O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, agosto 08, 2014

HOMEM - ACÇÃO - MULHER - EMOÇÃO?



A "SENSIBILIDADE GROSSEIRA" DOS HOMENS - a que ainda não evoluiu para um estado homogéneo"- ou a falta de sensibilidade (do lado feminino) no homem?


..."um homem heterossexual que só mantinha relações de amizade e de intimidade emocional, com homens, e com as mulheres, relações desprovidas de convívio e intimidade, mas reservando para elas, a componente sexual, e a sua vontade, não conseguida, de alterar esta condição. Podemos catalogá-lo como um individuo cindido, fragmentado, ou à luz da diferenciação emocional, um individuo que apresenta fixidez - sensibilidade grosseira - e que (ainda) não evoluiu para um estado homogéneo, maturo, socialmente mais ajustado e desenvolvido cognitivamente e emocionalmente - sensibilidade discriminada." - Cristina  Simões

O que esta observação me sugere...e traz à tona a minha ideia é que de facto entre homens e mulheres há um fosso emocional...ou por outra,  que entre os homens e as mulheres em geral não há uma troca emocional equivalente ...mas sim, um relacionalmente estritamente sexual; e que essa emocionalidade dada como uma suposta "sensibilidade" também não existe comumente entre homens...a não ser nos homossexuais, à partida...

Eu não estou a contrapor a minha ideia à da autora deste texto, aqui descontextualizado, mas que poderão ler na integra no poste anterior a este e totalmente independente deste. Eu apenas quero salientar que a cisão ou fragmentação não se dá no homem mas sim na mulher e que isso acaba por se reflectir nas relações entre homem e mulher e especialmente no casamento ou nas relações amorosas em geral.

Se partirmos do princípio que cada um dos sexos está condicionado por um comportamento estereotipado, tipo, "Mulher de Vénus e Homem de Marte", em que o homem luta e faz a guerra e não pode nem deve manifestar emoções, que são uma fraqueza por serem originalmente atribuídas à mulher e femininas na sua essência, Vénus, faz amor e também "protege"... assim, como se diz, que "um homem não chora", também ele não deve ter emoções...daí que seja e de acordo em parte com a sua natureza e o tipo de "sensibilidade grosseira", a masculina, então não há homogeneidade emocional entre homem e mulher.  Tendo a acção e objectividade de um lado, o homem, e do outro,  a passividade e subjectividade, a mulher,  como princípios - não se encontrando ambos com a outra parte de si não integrada (o feminino nos homens e o masculino nas mulheres), o que eu constato como facto e falando em geral,  é que o homem  também por princípio não expressa a suas emoções nas relações (dito isto grosso modo) e  daí não conseguir ser emocional tanto com as mulheres como com os outros homens, reservando entre si (homens) alguma intimidade cúmplice mas não baseada em sentimentos recíprocos, mas sim normalmente em afinidades de grupo predador/abusador das mulheres...e por isso estabelecerem relações  com as mulheres sem emoções porque elas são social e psicologicamente inferiores precisamente por não serem racionais nem logicas nas suas manifestações amorosas ...Os  homens não só  não as compreendem emocionalmente uma vez que as consideram - caprichosas, irracionais,  sentimentais em excesso, histéricas etc. - como não têm regra geral  paciência para esse tipo de manifestações. É evidente como em  tudo há as excepções...

Entender as ligações entre homens e mulheres nesta sociedade patriarcal, em que o imperativo do falo e da posse da mulher objecto, com o domínio de um sobre o outro, é fundamental para entendermos as respectivas psicologias assim como a psicologia do casal heterossexual, em que o fosso emocional é enorme e por isso mesmo as relações do casal são meramente sexuais, embora cultural e idealmente se pretenda hoje em dia uma igualdade de géneros - em que homens e mulheres são homogéneos na sua interecção, o que só seria possível  tendo ambos o seus lados feminino/masculino integrados - o que não é de todo o caso ainda! Sendo assim, não se pode considerar uma cisão no homem nem uma fragmentação porque a meu ver ele não tem nem partilha emoções (que são sempre uma vergonha para si) entre homens ...nem  com as mulheres...ou raramente...
Temos de ver sim e ter em conta que essa cisão/fragmentação de facto  corresponde a uma divisão da psique feminina em duas mulheres, dois estereótipos, uma "mulher frigida e pura" por um lado de forma estanque e do outro lado a outra "quente e impura"...(as Afrodites e as Héstias e Aquelas...) dividida a mulher na sua capacidade de ser sensual e maternal em simultâneo e  mantendo-a sempre presa a um dos lados do estereotipo de acordo com o papel que a sociedade e a lei lhe quer dar...Ora por comparação  o homem não é dividido em si na sua natureza intrínseca e identidade sexual e erótica como a mulher o é para dar lugar ao homem  sério e fiel...bem pelo contrário. Quantos mais mulheres o homem tem mais viril ele é, enquanto que a mulher se tiver mais de um homem é uma puta e uma devassa etc.mesmo que seja consensual a ideia de que ela é livre e poder ter amantes,  a dura realidade é que ela acaba por ser sempre punida pela família sociedade por isso ou mesmo  ser morta pelos maridos amantes e  companheiros...

Então como é que vamos sair deste impasse?

O que acontece de facto, é que enquanto não entendermos que homem e mulher são  diferentes e sendo opostos são complementares, ou enquanto se pretender uma pretensa igualdade de géneros não se pode ver que quem vive uma cisão em si e que a mutila de uma totalidade é a mulher e como elemento complementar do homem, ela está cindida em duas... então nem o homem nem a mulher poderão efectivamente ser um par ou o casal alquímico...
Daí que a enfase do que escrevo esteja posta quase exclusivamente na necessidade da mulher ter uma consciência de si e do seu feminino profundo, da sua ferida no amago de si mesma, para poder fazer a ligação à mulher original que desconhece - uma vez que nem enxerga a sua divisão em duas mulheres antagónicas dentro de si e sempre em luta  -  e  parte para a relação a dois sempre em desvantagem e presa dessa dicotomia (a quente e a fria, a boa e a má) - sem perceber que não fazendo sse trabalho consigo mesma o  par almejado nunca é alquímico e complementar, mas manco...uma metade mulher...que nunca sabe de que lado dela está...e é imprevisível, e se revela a curto ou longo prazo na relação como histérica e maníaca ou doente, bipolar, com uma neurose grave...disfunção da personalidade etc. Talvez um cancro na mama ou do útero do qual ela esteve toda a vida separada  ao fim e ao cabo.

rlp

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