Há quem me pense anti-feminista e há quem me julgue feminista ferranha...ou radical...Não sou uma coisa nem outra, por isso cito tantas vezes Ana Hatherly quando diz: "não sou feminista, sou antropologicamente lucida" ou como Natália Correia: "É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo."
Portanto eu não estou contra "O Feminismo" histórico e social - mas não aceito nem me identifico com o feminismo em geral e que hoje em dia se transformou numa bandeira de todas as mulheres que lutam por se afirmarem económica e socialmente ou em nome de igualdades sexuais, incluindo transexuais...e isso eu não entendo nem aceito porque o drama da sexualidade, seja do homem seja da mulher, tem todo a ver com a falta de identidade da Mulher, a sua divisão ou indefinição, e o peso de todos os estereótipos que ela carrega ou defende, mas sobretudos com a falta de respeito e dignidade da Mãe à partida!
A forma como a sociedade e os homens tratam a mulher e a mãe logo de inicio, e de origem, desclassificando-a e anulando a sua vontade e voz própria, quer por preconceitos religiosos quer por preconceitos científicos ou sociais, o facto é que esses conceitos são algo inerente ao sistema e à educação dos homens e crianças - tratar os meninos e as meninas de forma hierárquica...valorizando tudo o que é masculino e desvalorizando tudo - isto durante séculos - o que é feminino é a causa imediata de tantos distúrbios e complexos que geram confusão identitária - tanto nos homens como nas mulheres vivendo de acordo com ideias extremadas que os separam e distanciam - e daí a procura e justificação filosófica e psicológica de géneros, novos "sexos", intermédios, subprodutos de uma sociedade doente onde nem homem nem mulher se encontram no seu potencial genuíno e em que ninguém sabe ao certo quem é quem e agora querem resolver psicoses e neuroses ou narcisismos, complexos anais e outros, seja o de Édipo ou de Electra, assim como tantos outros dramas de identidade sexual...com teorias e filosofias estapafúrdias.
Portanto parece-me absolutamente ultrapassado o sentido de feminismo a que estamos habituadas e que se não sairmos deste impasse com uma nova saída para cima e não para baixo...digo, sem nos nivelarmos ao nível dos sexos apenas...mas a níveis bem mais altos de compreensão e empenho que para mim é e continua a ser a Consciência Psicológica e transcendente do Ser Mulher em si.
O feminismo quer queiramos quer não, é sempre e partida a contrapartida do machismo...é uma oposição ao machismo...vive em função e defesa dele...e isso não nos trouxe nada de profundo nem de libertário no sentido da nossa essência nem da nossa alma ou identidade!
O QUE DIZ UMA AMIGA:
"O feminismo (políticas para mulheres) é social como o matrismo (diga-se as filosofias e religiões da mãe) é para o espiritual. As duas atividades em pratica não podem ser isoladas para a vida que busca equilíbrio. A melhor luta de cada uma é a vivencia – seus atos correspondendo suas ideias – a escolha de seus instrumentos ou estratégias deve ser usado a favor e positivamente em pro de sua superação e não contra os caminhos distantes ou ideias não acreditáveis; isso é desgaste de energia. Vamos continuar a falar do lado sagrado de cada experiência mesmo que se torne quase impossível separar o lado social – porque no mais mínimo ato existe a influência sociocultural e o mais importante que nesse pequeno agir existe o perfume da nossa alma." L.I. L.
- Nesta perspectiva eu concordo com esta visão, mas eu não separo o social do sagrado (não religião que é negada pelas feministas em geral) como vivência como fazem efectivamente as feministas ou fizeram a partida sendo quase sempre (filosoficamente) marxistas - a ideologia politica que as anima directa ou indirectamente. Portanto para mim o que está em causa no feminismo é precisamente essa separação do sagrado da vida em si e que a mulher representa na base, alienando-se desses valores para os converter todos ao social e político. O ideal seria juntar as duas coisas...mas acontece que o Sistema todo, como Paradigma, seja comunista ou capitalista é sempre patriarcal e a o matrismo não existe na realidade ou então dá-se como um registo mítico, tendo sido negado e ocultado da história e a vida das mulheres. Assim qualquer luta das mulheres dentro deste Sistema é corrompido, desvirtuado e usado contra as mulheres a curto ou longo prazo. Quer isto dizer que eu não dou qualquer valor nem lugar ao Sistema que de si é sempre fomentador da divisão e exploração da mulher, quer como objecto sexual e reprodutor quer como objecto de trabalho e produção ao serviço da máquina. Não há duvida que o social/politico e o psicológico como produto cultural desta sociedade patrista influencia tudo na vida da mulher actual, mas o feminismo não muda nada ai...só lhe dá ou deu mais "liberdade" de sexo ou mais dinheiro; direito ao consumo directamente ligada a produção alienação do mundo materialista que tem como único propósito: produzir consumir e morrer; assim a mulher pode comprar carros casas e roupas, fazer operações plásticas etc. NÃO LHE DÁ CONSCIÊNCIA NENHUMA DO SER e essa consciência não implica uma vida espiritual dogmática como elas pensam, mas sim e apenas a CONSCIÊNCIA DO SAGRADDO EM NÓS, como seres vivos e cujo potencial dá vida e isso será sempre um Mistério e um Milagre - porque a ciência nuca irá dissecar nem entender nem explicar o Mistério da Vida nem da Mulher que a concebe. Por isso a Mulher era vista como Deusa Mãe.
Este Caminho da Mulher para si não se fará pelo intelecto, mas pela via do Coração inteligente - ligação às forças telúricas e ctónicas e união com o Céu e a Lua...sabendo pensar evidentemente. É uma coisa muito subtil; é um Germe de Vida que também gera a Consciência do Ser Mulher e esse despertar da Natureza intrínseca da mulher dá-lhe à acesso a essa fonte primordial que É a Mãe e a Deusa e...não, não entra aí a razão do clitóris nem qualquer outra razão nem entra na logica redutora do manuais académicos...
E no fim destas décadas de luta feminista o que eu contato é como as mulheres preferem ter a ilusão de serem emancipadas e livres à conta dessa programação ilusória em grande parte a terem consciência da sua realidade, que é viverem ainda sobrecarregas e exploradas em todos os meios e de todos os feitios...outras, as new age, preferem seguir o sha lá lá espiritual a enfrentarem a sua "inferioridade" e dependência de mestres e senhores...Umas fazem tudo em troca de poderes as outras de milagres...
E a conclusão é simples, como diz uma outra amiga: "Abdicar de uma igualdade fictícia que só escraviza mais a mulher mas que ao mesmo lhe dá a sensação de um ilusório poder, não é facil de desconstruir presentemente ...há muita ilusão em jogo e embora os estragos sejam mais que muitos, o medo de ser considerada fraca ou diferente ainda é muito grande..." Grimoire Marques
E a conclusão é simples, como diz uma outra amiga: "Abdicar de uma igualdade fictícia que só escraviza mais a mulher mas que ao mesmo lhe dá a sensação de um ilusório poder, não é facil de desconstruir presentemente ...há muita ilusão em jogo e embora os estragos sejam mais que muitos, o medo de ser considerada fraca ou diferente ainda é muito grande..." Grimoire Marques
rlp
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