O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, julho 01, 2014

Aquilo que pensamos extinto da sociedade moderna...



A MULHER E A SUA HISTÓRIA


"Durante mais de 300 anos, a mesma Europa que viu nascer a Idade Moderna e presenciou feitos como a conquista do Novo Mundo, a ascensão da burguesia comercial e o fim do domínio feudal, fez das fogueiras um instrumento de repressão e morte para milhares de mulheres condenadas por bruxaria." - Cadu Ladeira e Beth Leite


Aquilo que pensamos extinto da sociedade moderna, continua de algum modo latente no inconsciente da humanidade e quer os homens quer as mulheres vivem ainda com esses "fantasmas". E eles acabam por se manifestar de formas sofisticadas ou mesmo invisíveis...mas com o mesmo cunho de fanatismo e ódio...
Não é portanto na negação da violação e abuso das mulheres e meninas em todo o mundo ou na ocultação destas memórias que nos libertamos, mas enfrentando os nossos medos e atavismos e corrigindo os erros como que extraindo o verme da ignorância e o medo ancestral do oculto - aquilo que ainda não sabemos e aquilo que intencionalmente se branqueou!
As religiões patriarcais foram e são a forma mais desastrosa de contaminar pelo ódio, criando a separação dos sexos e todas as atrocidades seculares em nome de um credo... E em nome de um DEUS único dizimaram-se povos e civilizações, culturas e arte, referências de uma DEUSA, Mãe de toda a humanidade, primeira referência de amor; Uma Mulher que foi cindida em duas (a mãe e a prostituta) e cuja divisão originou para o próprio homem uma cisão da sua natureza: Sempre em luta contra o seu feminino o homem tem vindo a tornar-se um travesti em vez de integrar esse feminino no conhecimento da mulher verdadeira, quer em si mesmo quer fora de si. Por sua vez a mulher torna-se o travesti de um travesti que é a sua tentativa desesperada de corresponder ao ideal de mulher que o homem projecta dela e cada vez mais longe da sua essência MULHER. Por isso A Mulher está a tornar-se um ser em extinção... e o homem misógino por consequência da sua atitude histórica e religiosa, num onanista ou pedófilo... Na óbvia crise dos padres, está-lhes ainda impregnada na memória a ideia da mulher satânica e diabólica, Lilith que come  criancinhas ou  a BRUXA que atenta contra a sua castidade, enquanto que as crianças (da sua preferência) são os "anjinhos salvadores" que os levarão para o céu... O resultado dessa ignorância e divisão está à vista...
O mundo actual e a sua cultura é a consequência desta alienação e branqueamento da verdadeira MULHER, a Mulher  primordial e ancestral. 
É urgente que cada mulher se muna de um saber antigo e de um conhecimento inato, aliado a uma consciência de si mesma profunda, psíquica e ontológica,  que a defenda e salve deste ataque brutal histórico que agora se está a tornar cada vez mais letal em todas as frentes e de todas as formas subtis e vis, na "arte na cultura e na literatura"...no cinema e nas séries televisivas ou telenovelas em que a mulher é denigrida nas mais abjectas personagens e estereótipos ficando cada vez mais longe da sua verdadeira identidade...
rlp

Sem comentários: