O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, fevereiro 15, 2015

O AMOR ALQUÍMICO...



DIÁLOGO PROVÁVEL...


Arno Gruen - À procura de um amor que nunca existiu, insistimos vezes sem fim em esforçar-nos desesperadamente pela nossa auto-destruição.

Etienne Guillé - Eu não penso que para amar é preciso querer amar. Para amar é preciso Ter vontade de ir explorar com toda a lucidez todas as múltiplas facetas do amor tal como um diamante bruto, retirado ...com esforço da terra e no qual podemos imaginar múltiplos brilhos potenciais. Amar não é um dado imediato, directamente acessível, mesmo no caso da mágica paixão à primeira vista.
 
Arno Gruen - Pensamos que o amor se encontra precisamente onde não podemos obtê-lo. Assim revivemos a recusa sentida do passado e fornecemos a nós próprios a prova repetida de que não há nada para nós.

Etienne Guillé - No verdadeiro casal alquímico, nenhum dos dois componentes se nutre da “substância” do outro, substância tomada no sentido mais nobre do termo. Existe um prodigioso crescimento qualitativo das energias vibratórias do conjunto homem e mulher.
A satisfação das necessidades materiais mesmo não elementares não conduzirá nunca a progressos correspondentes da consciência. O inverso não é verdadeiro, ou seja, não é necessário privar as pessoas a todo o custo, fazê-las sofrer de qualquer modo, para as fazer evoluir, o que significaria que temos que adoptar um comportamento masoquista ou sádico. De facto, penso que existe no casal alquímico uma dinâmica subtil. Pode ser que eu tenha acesso melhor ao meu duplo descobrindo-o no olhar do outro, o olhar do outro desempenhando o papel de espelho para ver a outra face de minha dupla alquimica, e reciprocamente.

Arno Gruen - Se, um dia, o verdadeiro amor acabar por cruzar o nosso caminho, recusamo-lo pensando. "Quem havia de nos amar se somos tão imperfeitos."

Etienne Guillé - Amar é obra de cada instante que se constrói e se tece, com paciência e determinação, tacteando e duvidando, iluminado antecipadamente pelos raios de luz do diamante imaginado. O amor no sentido mais amplo do termo é uma busca contínua, incessante comparável nesse sentido à busca da Pedra Filosofal, com o adendo de que temos um companheiro ou companheira, que somos dois a fazer essa busca, e sabemos talvez melhor onde vamos do que estando sós! Trata-se de um verdadeiro processo de transcendência cujas consequências são múltiplas, principalmente transformações profundas e duráveis de cada um dos componentes do casal. Penso mesmo que esse estado ideal e final do casal alquímico, caracterizado pela fusão dos duplos, continua após a morte física. Mas atenção, eu não digo que tal resultado do casal alquímico seja verdadeiramente realizável.

(Conversa imaginária entre Arno Gruen e Etienne Guillé, baseada nos livros "A loucura da normalidade" e "O Homem entre o Céu e a Terra" - transcrito por Ananda Krishna Lila)

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