O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, agosto 08, 2021

"Há em todo o ser comum a necessidade...

"É justamento quando tudo parece ir de mal a pior que devemos fazer um esforço supremo de fé e saber que a Graça não falha." 

Mirra Alfassa, The Mother


Entrevistas da Mãe

De seu nome real, Mira Alfassa, Mãe, companheira de caminho  de Sri Aurobindo, deixou várias obras escritas, incluindo as famosas entrevistas que contêm tesouros de reflexões e podem constituir para alguns um guia da vida. Alguns textos (nem todos) encontraram em mim um certo eco emocional, incluindo o que eu ofereço abaixo.

 

"Há em todo o ser comum a necessidade, a necessidade (uma necessidade absoluta) de traduzir fisicamente o que ele sente e o que ele quer interiormente. Estas são as pessoas que eu considero anormais e incompletas que sempre querem escapar da vida para se realizarem. E, basicamente, estas são geralmente as naturezas fracas.
Mas aqueles que têm poder, força e uma espécie de equilíbrio saudável em si mesmos sentem uma necessidade absoluta de realizar materialmente sua realização espiritual; eles não apenas vão para as nuvens, ou para  mundos onde a forma já não existe. Eles precisam de sua consciência física, e até mesmo de seus corpos, para participar de sua experiência interior.

Agora, podemos dizer que a necessidade de adotar ou seguir, ou participar de uma religião, como a encontramos pronta é sim parte da natureza de "rebanho" no ser humano. A verdade seria que todos encontrassem a forma de adoração ou a adoração que é pessoal para si e que expressasse de forma espontânea e individual a sua própria relação com o Divino; essa seria a condição ideal.

Ao adotar uma religião porque nascemos nessa religião, ou porque se conhece pessoas que se ama e confia que praticam essa religião, ou porque, quando se vai para um lugar onde outros rezam e adoram, se sente auxiliado na oração e adoração, não é um sinal de natureza muito forte; Prefiro dizer que é sinal de fraqueza, ou em qualquer caso de falta de originalidade.
Mas querendo traduzir, nas formas de sua vida física, a aspiração interior e a adoração é bastante legítima, e é muito mais sincera do que aquela que se corta em duas, que vive uma vida física de uma forma completamente mecânica e comum e que, quando pode, quando tem tempo, ou quando canta para ele, se retira dentro de si mesmo, escapa da vida física e da consciência física e vai para as alturas, mais ou menos distante para encontrar suas alegrias espirituais. Aquele que tenta fazer de sua vida material a expressão de sua mais alta aspiração é certamente de um caráter mais nobre, mais vertical e mais sincero do que aquele que se a corta em duas e que diz que a vida exterior não tem importância e que nunca mudará e que deve ser aceite como ela é e que, em essência, é apenas a atitude interior que conta."

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