O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 21, 2015

DOS NOSSOS VÍCIOS...


Dos Vícios e da dor...


A formação humana tem bases nos vícios, nos hábitos, nas tradições, nos modelos e um enorme grupo de condições comportamentais que se repetem dia a dia dando importância ilusória como necessidade para a existência - para a vida. Quando dependo de um ato falso ou ilusório para fazer parte dos comportamentos comuns de humanos, é quando sei que a palavra e o sentido de liberdade não são do mesmo grupo, e é a quantidade de dependências que acumulei para dizer quem não sou. Enganaram-me e continuo a enganar-me, porém, como não existem modelos reais, voltamos a cair em novos vícios, criamos manias, criamos doenças; falhamo-nos, enganamo-nos; e enlouquecemos nessa busca minuciosa daquilo que é – existe.
As raízes dos vícios são como trepadeiras encravadas no corpo, sem dor é impossível, isso porque acreditamos que o tal vício faz parte do próprio corpo e retirar algo de nós, mesmo que ilusório, significa uma amputação; embora um vício a menos é uma carga a menos (mentira).
Os primeiros vícios começam na infância, na fase das perguntas, das duvidas respondidas em padrões instantâneos; somos vulneráveis, presas sem culpa na aquisição gratuita dos vícios. Aprender a falar é um habito necessário – porém, como falamos e para que falámos - demonstra o grau de dependência das ilusões e fraquezas.
Crescemos em tempo e espaço e descobrimos que nos mentiram e quem me mentiu também foi enganado e foi enganado porque a mentira esta escrita no livro, inventada e acreditada por outros viciosos. Disse tal vez por isso (na urgência de um descanso, procurando uma utopia que pudesse suportar todas as mentiras vividas mesmo lindas, mesmo boas) que o sono era a porta para a verdadeira realidade e o sonho era a mensagem codificada deste mundo ilusório.
Cresci cheirando a fumaça de cigarro dos meus pais (era o tabaco como um perfume de representação à sabedoria?); com 18 anos era “livre” para o que apetecer (dentro das regras) então fumei todos os cigarros que um corpo jovem pudesse, nunca parei, nem pensei, nem mesmo as informações e campanhas me motivaram – é um vicio a mais deste mundo. O corpo que sente o trato dado exclamou a falta de ar – o ar estava então abandonando a casa, as cadelas, as visitas, as lembranças, a coragem – o meu poder. Poder - fazer, de desintoxicar-me, todavia de outros hábitos, conceitos e falhas aprendidas. Confesso a covardia de fazer uso de outros vícios para combater o tabaco, há duas semanas faço uso de uma droga licita para combater outra droga licita e levo 2 dias sem fumar um só cigarro. Estou ansiosa, agoniada, e triste de ter feito de tantas mentiras as verdades do tempo. Quando superar o habito de fumar, não sou eu quem superou, tive que voltar a enganar o cérebro. Quando superar uma mentira é outra mentira que a substitui – aonde se deixa espaço, se criam vagas, essa é a sensação. A sensação da volta do ar, de sentir um peito cansado recebendo oxigênio matinal, meu corpo ontem se arrimou no sofá da sala, havia uma palpitação eufórica, a perna em leve câimbra e a falta de ar voltava como uma saudade; senti a existência (novamente) senti a existência de corpo e alma em alguns segundos de desprendimento, ânsia junto ao pensamento de: ainda não. (é difícil de relatar pelo certo medo lacrimoso que invade)... A razão volta e minha mãe divina (força inexplicável) me ensina na calma e penso: é assim que vai ser - dormindo aos poucos sem susto, quando já seja o suficiente neste âmbito, quando não dependa mais de nada e ninguém dependa de mim, quando essa dependência a tantos vícios não seja mais importante.
Do sagrado vim para um mundo viciado – para criar minha própria luz no escuro. Senti o ardor daquilo que não se nomeia, assim espero que o receba, com calma, se cair no pranto não se engane com a dor, você não esta sofrendo, você esta buscando, recriando o fogo dentro. Somos mulheres – somos benditas.

texto de LUX IRIS LUX
15:59 – hora Brasil.
Figura: fonte de internet.

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