O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, dezembro 06, 2016

AS VEZES FALO DO AMOR...


O AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER...


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

O amor que projectamos em alguém e alguém projecta em nos, além de sonho ou quimera, é um puro e doce engano que dura o que dura até percebermos que não amamos, que não nos ama ninguém, muito simplesmente, coisa que nunca aceitamos.
Ou será que amamos, mas como? Sofrendo...e esperando, desesperando ou fazendo sofrer, pedindo, exigindo, criticando, caluniando, julgando o outro que não corresponde as nossas expectativas e carências...às vezes violentando, matando - a violência conjugal...ah! eu amo-te tanto e tu não me amas como eu te amo...

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

Ou será que há outro Amor que não conhecemos, sim, ele esse Mito pode haver algures no firmamento e é isso que se pensa ser Deus...mas eu falo aqui só do que é humano, neste plano...Aquele que conhecemos e que se debate entre o amor ideal das escrituras e dos romances e histórias e a realidade concreta...que é não haver amor nesta humanidade e a nenhum nível que não seja idealizado. Basta olhar ao redor e ver com olhos de ver...

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Neste caso, o sofrimento quando se acha que se ama, o que quer que seja, é sempre a dor dessa impossibilidade, o amor de algo que queremos alcançar...porque ele nunca colmata essa carência e nem sequer mata o desejo... O Amor sempre foi a dor do impossível mas cuja ilusão adiamos para outro tempo outro par ideal, outro engano. Na verdade o que nos é permitido viver é apenas esse sofrimento misto de prazeres e dores, alegrias e tristezas, ilusões e desilusões, no fundo é isso que acontece ... e nunca a certeza ou o saciar dessa anseio; E isto nada tem a ver com sado-masoquismo.
Parece que ao fim de tantos anos descobri finalmente o que se passa de errado neste mundo...os seres humanos não sabem nem podem amar porque é algo que não faz parte da sua natureza humana. E algo que não faz parte integrante da sua realidade...

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?*

O que nos resta mesmo é como diz um Mestre: "Deixa a compaixão fazer nascer a verdadeira paixão"* - mas isso implica mestria e maturidade...e abandono de todas as expectativas e sonhos...o que só a velhice inclemente e impiedosa nos traz...
(...)
REPUBLICANDO
rlp
1*Luís de Camões

2* Prem Rawat

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