O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, agosto 13, 2014

MORRER DE AMOR...

As pessoas morrem por causa da paixão.
As pessoas morrem por causa da paixão. Morrer de amor.

Isto pode ser entendido de tantos modos, pois a força da paixão é fonte para o bem e para o mal, é a árvore do conhecimento.

A paixão não é apenas fator desestrutarador do ego que conduz a deliciosas loucuras. É mais do que isto. É como disse Eliphas Levi: a vênus física é a morte travestida e mascarada de cortesã.

Se as pessoas fosse imortais não haveria a necessidade de paixão, pois o instinto sexual que conduz a reprodução da espécie deixaria de ter sentido. Perpetuar a espécie seria desnecessário.
Mas esta eternidade sem paixão não seria o inferno?

Ou o inferno é um nome para paixão frustrada?

A morte seria um preço justo pela paixão?

E quantas mortes a paixão frustrada provocou?

Viver eternamente ou abraçar à Vênus física?

Os filhos dos deuses não se enamoraram pelas mulheres da Terra? E isto não foi a queda dos anjos? O amor terreno é incompatível com o amor celeste? Quem pode conciliar em si o céu e a terra em tremenda alquimia?

Jesus morreu por causa da paixão, não só por Madalena, mas pela humanidade. Maria Madalena expressa a humanidade com todas as suas qualidades. Paixão sublime e paixão humana em cruz. Morte na cruz, símbolo da união entre o masculino e o feminino, entre o falo e o útero, a paixão crística, o caminho gnóstico.

Adão e Eva morreram por causa da sedução da serpente ao serem expulsos do paraíso por um deus que os impediu de provar da árvore da vida, geradora do fruto da eternidade. A partir daí eles geraram filhos e filhas e por isto que o primeiro livro chama-se gênese. Gênese da queda, da morte e da dor da separação. Gênese 3, três, a Imperatriz do Tarot, a geratriz.

A serpente é o símbolo clássico da libido, da força geradora, da energia criadora. Em sua forma de Ouroboros é o símbolo da eternidade. A serpente tentadora é também redentora, pois caímos por onde se pode subir. A paixão nos precipita e nos arrebata.

Aqui há mistério, há desafio, arcanos dentro de arcanos: Morte, Temperança e Diabo; 13, 14 e 15. 13 + 14 + 15 = 42 = 6. Os Amantes, os Enamorados, Adão e Eva diante da escolha entre o vício e a virtude, entre a serpente tentadora e a serpente redentora. Só a consciência unificadora da dualidade permite uma escolha precisa, equilibrada e vitoriosa, pois as duas serpentes são uma só força. Quem poderá compreender isto?
 
fernando augusto
in ROTA DO TAROT

Sem comentários: