O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, abril 15, 2015

A MULHER VERDADEIRA...



"Ser mulher exige muita coragem e sacrifícios: sair da zona do conforto." - Else Sch

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A mulher foi ao longo da sua vida confundida com aspectos variados de uma natureza multifacetada e imperiosa que a mantém amarrada e contida nesses vários estereótipos que inundam o imaginário masculino; mas dela nada sabe porque nela foi calada a sua voz de dentro, a Voz do Útero, retida a Voz do Oráculo no inicio da nossa civilização grego ou romana, e patriarcal. E assim durante milénios impingiram-nos as faces da deusa Mãe, banida a Deusa da superfície da terra, com as mulheres todas à bulha por Zeus no Olimpo, como falsos arquétipos o que na verdade são apenas os aspectos que correspondem ao carácter da mulher nas suas diferentes fases ou aspectos da Deusa Mãe outrora Una, agora dividida pelas religiões patriarcais em geral, nomeadamente no ocidente pelo cristianismo que a dividiu na santa e na puta...a mãe imaculada e a pecadora ... 
Essa mulher, vitima desse branqueamento e ignorante do seu passado e identidade,  não consegue ser ou ver-se no seu “feminino” intrínseco, não tem ideia do que isso seja, e tudo o que diz e faz é em função da sua relação com o a Pai ou o filho, ou em função dos homens. Do seu (dele) discurso-fala-falo, a única forma de conhecimento a que tem acesso…dos seus psicanalistas, dos seus médicos, dos seus mentores e professores, do seu deus misógino e brutal… e se se lhes falar do seu próprio ser é como se não existisse…apenas são sexualmente...objectos de prazer ou procriação... produção e consumo... 
Elas são incapazes – e eu falo de mulheres de todos os tipos e regra geral -  não falo como é óbvios daquelas que se buscam num caminho próprio…e que hoje em dia fazem a diferença, mas daquelas mulheres que são a grande maioria e vivem completamente esquecidas de si, cumpridoras dos seus afazeres e obrigações de mães e esposas e filhas...
 
Essas mulheres não relacionam o amor que sentem com elas mesmas, como uma capacidade de se sentirem, de sentirem esse fogo interior que é a paixão do SER e da VIDA em essência, mas sim e quase sempre as mulheres pensam que esse fogo está associado apenas à sexualidade e amor pelo homem...que é o homem que as faz sentir assim e sem ele nada sentiriam; mas não é de todo assim. Essa é a minha experiência e de algumas mulheres que conheço...Porque esse amor vem essencialmente da natureza e da consciência de SER MULHER; pode parecer uma acepção talvez mística da vida...mas esse fogo está no coração ardente...na consciência do ser e na sua totalidade ainda e só como mulher, porque é essa a sua natureza intrínseca, ela é transcendente, isso é, mas é tão real como ela mesma...basta ligar-se ao seu coração e as suas entranhas, a esse todo que é a Mãe terra e respirar o céu...
Assim, o feminino essencial, o feminino na sua essência/beleza/sensualidade...é coisa que a mulher comum não sabe, ou pode até saber intelectualmente e imitar, numa imagem estereotipada da mulher sensual ou fatal, mas da essência em si, para lá de todos esses estereótipos, imitações e folclore, pouco ou nada sabe de si verdadeiramente. Porque essa essência Mulher é outra coisa, trata-se de uma  consciência ontológica do SER MULHER e trata-se essencialmente da Alma...da sua verdadeira identidade e isso só é possível na mulher integrada e não em nenhuma das metades ou fragmentos que todas pensamos que somos ou sejam as ...Afrodites, Atenas, Hestias ou aquelas...

Não, a Mulher Essência é muito mais do que isso. A Mulher Essência é Fogo puro, chama ardente...é paixão sublime, pode ser e é a Musa e a Dama, a Amazona e a Rainha, a Grande Mãe e a Deusa de todas as coisas...

Rosa Leonor Pedro
 
(excerto de texto)
foto - mizé jaconto

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