O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, novembro 18, 2020

pietá



Inclina o teu olhar sobre a pietá do teu colo vazio. Que desculpa vais dar, agora, por não florirem rosas?



maria sarmento


 

′′ O melhor que pode acontecer durante as turbulências do espírito é aprender. É a única coisa que nunca se perde. Pode-se envelhecer e tremer, anatomicamente falando; pode-se ficar vigilante nas noites ouvindo os sons  das nossas veias, pode ser que nos falte um único amor e pode-se ter  perdido dinheiro por causa de um monstro; pode-se ver o mundo que nos rodeia, devastado por loucos perigosos, ou saber que a nossa  honra foi pisada nos esgotos dos espíritos mais visuais. Só se pode fazer uma coisa em tais condições: aprender."


M. Yourcenar. Fontes II (Gallimard, 1999)

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