante bibliólatra — para a qual a mariolatria tem exatamente o mesmo significado que a "Abominação" tinha para Elias — ter sido ela capaz de avançar mais e mais para a órbita da genuína divindade. A assunção de Maria ao céu foi em 1950 declarada como dogma a ser objeto de crença como acontecimento histórico. Deve-se, ademais, considerar, a título de uma imagem para contemplação, sua coroação no céu. De fato, Maria é até encarada como co-salvadora, co-sofredora com seu Filho redentor da vida. A linha divisória aqui entre "veneração" e "culto" está se tornando cada vez menos fácil de ser definida. As regras do jogo estão mudando sensivelmente. Caso venham algum dia a ceder completamente, uma efetiva vitória terá sido granjeada sobre o provincialismo patriarcal de nosso passado (Extra ecclesiam nulla salus!) e a favor de um futuro mais amplamente humanizado, graças simplesmente a uma transformação dos símbolos essenciais através da imaginação mitológica redesperta e reativada de homens e mulheres nos nossos dias.

Joseph Campbell

1 comentário:

Else disse...

Sinceramente, acho PODRE ter que aprender esta teoria retrógrada e arcaica de Freud, em todos os sentidos.